Capítulo 4

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   Pov – Tyler

Agora ela arrumou um jeito de passar as tardes aqui? Minha avó é mesmo muito inocente. Não imagina a confusão que vamos ter se algo acontecer a essa garota andando entre nós.

Me lembro que quando a filha de um deles foi sequestrada, todo mundo ficou assustado, felizmente deu tudo certo. As gangues todas estariam em maus lençóis não fosse isso.

Imagina se algum desavisado acha que pode brincar com a riquinha loira? As duas se sentam, a mesa é pequena, dois lugares, Dulce está um pouco deslocada com minha presença. July distraída com Bárbara no colo.

Não posso negar que minha irmã gosta dela, adora brincar com seus cabelos e fica sempre sorridente em seus braços. Acho que um pouco é culpa minha e da minha avó, não somos muito alegres, não brincamos muito com ela.

Vou para o quarto com Vó Manoela para não ter que ficar olhando para ela. Suspiro me sentando na beira da cama. Vovó está distraída assistindo a sua novela, ela ama os canais mexicanos. Mesmo todos esses anos aqui ainda mantem boa parte de seus antigos costumes.

Penso no dia que avisei a Josh Stefanos sobre o galpão onde a garota estava, será que ele se lembra? Foi uma frase e sumi. Tive que ser bem corajoso, ninguém queria falar nada, mas sei o que aconteceu com minha mãe e não queria mais nenhuma moça passando por aquilo.

Entre cochilos minha avó passa quase duas horas sentada ali. Depois desperta quando a novela acaba. Me olha interessada.

─Conseguiu a vaga Tyler? – Claro que não, foi tolice achar que Juan não cumpriria sua promessa de me impedir de trabalhar.

─Não vovó. Juan espalhou sua ordem. Ninguém me aceitou. Pensei em tentar Nova Jersey, acho que é longe o bastante.

─Me leva até ele? Aquele homem não pode te obrigar a servir aos seus interesses assim. – Eu me aproximo, não quero que July escute. Odeio ter essa menina aqui dentro da minha casa me tirando a liberdade de xingar em paz.

─Vó, a senhora não tem condições. Eu dou um jeito. Alguém vai ter coragem de me dar um trabalho e vou poder cuidar da senhora e da Bárbara. Se não conseguir. Então que se dane. Faço o que Juan quer. No fim todo mundo acaba sempre nas mãos deles.

─Não quero meu neto enfiado com esses homens. Minha cabeça está doendo.

─Com licença. – July surge com minha irmã adormecida no colo. – Eu... vou coloca-la na cama. – Só pelo constrangimento eu sei que nos ouviu e odeio mais uma vez tudo isso. Ela me faz sentir pequeno.

July deixa Bárbara e volta para sala. Bufo irritado. Fico de pé.

─Já está anoitecendo vovó. Vai ficar bem aqui?

─Onde vai Tyler?

─Sinto muito por tudo isso vovó. – Ela foi todo o amor que consegui receber na vida. Do jeito duro dela, tentando me impedir de cair no mesmo caminho que minha mãe. Não conseguiu muito. Queria que ela se orgulhasse, não vai ser nessa vida.

Quando chego na sala as duas garotas tentavam resolver um exercício de matemática. July mordia a tampa da caneta pensativa.

─Não consigo me lembrar isso. Queria seu um gênio que nem meu irmão. – Me aproximo. Não resisto a números. Olho para a equação simples. Dulce me ajuda tanto cuidando de Bárbara.

─Posso? – Pergunto a Dulce apontando o caderno, as duas trocam um olhar e July me entrega a caneta toda mordida. – É uma equação diferencial. Deixa eu te mostrar. – Vou resolvendo o exercício e mostrando a ela como se faz, quando termino as duas me olham surpresas. Não devia me ofender, mas os olhos surpresos de July me ofendem sim. – Entendeu Dulce?

Paixões Gregas - Opostos (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora