Prólogo

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Voltando à realidade

Está ok para mim, pois eu deixei passar

Não importa se é Chinatown ou em Riverside

Eu não tenho nenhuma razão

Eu deixei todas para trás

Eu estou em um estado mental nova-iorquino

Glee Cast – New York State of Mind



Lá estava eu no meu local favorito. O telhado.

O vento batia frio no meu rosto, parecia arder, mas eu não me importava. Ali parecia ser o único lugar onde eu conseguia colocar meus pensamentos em ordem, e no momento, isso era o que eu mais precisava.

Embrulhada no primeiro moletom mais grosso que encontrei no meu quarto, eu encarava as luzes do Centro Financeiro de Manhattan, bem como as estrelas acesas no céu, e relia o mesmo pensamento de novo e de novo na minha mente.

Como isso tudo foi acontecer comigo?

Primeiro, gravar aquele álbum que era sem dúvidas o meu favorito. Eu podia escutar as músicas sem parar, e sempre que eu me lembrava de ter estado no estúdio com o Phelipe me causava arrepios bons. Se eu tivesse que classificar as experiências que ele me causava, em uma escala de zero a dez, ele com certeza estaria em um onze.

Depois, a crítica amando o álbum e apontando nós dois como um casal. Nós não éramos, para o espanto de todo mundo. Será que não podíamos simplesmente ser amigos, colegas de trabalho? Provavelmente não. E, de certa forma, as músicas eram culpadas dos comentários. A maioria delas era romântica.

O show de lançamento do álbum com o Radio City Music Hall entupido. E no camarim, uma carta, um beijo, uma notícia, e mais uma vez, meu mundo virava ao contrário.

Não que esses acontecimentos tenham sido ruins: eu gostava de finalmente saber como o Guilherme se sentia em relação a tudo. Eu tinha raiva por ele não ter me contado tudo pessoalmente quando teve a chance, mas, mesmo assim, eu agora sabia. Mas não sabia o que fazer com tudo aquilo, por que logo em seguida o Phelipe me beijou.

E mais uma vez, isso não foi ruim. O Phelipe era o cara dos sonhos de praticamente toda menina. Ele era lindo, charmoso, com o sorriso mais lindo do mundo e ele não poupava esforços para me agradar. Mas o mais importante é que ele me respeitava e me admirava. Ele sempre se interessava genuinamente com o que eu tinha a dizer, e se preocupava com as minhas ideias e considerações. Ele sabia ser amigo, profissional e cavalheiro em cada momento. E isso fazia com que eu o admirasse cada vez mais.

Já o beijo... Sim, havia sido inesperado. Mas não havia sido ruim. Na verdade, tinha tudo para ser perfeito. Eu já estava em outra fase da minha vida, focando mais na minha carreira do que nunca. E após o meu último encontro com o Guilherme, a última coisa que eu queria era vê-lo de novo. Ou, caso o visse, com certeza seria com outros olhos. O Guilherme que eu cultivara no meu coração há tanto tempo estava prestes a sair de lá.

E é por isso que o beijo teria sido perfeito. Se eu não houvesse lido a carta.

Mas eu havia lido, e por isso, eu me encontrava no frio do telhado, com meus pensamentos zunindo ainda mais altos que o vento.

Ainda me lembrava das palavras da carta...

"Agora, eu vou parar de fingir que eu não parti o seu coração. Com carinho, saudade e muitos outros sentimentos"

Do sabor do beijo...

"Camila, eu quem tenho que agradecer. Se você não tivesse me convidado para cantar com você em Belo Horizonte, nada disso teria acontecido!"

E do empresário:

"Vão para casa e arrumem as malas... Em três meses vocês saem em turnê mundial. Mais uma vez, meus parabéns."

Eu nem havia começado a arrumar as malas.

Eu mal conseguia arrumar meus pensamentos. 

Um Amor, Um Café & Nova York 3Where stories live. Discover now