INTERMISSION3

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É sexta feira.

E eu estou atrasado.

William odeia chegar quando o estacionamento está cheio, por isso preciso sempre estar adiantado. Isso faz parte do acordo, de qualquer modo.

Mas me sinto nervoso. Porque eu sei que ele não vai me deixar em paz. Todo dia é a mesma coisa. E não quero ceder. Não posso.

Há um Jeep vermelho na calçada dos Tomlinson. Eu paro ao lado; o garoto no volante nem parece perceber. Mando uma mensagem para William. Estou inquieto.

Não posso ceder.

Não posso.

A porta da frente se abre.

Então observo. Observar é a única coisa que faço nos últimos meses. Eu o observo em todos os lugares que posso, em todas as oportunidades. E sempre, sempre tenho vontade de me bater.

Não posso ceder.

Louis.

Volto para a quadra, meses atrás, quando Louis se tornava o único ponto brilhante. Quando eu ainda era eu. Quando não estava recebendo ordens. Quando ainda podia fazer alguma coisa. Quando faltava alguma coisa.

Agora, falta tudo. O que foi que eu fiz?

Não percebo, mas o Jeep já está deixando a rua. Louis acabou de passar por mim. Ele deveria estar sorrindo.

A porta se abre de novo. O Jeep segue pela rua. William senta ao meu lado.

"Atrasados numa sexta feira. Que ótimo."

Eu dou partida.

"Não estamos atrasados."

Ele bufa. Olho para a frente. Não quero que ele me olhe. Não quero que volte ao mesmo assunto... Não posso ceder.

"Então", William se vira para mim, "meus pais vão para Leeds hoje. A casa está vazia... Você já se decidiu?"

Eu engulo em seco.

"Já disse que não", eu falo. Não posso. "Não posso."

Ele revira os olhos. Quase faz birra.

"Ai, Harry, já disse tudo sobre isso. Você não vê? Eu conheço meu irmão e sei do que ele precisa. Você vai o ajudar e se ajudar."

Continuo olhando para frente. Um bolo se forma na minha garganta.

"Não acho que isso seja o melhor jeito..."

William revira os olhos de novo. Ele sempre faz isso. Sei que vai gritar.

"A gente tá discutindo isso por meses. Se você amarelar, o problema é seu. Estou te propondo uma coisa que eu sei que vai dar certo. Eu sei o que estou fazendo."

A voz de William está me mantendo nervoso. Não consigo mais entender. Por que ele quer tanto que eu faça isso?

"Eu só quero que você e meu irmão se divirtam", ele continuou quando estacionei. "Vai ser diferente pra vocês dois, seu careta. Tô falando sério", ele me encara. Os olhos de William estão azuis, mas não me provocam nada. "Isso não vai ser nada demais, eu conheço o Louis."

Então ele abre a porta e sai para a multidão de alunos da Balby Carr.

O nó se espalha por mim, e não sei o que fazer. Só consigo pensar em Louis. O Louis sorridente nos almoços na casa dos Tomlinson que sou obrigado a ir. O Louis da quadra. O Louis que passou por mim hoje. O Louis. Louis.

Eu quero Louis.

Acho que vou enlouquecer.

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REFLECT | l.s » twin!louisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora