Capítulo um

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21 de Dezembro de 2062.

Outra bomba explodiu perto de nós hoje. Meus ouvidos ficaram zumbindo por horas e ver o desespero nos rostos de minha filha e esposa acaba comigo. Todos enlouqueceram agora, dizem que a igreja começou toda essa guerra, outros que foram os governantes. Eu já não sei de mais nada, só que está tudo uma bagunça. Nação se rebelando contra nação pra mostrar poder e isso não nos levará a lugar nenhum, parece meio difícil de se entender.

Estou mais uma vez fugindo com minhas garotas, já me acostumei com isso. Somos apenas mais três nômades nesse mundo solitário. Continuaremos assim até não conseguirmos mais.

Dave Jessup.

...

Ano de 2070.
Eu continuava, sozinho, dirigindo minha velha caminhonete entre os destroços e toda aquela poeira de merda. Aquela fumaça nunca acabava, vinha de todos os cantos e por mais que eu não suportasse toda essa droga ao meu redor, eu jamais desistiria, jamais se quer pensaria nessa possibilidade.

Oito anos haviam se passado e eu não tinha nada sobre o paradeiro da minha garota.

Sentia o ódio crescer em mim toda vez que lembrava dos que a tiraram de mim. Mas eles pagariam, essa era a única certeza que eu tinha. Tudo que eu tinha como pista era o maldito brasão que eles deixaram cair na noite de 26 de Dezembro de 2062. Na noite em que eles resolveram foder com a minha vida inteira.

Eu tinha tudo e nao tinha nada. Tudo, porquê aquele devia ser um maldito símbolo dessa maldita gangue ou sei lá o que eles são, o que poderia me fazer chegar neles de alguma forma. E nada porquê eu não fazia a menor ideia de para onde ir. Eu... Eu já estava exausto aquela noite, mas eu não podia fraquejar. Por ela.

Depois de todas aquelas guerras, em meio tanta destruição, podia dizer que esses eram tempos de paz. Sim, depois de tanta destruição, conseguia sentir a paz apesar de não evitar me sentir um egoísta de merda por dentro. Minha filha estava por ai, precisando de mim mais do que nunca, eu não deveria estar sentido paz, eu deveria estar caçando esses desgraçados.

Sim, a possibilidade dela estar morta acabava comigo, mas...eles pagariam. Nos vingue, Dave! Aquilo parecia uma declaração póstuma de todas as vítimas desses saqueadores, aquilo ecoava na minha mente a cada segundo. Mas a chance real de minha menina estar viva, era o que me movia. Que chance era essa? Eu não fazia a menor ideia, eu só não aceitava o fato de ter convivido tão pouco com ela. Ela tinha que estar viva.

Me deparar com alguns corpos no chão era coisa normal, as vias agora sempre tinham isso. Continuei dirigindo, mas o frio da noite era implacável e eu precisava encontrar um lugar quente e confortável para eu descansar -apesar de ser difícil achar um lugar com essas duas características ultimamente. Segui por alguns metros a frente, chegando no que parecia ser o que restou de uma cidadezinha rural no meio do nada.

Aquilo era feio.

Haviam algumas casas destroçadas, outras bastante destruídas mas ainda de pé, o que me deu um pouco de esperança sobre um bom lugar pra descansar. Também se via alguns prédios abandonados.

Eu tinha uma espingarda calibre doze, consegui a algumas semanas atrás com um negociador, ele quase atirou em mim mas quando o mostrei um antigo relógio de bolso banhando a ouro, vi a ganância explodir em seu olhar e então sugeri uma troca.

Eu o matei. Assim que tive a arma em punhos. Ele faria o mesmo comigo. Mas deixei o relógio com ele, afinal, sou um homem de palavra.

Sai da caminhonete, depois de estaciona-la perto de uma das construções -agora decadentes. Era uma espécie de casa de fazenda, parecia inabitada por algum tempo, e nossa...como aquele lugar fedia.

Over World: Planeta DesertoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang