36ºCapitulo

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Continuo paralisada atras do Dean. Não quero de todo ter que olhar para o Harry. Os meus olhos viajam para o meu pulso e as marcas vermelhas estão a ficar mais escuras. Oiço passos duros até ao Dean e agarro a parte de trás da sua t-shirt, amarrotando-a no meu punho. Tremo ao ver o Harry por cima do ombro do Dean. Ele tenta tocar-me mas o Dean impede-o-

-fodasse.- Ele range

-o que é que lhe fizeste?- o Dean range de volta

-isso é entre mim e ela.- o Harry está com a voz tao rouca que faz com que eu me sinta tentada a olhar para ele.

-ela não fala comigo, vês?- ele aponta para mim.

O Harry tenta agarrar a minha mão e eu tento recuar. Embora seja muito mais rápido que eu, deixa a minha mão escapar. Ele parece triste, mas ainda assim duro. Demasiado duro.

-fala comigo Sophia.- Ele murmura dando alguns passos até mim. Abano freneticamente a cabeça como resposta. Já não choro, mas a minha garganta está muito apertada.

-olha Harry, não que eu goste de ti, mas para teu bem deixa-a em paz.- o Dean murmura

-oh... ai sim? E tu vais fazer o que Medina?- o Harry ruge e tremelico

-Harry...

-toca num fio de cabelo dela, toca nela sequer, e vou ser eu quem te vai mandar para o inferno.- As palavras do Harry lembram-me do que disse ele ontem á noite "eu matei-a"

-para com essas ameaças feitas Styles, estás a assusta-la.

Estou disto. Desisto de me esconder atras do Dean e baixo-me para agarrar a minha mochila caída no chão.

Caminho a passos largos para a entrada do edifício e o Dean acompanha-me. Sinto o olhar do Harry, ainda que não o veja.

Sei que foi cobarde da minha parte esconder-me atrás do Dean, aconteceu o que sempre aconteceu, alguém vai acabar por me magoar, porque penso sempre que cada pessoa é "diferente" quando na mais dura realidade, são sempre todas iguais.

Quando chego á sala sento-me no fundo. O Dean tem a gentileza de me dar espaço e encaminha-se para o meu lugar habitual.

O Professor Gabriel é gentil nas palavras, mas ainda assim duro quando deteta que alguém não está a prestar atenção.

Sei que devia estar atenta, mas é tao complicado, quando passo metade da aula a observar as marcas roxas no meu pulso. Foi ele quem me fez isto, ele e a sua tenebrosa alma. " Senhor é um homem tenebroso." Lembro-me de ler estas palavras algures, apenas nunca pensei que se aplicassem ao meu colega de casa. Ao rapaz que beijo diariamente, ao rapaz a quem confio o meu sono. Como é possível ser tao terno num momento e tao bruto no seguinte?

Talvez ele tenha razão, talvez eu seja demasiado inocente, demasiado Sophia. Hum talvez tudo o que as pessoas qualifiquem como qualidades ele lhes ache de defeitos. Talvez cada palavra doce que ele me declarou fosse apenas parte de um plano qualquer para me levar até ao meu limite.

Tenho medo de pensar que se calhar, eu sou a maluca no meio de tudo isto. Apenas parece tudo tao real. Como se eu vivesse num pesadelo permanente.

-Miss.Black...- o professor chama-me e eu acordo do meu transe

-han?

-fiz-lhe uma pergunta e regra geral quando faço uma pergunta espero obter uma resposta.- ele rosna e eu sinto-me ficar vermelha

-eu... hãn... não ouvi.- baixo a cabeça a fim de fugir dos seus olhos azuis revestidos com as hastes dos óculos.

-bom, eu perguntei-lhe em que ano a pintura de "Dante e Vergílio no inferno" foi concretizada

Vision 1 - The JudgedWhere stories live. Discover now