Things I Can | H.S.

Capítulo 24

Dormi um pouco e dispensei o convite de Liam para ir até a Casa de Julieta. Ele comentou algo sobre ter visto o lugar em algum filme mela cueca e isso fez com que minha vontade de ir fosse aniquilada por completo. Ir até um lugar onde românticos incuráveis - não que eu não seja - colocam uma carta para alguém que não existe e ainda recebem uma resposta de alguém que respondeu a mesma coisa para outras milhares de pessoas? Não, eu passo essa. 

Um café próximo ao hotel foi o único lugar onde me dei o deleite de ir e então já era noite e eu precisava "trabalhar". Eu poderia fazer isso para sempre. Viajar e viajar. 

-Por que o chapéu? - Liam perguntou e eu dei de ombros bloqueando meu celular. 

-Cara, esse tipo de pergunta é realmente feita? - questiono e ele ri, entrando comigo no elevador. 

Ajeito a camisa e vejo se um botão aberto ou um fechado é melhor e acabo optando por deixar aberto mesmo. Que se foda. 

Verona não é exatamente o que eu imaginava. Não sei de toda a Itália mas a cidade pequena é rústica demais e as pessoas são óbvias ao extremo, o que parece deixar tudo um pouco sem graça. 

-Podia desamarrar essa cara - Liam diz quando chegamos até a biblioteca. 

Sorrio o mais falso que eu consigo e ele revira os olhos. 

-Talvez você se anime um pouco com o que tem lá dentro. 

-O que? Do que está falando? - pergunto e ele me ignora enquanto entramos. 

O lugar é bonitinho e está um pouco cheio, é bem incomum o volume do barulho para uma biblioteca mas imagino que seja pelo evento do livro. Caminhamos entre as pessoas e sorrio amarelo para algumas enquanto vamos até o fundo do lugar. Eu juro que posso reconhecer o cabelo branco e o corpo magro que vejo na minha frente. E realmente reconheço. 

-Lou? - pergunto e ela se vira para mim animada, estendo os braços. 

-Ah meu Deus! Meu escritor favorito - sorri e me puxa em um abraço completamente apertado - Você engordou! - diz segurando meu rosto - mas ainda tem essa ruga rabugenta na testa!

-Bem, você parece uma avó falando assim - ela revira os olhos e ri me dando outro abraço - O que faz aqui?

-Estou de férias e bem... você sabe, Verona é um bom lugar.

-Não é não - digo e ela parece chocada. 

-Você não serve de base ou exemplo para ninguém, Harry. Há um velho rabugento de 80 anos no seu coração. 

-Acho que ele está morrendo - digo baixo e ela dá um tapa no meu ombro - E já comprou o meu livro? 

-Não, você vai me dar um e vai assinar para mim.

Rio e balanço a cabeça, feliz de ter alguém comigo agora além de Liam. 

* * * 

Sinto falta do meu apartamento. Do meu quarto e da minha cama, do silêncio que é ficar sozinho sentado com meu computador na mesa enquanto tento terminar o próximo livro. Todas as viagens foram bem legais e tudo isso mas a exaustão de não estar em casa me corrompe por completo depois de semanas fora de casa. 

Enquanto o avião pousa em Londres eu penso em como nunca mais quero fazer isso de viajar e vender livros por onde quer que seja. Talvez as editoras não aceitem isso como condição mas, porra, não quero mais fazer isso. Não mesmo. Só quero ter o direito de ficar na minha casa e esperar algum tipo de milagre venda os livros. 

Tem um recado do Zayn quando chegamos no apartamento sobre o bar e uma reunião no dia seguinte. Sempre esqueço que me meti nessa. Ligo para a minha mãe rapidamente e ela parece tão animada por eu estar de volta como eu estou.