Juras

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No dia que meu pai morreu eu jurei pra mim mesmo que faria de tudo pela minha mãe.

No dia que minha mãe sumiu de casa eu jurei pra mim mesmo que faria de tudo pelo meu irmão.

No dia que meu irmão foi preso em seu primeiro assalto eu falhei.

Mas ela apareceu, sorridente em meio a minha vida tumultuada, eu já amava sua mãe a dois anos.

Vivíamos na periferia, não é um bom lugar para crianças brincarem. Mesmo assim Luna sorria, seus cabelos loiros e olhos de mel, como meu pai me disse, as flores mais bonitas crescem nos piores lugares.

Um presente de Deus pra mim, e como eu a amava. Deus como eu amava.

Quando ela foi atropelada junto com a sua mãe eu chorei, eu sofri. Mas meu amor me disse que eu precisava seguir.

Quando ela disse que estava grávida eu segui. Eu fui direto para sala do médico, seis meses. Dia após dia.

Meu amor foi embora com minha esperança, a qual eu chamava de Daniel.

Voltei pra casa e jurei pra mim mesmo que iria desistir. Que a felicidade tinha um preço muito alto.

Quando eu lembrei do meu pai eu senti. Senti que quando sentava em seu colo nos dias de domingo ele estava me mostrando o caminho para superar. Como eu queria que ele me abraçasse.

Quando eu larguei depressão eu vivi de novo. Eu saí de casa e consegui um emprego, me senti livre.

Eu visitei meus avós no Kansas, vi uma vida. Parei de pensar no passado, larguei meus vícios.

Quando eu adotei Miguel eu comecei uma nova vida. Ele me fez um homem melhor, o tipo de homem que ele sentia orgulho de chamar de pai. Mesmo sem nunca ter encostado seus pés no chão ele me guiou.

Eu contei pra ele como era sua irmã, ele sorriu e disse que também a amava, como eu. E naquele momento eu jurei pra mim mesmo que jamais iria voltar a desistir...

Apenas uma menteWhere stories live. Discover now