Em um ápice de segundo, Alice se jogou na minha frente, recebendo o tiro em meu lugar. Ela foi caindo de costas para mim lentamente, e demorou alguns segundos, para que percebesse o que realmente havia acontecido. Não sabia como reagir, estava em choque. Não queria acreditar no que tinha acabado de acontecer.
- ALICE! - Gritei, ao me abaixar subitamente e colocar sua cabeça em meu colo - meu Deus, porque você fez isso! Vai ficar tudo bem, eu vou cuidar de você. Vai ficar tudo bem. - Repetia descontroladamente.
Não pude evitar que lágrimas caíssem dos meus olhos. Ela era minha melhor amiga, não podia perdê-la daquela forma. Não me perdoaria se acontecesse algo a ela.
A escuridão da noite tornou aquele cenário ainda mais assustador. Os postes que iluminavam aquela esquina estavam apagados, tendo apenas a luz da lua sobre nós. Tirei minha camisa e pressionei-a sob o local, - próximo ao seu peito -, onde sangrava muito. Liguei para a ambulância transtornado, minhas mãos tremiam e por um momento, pensei que não conseguiria discar os números corretos.
Dona Mariana veio correndo em nossa direção, chorando desesperadamente. Em um gesto descontrolado, ajoelhou-se ao lado de Alice. Foi nesse momento que vi Richard com Lana, segurando uma arma em sua cabeça.
- Deixe ela em paz, por favor! - Gritei, tentando provocar uma vã consciência naquele homem.
- Se você se aproximar, eu mato ela. - Falou, frio. Os olhos escuros eram irreconhecíveis, tomados pelo ódio. Definitivamente, eu não conhecia aquele homem.
- Você é um monstro! - Gritou Dona Mariana, desesperada - A minha sobrinha... olha o que você fez a minha menina! Meu Deus, isso não pode está acontecendo...
E foi nesse momento, que ela desmaiou.
Eu estava sozinho, com Alice em meus braços, sem saber o que fazer. Eu não podia deixar que ele a levasse, mas também não podia deixar Alice sozinha. O que eu faria?
- Solta ela, seu canalha! - Gritei.
- E o que você pode fazer garoto? - Ele riu - Ela é minha mulher e vai comigo! Tenho contas a acertar com essa vagabunda, não se meta nisso!
- Deixa ela em paz. Por favor! - Falei, minha voz embargada pelo choro recente, suplicando compaixão daquele homem que um dia fora meu pai.
- Ricardo, cuida da Alice... Não se preocupe comigo. - dizia Lana, aos prantos.
E depois disso, eu não pude fazer nada. Rapidamente, Richard encaminhou Lana até seu carro e saiu em disparada. Meu coração se partiu em mil pedaços, era tudo culpa minha. Eu havia perdido Lana e agora, Alice estava morrendo em meus braços. O que eu faria?
Alice estava acordada, mas não dizia uma única palavra, parecia estar sonolenta. Continuei pressionando o ferimento com uma das mãos, aguardando desesperadamente a chegada da ambulância.
Ela virou seus olhos na minha direção e passou a me observar atenta.
- Rick... - dizia, com a voz fraca - você precisa ir atrás de...
- Shh! - a interrompi - Não se esforce, vai ficar tudo bem, Alice. - Falei, acalmando-a.
Ela começou a fechar os olhos lentamente e tive medo de que estivesse indo embora para sempre.
- Não durma, Alice. Fique aqui, por favor!
- Eu... Eu estou com muito sono...
Então, ela desmaiou. Continuei pressionando o local e aproximei meu ouvido do seu coração, estava batendo. Senti um profundo alívio. Permaneci naquela posição, sentindo um desespero que nunca havia sentido antes. Eu não podia perdê-la , ela era muito importante para mim. A ambulância chegou poucos minutos depois, levando Alice e Dona Mariana ao hospital. Logo em seguida, fui até a delegacia e denunciei o sequestro de Lana.
ESTÁ A LER
ARCANO (COMPLETO)
General Fiction1°lugar no concurso Rosas Douradas Vencedor #Watson 2018 ⭐Versão wattpad Ricardo é um adolescente marcado por um passado triste e cercado pelos mistérios que envolvem a morte de sua mãe, o que fez com que ele, aos poucos, se tornasse isolado do mun...