Capítulo 2

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   Pov – Tyler

Ela aqui? Depois de todo esse tempo me infernizando a cabeça está no meio da minha casa com uma mamadeira na mão como se tivesse algum direito de estar aqui?

Não tem como não sair do sério. Eu sei onde estou, que minha vida está uma droga como sempre, pior que isso, sei que estou no fundo do poço, mas não vou me dobrar a essa mimadinha e suas vontades. Se veio rir de mim se deu mal. Muito mal.

Dulce está balançando Bárbara no colo quando chego. Eu a retiro de seus braços. É minha irmã. Não tem culpa de nossa mãe não valer nada e estar morta. Eu coloco a mamadeira em sua boca e ela suga faminta.

─Obrigado por ter vindo Dulce. Cuido delas agora. – Domo o humor para não ser grosso com a garota que tem me ajudado nas últimas semanas.

─Ei. – A voz suave me chama atenção. Ela ainda está aqui. Me viro e July Stefanos está parada na porta do quarto me olhando feio. – Por que acha que pode me ofender e simplesmente me dar as costas?

─Por que é minha casa e não é bem-vinda aqui. – Aviso sem medo de represália. Não tem como minha situação piorar e que se dane se aquele libertador de bandidos tentar me intimidar.

─Tyler! – Minha avó se ofende. Seu tom severo me faz encara-la. – Peça desculpas a moça agora mesmo! É minha casa. Não decide quem entra e quem sai.

─Não sabe o que está dizendo vovó.

─Sei sim. Sei que July é bem-vinda sempre que quiser.

─Está tudo bem dona Manoela. – July diz sem desviar os olhos claros dos meus. Ela é tão linda. Parece uma princesa dessas de filmes. Toda delicada com voz de anjo, mas não me engana. De jeito nenhum. – Eu já estou de saída. Vai comigo Dulce?

─Sim. Até amanhã. – Dulce diz muito constrangida com meu comportamento. Eu as vejo deixarem a casa e só quando escuto a porta da frente bater é que olho para minha avó.

─Ninguém tem culpa das coisas que nos aconteceram Tyler. Ninguém. Essa moça foi um anjo.

─Não sabe de coisa alguma vovó. – Barbara adormece com a mamadeira na boca e a coloco na cama. – Está com fome?

─Precisa acabar com esse seu medo de se mostrar Tyler. Não tem problema confiar em pessoas.

─Como aconteceu com a minha mãe? O que ela ganhou?

─Sua mãe se perdeu sozinha. Ela sempre foi difícil, escolheu aquelas pessoas.

É inútil, minha vó não entende que ela nunca teve escolha, que eu não tenho, nem ela ou Barbara tem. Deixo o quarto, abro armários em busca de algo para comermos. Encontro alguns pacotes de macarrão instantâneo. Depois de comer minha avó vai para cama. Confirmo se Barbara dorme bem e depois sigo para o sofá onde sempre dormi desde que me conheço por gente.

O pequeno quarto sempre foi de minha avó e mãe, agora ela divide com minha irmãzinha. Me encosto fechando os olhos. Não tenho a menor ideia do que vai acontecer daqui por diante. Não tenho muita saída para me livrar das dívidas que minha mãe deixou.

Se não fizer o que essa maldita gangue quer eles acabam me matando. Eu sabia que não estavam pagando o enterro dela por bondade ou culpa. Aqueles malditos só queriam me enredar em uma armadilha para me obrigar a trabalhar para eles.

Nem bem o corpo de Raul esfriou e Juan assumiu seu lugar com mãos de ferro. Se não me render a eles, Barbara e minha vó acabam em perigo.

Alguém bate na porta. Fico de pé um tanto alarmado. O caminho até a porta é feito com total tensão. Abro e Miguel está lá de pé com seu olhar perigoso e ameaçador.

Paixões Gregas - Opostos (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora