Capítulo 35

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Jade.

- Eu vou lá buscar a Laura, tá? - Sorri para Gabriel.

- Eu vou contigo. - Levantou pondo sua bermuda e eu arqueei minha sobrancelha.

- Claro que você não vai. Tu está foragido da polícia, lembra? Sem condições.

- Então tá. - Suspirou fundo. - Vou lá na boca resolver umas paradas. - Eu assenti mesmo contra gosto, ele me deu um selinho e depois entrou no banheiro.

Logo depois ele saiu do banho e eu entrei. Tomei um banho rápido e troquei de roupa, por incrível que pareça, lá ainda tinha algumas peças minhas. Fiz um coque no cabelo e coloquei o meu óculos de sol.

Peguei minhas coisas e fui embora. Cheguei no colégio em menos de trinta minutos. Minha bebê já me esperava abraçada com o seu ursinho cor de rosa. Ela estava com uma carinha triste e sorriu de lado assim que me viu.

- O que foi meu amor? - Perguntei.

- Ah mãe, eu tô com fome... - Abaixou a cabeça e eu gargalhei.

- Mas tu não lanchou? Eu coloquei tudo na sua lancheira. - Perguntei e ela assentiu dando de ombros.

- Sim, mas eu ainda estou... - Disse e eu sorri.

- Então vamos tomar um sorvete gostoso, o que você acha, fominha? - Ela sorriu de orelha a orelha.

- Eu acho muito bom. - Assentiu rindo e eu a peguei no colo distribuindo beijinhos pelo seu pescoço.

Passei em uma lanchonete e comprei sorvete de morango para Laura, já eu preferi tomar um suco de melancia. Depois fomos de uber para o meu apartamento. Abri a porta e ela já foi correndo na minha frente.

-Vai tomar banho porquinha. - Gritei e ela murmurou ta bom.

Preparei carne assada, arroz, feijão, salada e para acompanhar, um suco de maracujá natural. Sentamos na mesa juntas. Era uma das regras daqui de casa, sempre comermos na mesa juntinhas. Quebrei o silêncio falando com a Laura.

- Hoje vamos lá na nossa antiga casa, tenho uma surpresa para ti. - Murmurei e ela me olhou curiosa.

- O que é? - Ela deu pulinhos.

- Não posso falar, se eu te contasse não seria surpresa, né mocinha?!

                             ***        

Chegamos na Rocinha e fomos direto para a casa do Gabriel. Assim que cheguei com a Laura, bati na porta. A pequena ainda estava estranhando a nossa ida até ali. Mal sabia ela que lembraria desse dia pelo resto de sua vida. Passei a mão sobre o rosto, estava nervosa. Tinha medo de Laura não se dar bem com o Gabriel, ou que ele não fosse um bom pai para ela.

Alguns minutos depois, Gabriel atendeu, sem camisa, com os cabelos desgranhados e uma cara de sono. Dei um sorriso fraco. Laura olhava para ele com curiosidade.

- Quem é esse, mamãe? - Sussurrou no meu ouvido.

Gabriel.

Acordei de um cochilo rápido no sofá com a porta batendo. Pus uma bermuda que estava dobrada perto do sofá e fui atender.

Quando abri a porta, Jade me fitava sorrindo. Olhei para a criança do lado dela e a minha única reação foi arregalar os olhos. A pequena me olhou e abraçou a Jade ainda tímida.

Dei espaço para elas entrarem. Jade se sentou no sofá e a pegou no colo. Ela tinha um cuidado único com ela e eu admirei isso para caralho.

- Filha... - Chamou a pequena que a olhou confusa. - Sabe esse moço?

- Sim, mamãe.

- Ele é o seu papai, meu amor. - Laura arregalou os olhos.

- Meu papai? - Sua voz doce e meiga soou pela sala.

- Sim, meu amor. - Jade disse com toda a paciência do mundo.

- Eu pensei que ele estivesse viajando... - Murmurou baixo e se encolheu no sofá.

- Ele voltou só para te conhecer, só para te ver. - Laura olhou para mim e eu não pensei duas vezes antes de sorrir para ela.

Ela estava linda, grande. Sua beleza era muito delicada, dava vontade de ficar a admirando durante horas e horas. Ainda se parecia muito comigo mas tinha toda a meiguice da Jade. Parecia uma princesa em seu vestido cor de rosa.

Eu estava feliz para caralho, meus olhos brilhavam, porra. Eu sentia amor por aquele pedacinho de gente, sentia a necessidade de protege-la de tudo e de todos. Não queria deixar ela passar por nada de ruim.

- Oi. - Eu disse baixo a analisando.

- Oi... - Ela sorriu lindamente.

- Vem aqui! me dá um abraço filha. - Eu disse e ela olhou para a Jade pedindo permissão, Jade assentiu e ela caminhou até mim em passos curtos.

Abracei aquela coisinha pequena e a levantei do chão. Que sensação gostosa! Era surreal como ela me passava tanta paz e tranquilidade. Sorri ao ouvi-la gargalhando em meus braços.

- Você é linda... - Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu as engoli, antes que colocasse tudo que estava sentindo para fora.

- Obrigada. - Disse tímida e me abraçou novamente.

- Eu estava com saudades de você, princesa. - Ela brincou com o meu bigode.

- Seu bigode é muito engraçado... - Gargalhamos e eu beijei sua bochecha.

- Você acha? Estou pensando em tirar.

- Não tira, eu gostei. - A pequena murmurou.

- Você quem manda, baixinha.

- Eu gostei de você papai... e você? Gostou de mim? - Perguntou curiosa.

- Claro que eu gostei de ti. Eu nunca deixei de gostar, meu anjo. - Ela assentiu. - O pai nunca mais vai embora, tá bom? Eu prometo.

- Tá bom... - Murmurou e eu olhei para Jade. A chamei com o dedo e ela veio até nós, abracei as duas.

- Eu amo você demais. - Jade disse.

Aquela era a hora de dizer. Chega de ficar vulnerável a sentimentos ativos em mim, foda-se. Aquela era a minha família. Minha mulher e a minha filha.

- Nós também te amamos. - Eu disse e ela olhou para mim surpresa. Eu apenas ri e ela me deu um selinho rápido.

- Vocês vão casar? - Laura perguntou meio distraída e Jade a repreendeu com o olhar.

- Quem sabe... - Eu disse e Jade balançou a cabeça rindo.

- Não, meu amor, não vamos nos casar.

- Por enquanto. - Respondi e Jade revirou os olhos.

- Só tu mesmo, minha gatinha. - Já disse enquanto fazia cócegas na Laura. A nossa filha se contorcia gargalhando.

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