Capítulo 7 - Mundial(mente)

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Esta noite está vibrante, não a deixe ir

Estou perplexa, corando todo o caminho até em casa

Vou passar a eternidade me perguntando se você sabia

Que eu estava encantada em conhecê-lo

Enchanted – Taylor Swift


– A gente vai pra Paris! – O Pedro gritou.

– E para o Brasil de novo – comentei sorrindo.

– Argentina, México, Alemanha... – O Phelipe continuou citando

– Austrália – O Arthur completou.

– Ainda não acredito nisso – falei baixo.

– E ainda tem várias outras cidades! – O Arthur disse, ainda empolgado.

– Sim, pessoal – a Veronica disse, entrando na sala com o maior sorriso matinal que eu já havia visto. – Muitos países, muitas cidades lindas! Mas também, muita responsabilidade. Não pensem que é tão fácil assim.

– Veronica, não me faça desgostar de você – o Arthur brincou.

– Até parece né, Arthur – eu comentei. – Você já trabalha pesado pra me deixar bonita.

– Isso não deve ser esforço nenhum – o Phelipe comentou e eu corei.

– Engraçadinho, você – a Veronica brincou, cutucando os ombros do Phelipe. Eu sorri. – Vamos parar de conversa fiada e vamos trabalhar? Temos muito que fazer! Phelipe, o tecladista quer conversar com você sobre uns arranjos da sua parte solo. E Pedro, daqui a pouco preciso acertar alguns horários de agenda para marcar alguns voos pra você, Camila e Arthur. Montar um cronograma de turnê é bem mais difícil do que parece... Mas dará tudo certo.

– Tenho certeza que sim – o Arthur comentou. – Do jeito que o Pedro só pensa em trabalho, ele não vai dormir enquanto não tiver tudo nos eixos!

– Eu gosto assim – a Veronica respondeu com um sorriso. – Camila, eu deixei a pasta com alguns figurinos pra você ver se gosta em algum lugar lá do estúdio... – A porta do elevador abriu e seguimos o corredor – Vou encontrar e te passo. Arthur, você pode ajudar ela a escolher, se quiser.

Ele confirmou com a cabeça.

– Depois que você escolher, as roupas virão pra cá para você experimentar todas, ver se dá para se mexer direito no palco e tudo mais. As roupas tem que ser fáceis de colocar e tirar, não se esqueça. Arthur, auxilie ela nisso também. E ah, Camila – Ela continuou falando enquanto riscava sobre anotações em um bloquinho, provavelmente eliminando os avisos que ela estava nos passando. – O palco já está quase pronto. Eles já me mandaram algumas fotos, mas vou deixar tudo guardado de surpresa. Semana que vem, já vamos ensaiar lá.

Meu coração quase parou por um segundo. Parecia ter sido ontem quando terminei de rascunhar um palco que gostaria de ter e passei para ela. Na verdade, isso já tinha quase dois meses. Olhei para o Pedro com os olhos brilhando, sentindo que a qualquer minuto eu explodiria de felicidade.

– Vamos, gente? – Ouvi a voz da Veronica chamar quase no final do corredor. Seguimos animados atrás dela.

––

Os dias continuavam passando rápido, sempre recheados de muitos ensaios e compromissos. Minha rotina se resumia a estúdio-casa e vice-versa, sem pensar em mais nada. Não demorou muito até que a semana seguinte chegasse e fosse hora de ensaiarmos no palco já pronto e montado.

O Phelipe apareceu no galpão de manhã, e levou a Veronica, eu, o Pedro e o Arthur para o novo "estúdio" onde o palco estava. Mas o estúdio não era bem um estúdio, e sim, uma arena que tinha sido alugada exclusivamente para os últimos ensaios da turnê.

Quando entramos nos fundos da arena, meu coração já estava batendo a mil de tanta ansiedade, e cada corredor de caminhávamos ali dentro parecia um labirinto sem fim. Eram tantas paredes brancas, dutos de ar condicionado e placas com setas que eu já estava perdida, até que vi no fim de um corredor uma passagem e, além dela, vi arquibancadas. Era ali.

Acelerei o passo – quase correndo – com o trio atrás de mim. Quando as paredes do corredor ficaram para trás, meu pulmão falhou e quase engasguei. Parei onde eu estava e senti o Pedro e o Arthur se apoiando em mim. No final, não soube dizer quem estava apoiando quem. Ficamos assim por uns minutos, estáticos, até que a Veronica raspou a garganta atrás da gente. Olhei para ela, que tinha um sorriso satisfeito nos lábios. Os olhos do Phelipe brilhavam mais que os meus.

– Foi isso mesmo que você desenhou, Camila?

– Não... Isso é... Melhor.

Senti lágrimas querendo brotar nos meus olhos, mas o Pedro me abraçou antes. Depois, o Phelipe, o Arthur e por fim, a Verônica deu dois tapinhas no meu ombro.

– Gente, vamos chegar lá perto! Vamos subir, vamos testar tudo! – Ela falou, e eu só pude concordar.

O Phelipe apertou a minha mão, poucos segundos antes de correr pelo palco, e não pude deixar de imaginá-lo como uma criança, correndo em direção a um doce. Eu provavelmente estava do mesmo jeito.

O palco era lindo. E enorme! Uma coisa era vê-lo no papel, e discutir novas ideias e rabiscos. Outra era estar com ele pronto na minha frente, esperando para ser iluminado e encantado.

Tudo parecia de acordo com o projeto: havia uma passarela enorme, um telão ainda maior que imitava a silhuetas de prédios – a Times Square para ser mais exata – e muitas luzes ao redor de tudo. O chão era preto e brilhante, o que iria refletir as luzes, e tinha também o lugar reservado para a banda, que estava perfeitamente como eu havia desenhado: em níveis de diferentes tamanhos, para que todo mundo pudesse ser visto e para que pudessem também interagir com o show. Havia uma escada vermelha no meio de tudo, também imitando a que existe no meio da Times Square, e eu mal podia esperar para estrear aquilo tudo.

A Veronica nos levou pela lateral do palco – onde havia uma escada – e nós subimos quase correndo. Quando cheguei lá em cima, vi que além de tudo que eu havia desenhado estavam também alguns elevadores que seriam usados em diferentes momentos. Havia um em cada extremidade do palco, um no topo da escada e outro no fim da passarela.

Estar em cima do palco foi uma sensação única e arrepiante. Não havia mais ninguém na arena além de nós quatro e de alguns técnicos da montagem do palco. As arquibancadas estavam completamente vazias, mas dava pra imaginar umas dezoito mil pessoas ali – caso lotássemos –, assistindo ao show e brilhando com as luzes. Olhei para o Phelipe que parecia tão bobo quanto eu, e corri para abraçá-lo.

– Ainda não acredito nisso tudo. – Ele falou com a voz abafada por estar com o rosto no meu ombro.

– Nem eu – respondi sorrindo. Senti uma de suas mãos descendo pelo meu braço até encontrar a minha. Não esquivei.

– Daqui a alguns dias... – Ele se virou para que ficasse de frente para o vazio que seria preenchido por pessoas, e indicou para que eu fizesse o mesmo – nós vamos estar aqui, juntos, fazendo o que mais amamos. E se isso não é o melhor momento da minha vida... Eu não sei o que será. 

Um Amor, Um Café & Nova York 3Where stories live. Discover now