Capítulo I

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Segunda-feira, oito de fevereiro de dois mil e dezesseis. É o primeiro dia de aula na escola nova. Eu adoro estudar e estou animada para fazer amigos novos! 
São exatamente seis e meia da manhã e eu já estou de banho tomado e uniformizada. Vestindo a blusa branca, com o brasão da escola que é uma águia com um cachecol verde e azul no pescoço, mais a calça jeans escura e por último, calçando um all star preto simples. 

— Bom dia, mãe! — digo, descendo as escadas.

— Bom dia, minha filha! — respondeu, sorrindo. — Dormiu bem?

— Sim, este lugar é incrivelmente calmo para dormir. —  respondi.  — E o clima é uma maravilha. 

— Bom, como hoje é um dia especial eu preparei várias coisas gostosas para você comer.  — disse, colocando um bolo de chocolate na mesa. — Você precisa tomar um café bem reforçado. 

— Uau! — respondi, surpresa. —  Não precisava se incomodar tanto, mamis! Irei aproveitar cada pedaço e levarei um pouco para comer na escola.  

— Ótimo! Eu irei colocar umas roupas na máquina rapidinho e irei te levar para a escola. —  disse minha mãe. 

—  Está bem. —  respondi, colocando o pó de achocolatado no como e misturando com o leite. 

Eu tenho uma boa relação com a minha mãe. Depois que o meu pai faleceu em um acidente de carro, nós ficamos mais unidas. Ela me dá tudo que eu preciso. E eu sou bastante otimista, gosto de manter as coisas boas e esquecer as ruins. 

— Filha, já terminou? —  perguntou minha mãe aos berros vindo da área de serviço. 

—  Daqui a pouco! Só estou comendo o pão! —  respondi, com um pedaço do pão na boca. 

O meu horário de entrada na escola é oito horas e aula deve começar às oito e vinte. Eu acordei bem cedo, pois demoro bastante no banho. E pronto. Terminei a primeira refeição do dia e fui ao banheiro escovar os dentes.

—  Manhê, já estou pronta! — gritei. 

— Então vamos. —  respondeu, sorrindo. 

E assim seguimos para fora de casa e fomos caminhando mesmo. Era bem perto, uma vantagem. 
Reparei em um trio de amigos que estava do outro lado da calçada. Dois meninos e uma menina e estavam indo para o mesmo local que eu. Tomara que sejam da minha turma.
E chegamos. O prédio era lindo, todo espelhado, o azul do lago refletia nos vidros. Estou encantada com tudo, é perfeito. 

— Filha, está tudo bem? — perguntou.

— Sim, esse lugar é impressionante. — respondi. 

— Bom, eu irei ficar por aqui. Boa sorte! — disse, sorrindo.

— Obrigada, mãe! — digo. 

Despedi-me dela e segui para dentro da instituição. É lógico que eu estou perdida, aquele lugar é imenso. E andando pelos corredores, eu esbarrei alguém.

— Perdão! — exclamei, assustada. — Eu te machuquei?

— Ah, não foi nada! — respondeu a menina. 

Era aquela menina que eu vi na rua. 

— Como você se chama? — perguntei. Eu queria fazer amizade. 

— Clarice, e  você? — perguntou, sorrindo.

— Spencer. Sou nova por aqui. — respondi. 

— De qual ano você é? — perguntou. 

— Oitavo. — respondi. — E você?

— Eu também! Bom, você não está mais sozinha! — disse, sorrindo. — Vamos, irei apresentar-te aos meus amigos. 

A Clarice é linda. Ela tem os olhos castanhos claros, cabelo de cor preta, com mexas rosas. Simplesmente com uma vibe sensacional! Ela me apresentou todos os locais importantes da escola, lá tem até um playground para crianças e jovens. Uma loucura!
Por fim, Clarice encontrou os dois amigos e os apresentou para mim. O Justin era um garoto consideravelmente alto, de olhos verdes e cabelo castanho claro. Muito bonito. O Willian é uma graça de tão simpático. Tem a cor dos olhos pretos e o cabelo azul. Icônico!

— Bem vinda! Esse é o circo high school de hallstatt. — disse Justin, com os braços abertos.

— Obrigada, eu acho. — respondi, rindo. 

— Gente, vamos para a sala? — Já está na hora. — disse Willian. 

A primeira aula de hoje é história. O tema do conteúdo é sobre Independência de Países da América e eu adoro essa disciplina. Sou muito boa.
É estranho ser  a novata, pois eu me sinto deslocada, por mais que aqueles três tenham me acolhido logo de cara. E em classes comuns já há uma panelinha de amigos formadas. E a aula começou, tudo estava tranquilo até uma menina noticiar algo.

— Mais uma criança sumiu. — disse, espantada. — É da nossa turma. 

— Quem foi? — perguntou Justin. 

— A Amberlly. — respondeu.

Quem é Amberlly? Eu mencionei que havia pesquisado sobre os desaparecimentos da cidade, mas não encontrei soluções óbvias.

— Por favor, crianças, sem pânico! — Pediu a professora. 

Eu estava com uma expressão visivelmente apavorada e o Justin percebeu. 

— Spencer, está tudo bem? — perguntou.

— Bem? Uma menina desapareceu e parece uma realidade normal para vocês. Lá em Lienz não acontecia isso! — respondi. 

— Olha, acalme-se, amiga! Aqui está sendo comum e assustador os desaparecimentos, mas ninguém ainda encontrou uma solução. — disse Clarice. 

— Antes de vir para essa cidade, eu pesquisei algumas coisas com a minha mãe. Eu já percebi que sumir sem deixar rastros é comum. — digo. 

— Não temos evidências, nem onde procurar. — disse Willian. — As autoridades não têm o quê fazer. 

— O delegado da última vez que deu entrevista, disse que pediu ajuda para um padre. Loucura. — disse Justin. 

— Em um fórum qualquer na internet, encontrei teorias sobre uma figura sobrenatural chamada Slender Man. — digo. 

— E você acredita? — perguntou Willian.

— Sinceramente? Não. — respondi. — Eu sou alguém que prefere as respostas óbvias, fatos comprovados, algo que eu vejo. 

— Então você não acredita em forças místicas? — perguntou Clarice.

— Não, não é sobre isso. Eu só acho que especificamente nesse caso de sequestro, tem algo por trás que tem como ser provado. — respondi. 

— É, você tem um ponto. — disse Justin. 

Nós ficamos em silêncio por alguns minutos. A professora de história tinha saído de sala antes mesmo de terminarmos a conversa. Cochichos para lá e para cá, parece que todos da sala deixaram a ficha cair sobre a situação. Eu estou preocupada, mas bastante curiosa.

Slender Man - O Conto [Livro 1]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن