Parte IV

133 9 0
                                    

Na manhã seguinte, as gêmeas resolvem que deveriam caminhar na cidade, já que o dia estava nublado e o sol não as incomodaria. Cinderella sabia que, na verdade, tinham esperança de encontrar um dos rapazes com quem dançaram na noite anterior, mas não disse nada.

Logo depois do almoço, as jovens partem, em seus trajes idênticos, que mudavam apenas de xadrez amarelo para poás verdes e Cinderella continua a tomar conta de seus afazeres. Lavou, cozinhou, passou, cuidou dos animais. À medida que o tempo passara, estes últimos foram apenas diminuindo, para manter a comida na mesa para as damas, seja indo para a panela, ou vendidos na feira da cidade.

Um único cavalo restava agora, o preferido de Cinderella, seu garanhão branco como a neve, chamado Tom. Ella o escovou com esmero e logo resolveu sair para cavalgar, como fazia nos tempos em que a liberdade era algo que não lhe parecia tão cara.

Cavalgando até a cachoeira, onde seu cavalo já sabia chegar sozinho, Ella deixa o animal à sombra, onde havia capim fresco para ser comido à fartura. Não contendo o impulso, a jovem mergulha na água sempre fria da cachoeira e aproveita o momento de solidão e paz.

A natureza ao seu redor era calma e dali, parecia bobagem acreditar que qualquer pessoa pudesse lhe magoar ou fazer mal. "Talvez devesse morar aqui para sempre.".

Cinderella sai da água e fica no sol até que seus cabelos estejam secos, não desejando que a madrasta desconfie que ela esteve muito longe de casa. Assim que retorna, deixa o cavalo descansando no estábulo e retorna para dentro de casa, para servir o jantar.

Um barulho estranho e risos insistentes fazem com que Ella se dirija até a sala de estar, em que Drisella está cantando e dançando sozinha e Anastasia conversa animadamente com sua mãe.

- O que houve milady? – Cinderella arrisca em perguntar.

- Ah! Uma grande notícia! Dance comigo Cinderella! – Diz Drisella, tomando as mãos de Ella e fazendo com que girem juntas pela sala.

- Pare com isso, Drisella, está me deixando tonta. – A voz da madrasta enfim faz a gêmea soltar Cinderella, que volta a encarar as damas, esperando explicação para tal comportamento.

- Ouvimos a conversa e a proclamação real quando fomos à cidade. O rei está à procura da donzela que dançou com ele no baile. Aparentemente nem ele sabe o nome dela, o que dá uma boa vantagem para as demais. – Explica Anastasia.

- Vantagem, de que? – Pergunta Ella.

- Ora, ele fará todas as moças do reino experimentarem o sapato que a jovem perdeu e se casará com a primeira em que o sapato servir. Dando uma enorme vantagem para quem o pé couber no sapato, pouco importando se a verdadeira dona será ou não a primeira a experimentar. – Diz Anastasia.

- Ele fará da primeira que couber, sua esposa e rainha. – Repete Drisella, dando ênfase ao que já fora dito pela irmã.

Ella não consegue conter um riso. A situação já parecera estranha quando o rei anunciara um baile para escolha de sua esposa, a futura rainha. Agora, parecia ainda mais ridículo deixar que um pé de sapato definisse quem seria essa rainha. O pior de tudo, era pensar que, talvez, não fosse ela, a primeira a experimentar. E, sendo assim, talvez o pedido que o rei fizera foi intencional, não um mero engodo para mantê-la no castelo.

- Do que está rindo? Mas é mesmo tola! Sequer foi ao baile, claro que não será o seu pé que caberá no sapato! – Diz Drisella.

Cinderella ri de si mesma junto a Drisella e volta para seus afazeres na cozinha. A sensação que sentia era estranha, não tinha certeza se estava empolgada ou triste.

Cinderella (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora