Capítulo 38

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Niall foi dar a má notícia para os familiares do Adam, que não viram como ou quem o jogou na frente do carro, como sempre Zayn sai livre dessa, alguém paga pelos seus erros e alguém arruma toda bagunça, o corpo do meu amigo vai ser liberado para velório daqui poucas horas, eu tenho que dar um jeito de concertar essa minha cara de quem passou a noite em claro chorando, é complicado ver o Adam agora só como um ser sem vida, gelado e pálido, sem aquele sorriso no rosto, aquele ar brincalhão, tudo por um ciúme patético de um cara que não é nada meu, eu perdi alguém importante na minha vida por causa do Zayn Malik, de novo.
Meu vestido preto combinava com o salto da mesma cor e coloquei um óculos no rosto.

Quando me juntei a senhora Truenth, passando meus braços ao redor de seu pescoço a puxando pra mim, as lágrimas que andei segurando desabaram, eu não deixo de me sentir culpada pela morte dele, afinal, eu sou apaixonada por um bandido, que é capaz de fazer qualquer coisa.
Adam antes de ser carregado por aquele paramédicos disse que não era pra que eu culpe o Zayn por isso, porque afinal ele só estava fazendo o papel de quem ama, e que poderia ler nos olhos dele o quanto eu era amada por aquele garoto. Mas um sentimento incômodo não deixa de crescer dentro de mim, a culpa não deixava de ser dele, mas também era minha, talvez, nós dois tivéssemos que ter ido no lugar do Adam, que era a melhor pessoa que já havia passado pela minha vida, ninguém tão bom quanto ele virá novamente, e isso dói tanto, dói tanto ele ter ido tão novo, sem aproveitar o quão a vida poderia ter sido boa com ele, deixando uma irmã mais nova, um mãe desolada, e um pai que precisaria dele para seguir em frente.

"Ele te disse algo antes de ir meu amor?" A mãe dele toca no assunto, e eu respiro fundo antes de começar a contar meias verdades a mulher a minha frente.

"Ele disse que doía muito, mas que ele estava bem, e que nenhum de nós se deixasse cair por isso, ele amava vocês e continuaria, por onde é que ele vá." Disse isso entre soluços e tive que me despedir da mulher, fui em direção ao caixão onde estava meu ainda melhor amigo e passei a mão pelo seu rosto, maior parte dele costurado.

"Eu nunca seria capaz de te deixar ir." Sussurrei na esperança de que ele pudesse me ouvir e apertei forte o cordão que sempre andava com ele, agora em meu pescoço, sua mãe insistiu para que estivesse sempre comigo, e eu não iria contrariar a vontade dela.

Me tirei da tortura dos meus pensamentos das últimas três semanas, eu mesmo sem o Adam, ainda tinha que seguir minha vida, e não poderia estar mais exausta depois de um inferno de dia, eu ainda tenho que ouvir pessoas sussurrando umas para as outras sobre o quanto estou devastada, e elas nem se quer disfarçam, apontam, e eu tenho mesmo que me controlar para não partir todo e cada dente que tem na boca de certos indivíduos, na primeira semana eu era a coitada, mas a partir de dez dias de luto, eu já deveria ter superado, as pessoas desse colégio não tem noção de como são ridículos, as vezes sinto falta... Não, eu não sinto, falta mesmo eu sinto do meu melhor amigo. Já era noite, e eu terminava o último dever, Niall saiu a algum tempo afirmando que não voltaria hoje, mas eu já estava acostumada, ele não lidou tão mal quanto eu com a morte "dele", mas superação também não é o seu forte, é simplesmente terrível pensar que você não vai maos poder sentir o toque de uma pessoa, ou ouvir sua voz, me peguei sorrindo ao lembrar da enorme interrogação no seu rosto quando eu parava para admirar seus complexos olhos, as lágrimas são companheiras que não cessam há algum tempo, não tenho mais que ser forte, eu só queria chorar e chorar, sempre dizem que um dia, a dor passa, mas dói tanto dentro do peito que o mínimo que pode fazer é amenizar, não acredito que algum dia eu seja capaz de superar isso, ah, e olha onde estamos novamente, tortura da mente!

"A gente precisa conversar." A voz dele me causa náuseas, e entra sem pedir licença, eu estava menos apresentável possível, de top e calcinha, não que isso seja algo que esse imbecil já não tenho visto.

"Não, a gente não precisa." Ele não parece notar como me visto, ou simplesmente ignora esse fato, o que não é incomodo algum para mim. "Eu não aguento mais esse maldito silêncio." Ele leva as mãos no cabelo, e caminha de um lado para o outro, parecendo surtar. "Me bate Angel, me xinga, grita, desconta em mim toda essa fúria que eu sei que tá aí no seu peito, porque tu pode tá triste, mas eu sei que sua raiva tá maior, então por favor faz alguma coisa!" Ele estava certo, por mais que eu não quisesse descontar nele, eu precisava, eu estava magoada, furiosa, exausta, eu estava triste, mas acima disso, eu estava perdida, e a certeza é que sempre estarei.

"Você quer o quê? Que eu jogue na sua cara que você matou ele? VOCÊ SABE QUE MATOU! NÃO PRECISA QUE EU DIGA ISSO." Encostei o dedo em seu peito. "Você quer que eu te bata?" A minha mão foi impulsiva e antes que eu pudesse controlar minha mente, ela já estava estalando no rosto do Malik. "ESTÁ FEITO!" Meus punhos estão cerrados no peito dele. "Você tirou uma das pessoas mais importantes da minha vida Zayn, você quer que eu te agradeça por isso? Quer flores e chocolates? Tudo estava tão difícil para suportar, mas ele tava la comigo, quando você se ausentou, quando você sumiu, ele estava do meu lado, e o pior de tudo, é que ele nem sequer nas últimas horas de vida, conseguiu guardar alguma mágoa de você, VOCÊ é o culpado disso, ninguém menos que o poderoso Z, que sequer paga pelas merdas que sempre faz, eu tenho uma família desolada por sua culpa, pela merda da sua possessividade, VOCÊ acabou de destruir a minha vida, e quer que eu me desgaste com isso, porque é egoísta demais pra me deixar em paz!" Soltei o ar que eu nem sabia que segurava, meu rosto estava molhado, e eu já não suportava mais nada, a última coisa que eu queria hoje era uma discussão, meu corpo pede um descanso a dias para minha mente que nem considera me deixar dormir, eu realmente não queria era ter que gritar com alguém hoje, eu não queria ver alguém hoje.

"Você acha que eu queria mata-lo? Eu nunca quis, mesmo que minhas atitudes sejam fodidas Angel, eu sabia como aquele cara era importante pra você, e eu não ousaria tira-lo da sua vida, eu nunca quis o mal para ele, porque eu nunca quis o mal pra você, olha só para mim, não durmo a dias com a culpa que to carregando, eu to fazendo isso contigo, eu to te machucando, você acha que é fácil pra mim lidar com isso? Não interessa quem eu odeie só pelo fato de ocupar um lugar no seu coração, eu não machucaria nenhum, porque assim eu estaria machucando você, e isso é a última coisa que quero fazer na vida, quando eu resolvi aceitar para mim mesmo o quanto eu amava uma pequena loira que estava dilacerando meu coração, eu aceitei que eu não sou o único a te fazer feliz, eu nem sou o melhor para isso, eu não sou digno do esforço que você faz." Ele encontrou com meu rosto, seus polegares gelados impedindo lágrimas de escorregarem, e seu olhar intenso. "Talvez, eu não mereça, e talvez você não aceite, mas eu preciso fazer isso, por você, e pelo Adam..." Uma imensidão nos castanhos, e um buraco negro no meu coração. "Me perdoa, pelo Adam, por minhas atitudes, e acima de tudo por te fazer mudar." Uma lágrima escapa de seus olhos brilhantes implorando pra que aceite o pedido de desculpas, minhas mãos tremem em cima das dele, meu lábio entre os dentes é solto para que eu possa sussurrar.

"Eu amo você."

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ELA FALOU, ELA FINALMENTE CONSEGUIU FALAR, MANO DO CÉU. FOI! AMÉM, NOSSO OTP ZANGEL TA DE PEEEEEE, AMO VOCÊS ❤

Bloodthirsty || Z.MalikOnde as histórias ganham vida. Descobre agora