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Estava convencida de que já tinha perdido a cabeça há anos atrás e perdi, então isto deve ser apenas uma sequela. Uma nova e completamente aterrorizante sequela. 

Não tenho uma explicação, mas tenho uma certeza. Ouvi a porta fechar-se. Não sei como entrou sem arrombar a porta, não sei como sabia que estaria sozinha ontem à noite, mas ele esteve lá. Comigo. 

"Merda." 

Ergo o olhar e sorrio quando vejo a senhora do bar observar-me porque sou a única alma acordada nesta instituição. 

"Bom dia, cara linda. O que fazes aqui sozinha?"

O rosto novo, por seu nome Liz sorri para mim, parando junto à mesa com um olhar curioso. 

"Estou a tomar o meu café."

O terceiro desta manhã, devo acrescentar.  

"Posso sentar-me e fazer-te companhia? O Matt e a Callie estão a chegar."

"Claro. Força."  

"Então," Murmura com outro sorriso, ocupando o lugar à minha frente. "Ontem não tivemos a oportunidade de conversar. Peço desculpa por isso."

"Não tens que pedir desculpa. Vocês tinham imensos assuntos para colocar em dia."

"O que estás a tirar?"

"Artes. O que vais tirar?"

"Vou continuar com negócios. Era o que estava a estudar na outra Universidade."

"Na Noruega, certo?"

"Sim. Muito frio para mim." Comenta com um sorriso. 

"Tu, acordada a esta hora?" 

"Bom dia." Sorrio, apertando a mão do Matthew quando a coloca no meu ombro. "Bom dia, Callie."

"Sentiste a minha falta? Foi por isso que não dormiste?"

"Não."

"Parva. A nossa amizade não vai durar se continuares a tratar-me assim." 

"Que amizade?" Sorrio quando abre a boca em choque e deito a cabeça no seu ombro num gesto preguiçoso.  

"Ontem estive a pensar—"

"Devias fazer isso mais vezes." 

"Importas-te de prestar atenção e ser discreta?" Pede baixando o tom de voz, certificando-se de que a Callie e a Liz estão distraídas entre si. "O teu irmão e a minha irmã."

Levanto a cabeça para olhá-lo. "Sim?"

"Vamos fazer acontecer." 

"Como?" 

"Ontem comentei com ela que devíamos passar na Galeria contigo, para ver como está a correr, mas ela topou o plano. Que tal trazer o Masson até ela?"

"E como é que vais fazer isso?"

"Primeiro, é teu irmão. Pode e deve vir visitar-te. Em segundo lugar, vai haver a festa de boas vindas—"

"Festa, não." Nego quase imediatamente. 

Só de ouvir a palavra, o meu humor falece lentamente. 

"Festa, sim." Insiste assentindo. "Só porque a última não correu como esperávamos não quer dizer que todas vão correr mal."

"Mas correram todas mal." 

"Eu prometo que esta vai correr bem."

"Vou falar com ele e ver o que consigo fazer." Prometo enquanto sem aviso prévio, a Marie entra no meu campo de visão com o seu cabelo pintado de vermelho e levemente mais curto. "Marie!"

𝐶ℎ𝑎𝑠𝑖𝑛𝑔 𝐻𝑎𝑟𝑑𝑒𝑟 Onde histórias criam vida. Descubra agora