Capítulo 15

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Jade.

Voltei para a casa super exausta, tiramos milhares de fotos de todos os ângulos possíveis. Eu me identifiquei bastante com o trabalho. Foi mais natural do que eu pensava, tudo muito confortável e extremamente profissional.

Mas eu tinha que descansar urgentemente pois amanhã teria que acordar cedo para ir ao obstetra descobrir o sexo do neném.

Bastante ansiosa e na dúvida do sexo do meu baby, não tenho opção mas tenho muita curiosidade.

Tomei um banho longo e quente, logo após me enxuguei e vesti meu pijama azul de bolinhas. Caminhei até a cozinha e preparei um miojo de carne para mim. Dessa vez nem ousei esperar Henrique que iria chegar tarde hoje.

Fui para o meu quarto e me joguei na cama, adormeci rapidamente por conta do cansaço, meu dia foi extremamente exaustivo.

     ***                   

Acordei com meu despertador apitando, logo o desliguei irritada pois queria dormir mais um pouco e me espreguissei. Caminhei até o banheiro em passos curtos, fiz minha higiene e tomei um banho rápido.

Vesti um shorts da Adidas e uma blusa preta larguinha, nos pés calcei um nike e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo. Fui para a sala, Henrique tomava seu café da manhã em silêncio.

- Está tão quetinho hoje. - Beijei sua cabeça e ele deu um sorriso de lado.

- O trabalho me estressou ontem. - Bufou e voltou a comer seu sanduíche. - Enfim, animada para ver o sexo do nosso bebê?

- Muito. - Sorri passando nutella na torrada. - É tão doido isso tudo, amigo.

- Ter um bebê? - Assinto.

- Sim. A minha vida vai mudar completamente daqui a alguns meses, eu vou ser mãe... isso não é louco?

- É sim, mas tenho certeza de que você vai ser uma mãe perfeita. Você é boa em tudo o que faz.

- Obrigada pelo elogio, mas não se serei perfeita. Gosto de dormir e sei que não farei isso no próximo ano. - Eu disse fazendo meu amigo rir.

- Disso eu não posso discordar. Mas você tem a minha ajuda.

- Qual é? Não ficará aqui para sempre. Você tem vida, Henrique.

- O tempo que eu estiver aqui com vocês, estarei presente em tudo. - Ele piscou.

- Então não vou reclamar!

Quando acabei de comer, lavei tudo que sujei. Logo depois fui escovar os dentes e passei um gloss labial para não ficar sem maquiagem.

- Vamos? - Henri pergunta e eu assinto.

Chegamos no hospital rápido, a clínica era pertinho da nossa casa. Falamos com a secretária, dei meus dados e logo ela nos mandou subir.

Bati três vezes na porta, um homem loiro logo atendeu, ele mantinha um sorriso simpático no rosto.

- Boa tarde senhorita Albuquerque. - Disse com seu sotaque português.

- Boa tarde. - Digo e ele aperta minha mão e a de Henrique.

- Deite-se, por favor. - Diz e logo me deito, ele pede para levantar minha blusa e eu assinto.

Sinto aquele gel gelado se espalhando em cima do meu pequeno feijãozinho. Soltei uma risada por conta das cócegas que fazia.

Só ouvíamos o som do coraçãozinho do meu bebê, era simplismente a coisa mais linda que eu já havia escutado durante toda minha vida. Meu nariz ardeu, queria que Gabriel estivesse aqui. Isso poderia soar ridículo, porque eu que fui embora, mas no final de tudo, tudo que fiz foi por mim.

Eu precisava me desvencilhar dele. Mas não pensei tanto no meu filho, apesar de tudo, eu não queria que ele crescesse sem a figura de um pai.

- Porque se esconde tanto? - O doutor diz me fazendo sorrir. Ela movimentava o aparelho na minha barriga e olhava com muita atenção para a tela. - Essa princesa vai dar muitas alegrias para vocês.

As lágrimas caíram sobre minha bochecha, abracei Henrique fortemente. Era uma menina. Tudo que eu sempre sonhei.

Minha menininha, meu recomeço, minha filha!

- Não acredito, amigo. - Sussurrei para Henrique que sorriu de orelha a orelha.

- É uma princesinha. - Henrique disse.

- Aguarde um pouco mamãe, irei pegar os exames impressos. - Assenti.

***                     

Do médico fomos para o shopping animadíssimos e dispostos a comprar tudo que a minha boneca merece.

Compramos tudo que possam imaginar, de roupas e sapatos a carrinhos e móveis. Eu ainda não tinha ganho meu primeiro salário, então pedi para passar no cartão de Henrique que no final do mês eu iria o pagar, mas ele fez questão de dar tudo de presente.

Até tentei negar mas ele insistiu. E presente não se nega, não é mesmo?

Lanchei um sanduíche com milkshake no mc e Henrique optou por almoçar em um self-service aleatório.

- Já tem idéia para os nomes? - Henrique perguntou me deixando na dúvida.

- Sou horrível para escolher nomes. - Digo fazendo careta.

- Maria Clara, Ana Júlia, Thalita, Laura... - O interrompo.

- Laura. - Eu disse e ele sorriu. - Eu amei esse nome.

- Então tá bom, a nossa Laura... - Me abraçou de lado.

- Nossa Laura. - Sorri. - Obrigada por ser tão bom comigo, de verdade. - Beijei sua bochecha.

- Você é minha irmã, Jade, eu faria tudo mil vezes por você se fosse preciso.

Gabriel.

Eu não havia encontrado a Jade ainda e isso estava me estressando para caralho. Fui até o inferno mas ninguém tinha notícias daquela garota, nenhum sinal. Pensei até na hipótese dela ter saído do país, pois ela não tinha passagem em nenhum hotel. Eu procurei em tudo. Hotéis, rodoviárias, até mesmo em hospitais e nada dessa garota.

***               

Acabei desistindo, estava parecendo uma mariquinha correndo atrás de mulher, puta que pariu! Ela não quer minha ajuda para sustentar aquela criança? Foda-se também, vou ficar mendigando não, nunca precisei disso. Não mandei ninguém embora, não fugi, estive aqui para assumir a minha responsabilidade. Ela quis ir embora, a escolha foi inteiramente dela, não posso fazer nada por isso.

Acabo por sair dos meus pensamentos com o meu radinho tocando.

- Porra chefe, estão invadindo caralho, esses pau no cu. - Caio gritou, conseguia sentir o desespero em sua voz, não estávamos esperando invasão.

Desligo o rádio e pego minha fuzil. Ganharia essa porra no ódio. Matando um por um dos meus inimigos, preparação é o caralho! Ganharia eles na força do meu próprio braço, nem que eu fosse o último a ficar dessa facção.

Traficante. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora