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PICKWICK

Por que não falar em voz alta, em vez de guardar tudo na sua cabeça? - Heart Out.

William estava bem ali.

A família estava jantando, na mesa da cozinha, e William estava bem ali.

Estava com a jaqueta preta; o fazia parecer mais velho. Parecia bem mais velho que Louis, bem mais vivido ou tudo o que o fazia diferente. Parecia o irmão mais velho.

E William estava bem ali.

O quanto ele sabia sobre Harry? Sobre a família dele? E quanto mentia?

Isso tudo ficava ali, rodando na cabeça de Louis, e não parava.

O quanto conhecia o irmão?

"E então o monitor ficou falando, falando e falando", William disse. "Eu sabia tudo o que tinha lá, e respondia mentalmente o que ele perguntava"

"E sua avó? Acha que ela se divertiu?"

"Acho que sim", William respondeu. "Disse que tinha um tempo que não ia a Londres"

"E você?", Mark perguntou. "Não gostou de Londres? E da faculdade?"

William encolheu os ombros, cansado. Louis conseguia ver que ele estava de saco cheio dessa história toda. Talvez desse crédito para a avó, mas para os pais não aguentava mais. Louis não estava nem ai.

"Não quero ir pra UOL", William respondeu, na defensiva. "Vocês sabem disso"

Joahnnah maneou a cabeça.

"Não acha que Harvard é muito longe? Nos Estados Unidos..."

Louis olhou para a mãe, e depois para William. O assunto de Harvad...

William olhou para Louis. E eles se encararam.

"Não vou para Havard mais", William disse. "Não me aceitaram. Talvez irei para Washington. Ou pro Colorado."

A mesa ficou em silêncio. William parecia não ter se abalado ao falar isso para os pais. Harvard sempre fora o céu. E agora... Puff. Vai ver William não fosse poderoso assim. O rei das decisões perfeitas.

"Ah", o pai disse. "Mas quer ir mesmo assim?"

"Quero"

"Mesmo sem Harvad?"

Louis viu os ombros de William se curvarem. Quase riu.

"Harvad não é a única universidade boa dos Estados Unidos", Louis interviu. Se lembrou do dia que chegou em casa e viu William louco. Tinha pensado que era por Harry ter contado tudo o que aconteceu. Quando se lembrava daquilo, ainda se sentia nervoso, quase tonto. "Washington tem um programa ótimo de medicina"

"Quer ir pra lá também?", Joahnnah perguntou, quase desesperada. Jesus, isso era tão ruim assim?

Louis fez que não. "As inscrições pra essas já fecharam."

"Bem", o pai disse, "as crianças um dia crescem."

Ficaram em silencio. Louis achou aquilo ridículo.

Joahnnah tirou os pratos da mesa.

"A louça é do Louis", Mark apontou para Louis, ainda sentado na mesa. Colocou a mão na testa dele, de brincadeira, e depois disse: "Nada de febre, tá vendo?"

Louis riu – mais por educação – e depois levantou. William ficou observando os pais saírem da cozinha.

"Tá doente?"

Louis ligou a torneira e despejou sabão nos pratos.

"Tive febre"

"Foi pra escola?"