Capítulo 19

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Em um ápice de segundo, Alice se jogou na minha frente, recebendo o tiro em meu lugar. Ela foi caindo de costas para mim lentamente, e demorou alguns segundos, para que percebesse o que realmente havia acontecido. Não sabia como reagir, estava em choque. Não queria acreditar no que tinha acabado de acontecer.  

- ALICE! - Gritei, ao me abaixar subitamente e colocar sua cabeça em meu colo - meu Deus, porque você fez isso! Vai ficar tudo bem, eu vou cuidar de você. Vai ficar tudo bem. - Repetia descontroladamente.

Não pude evitar que lágrimas caíssem dos meus olhos. Ela era minha melhor amiga, não podia perdê-la daquela forma. Não me perdoaria se acontecesse algo a ela.

A escuridão da noite tornou aquele cenário ainda mais assustador. Os postes que iluminavam aquela esquina estavam apagados, tendo apenas a luz da lua sobre nós. Tirei minha camisa e pressionei-a sob o local, - próximo ao seu peito -, onde sangrava muito. Liguei para a ambulância transtornado, minhas mãos tremiam e por um momento, pensei que não conseguiria discar os números corretos.

Dona Mariana veio correndo em nossa direção, chorando desesperadamente. Em um gesto descontrolado, ajoelhou-se ao lado de Alice. Foi nesse momento que vi Richard com Lana, segurando uma arma em sua cabeça.

- Deixe ela em paz, por favor! - Gritei, tentando provocar uma vã consciência naquele homem.

- Se você se aproximar, eu mato ela. - Falou, frio. Os olhos escuros eram irreconhecíveis, tomados pelo ódio. Definitivamente, eu não conhecia aquele homem.

- Você é um monstro! - Gritou Dona Mariana, desesperada - A minha sobrinha... olha o que você fez a minha menina! Meu Deus, isso não pode está acontecendo...

E foi nesse momento, que ela desmaiou.

Eu estava sozinho, com Alice em meus braços, sem saber o que fazer. Eu não podia deixar que ele a levasse, mas também não podia deixar Alice sozinha. O que eu faria?

- Solta ela, seu canalha! - Gritei.

- E o que você pode fazer garoto? - Ele riu - Ela é minha mulher e vai comigo! Tenho contas a acertar com essa vagabunda, não se meta nisso!

- Deixa ela em paz. Por favor! - Falei, minha voz embargada pelo choro recente, suplicando compaixão daquele homem que um dia fora meu pai.

- Ricardo, cuida da Alice... Não se preocupe comigo. - dizia Lana, aos prantos.

E depois disso, eu não pude fazer nada. Rapidamente, Richard encaminhou Lana até seu carro e saiu em disparada. Meu coração se partiu em mil pedaços, era tudo culpa minha. Eu havia perdido Lana e agora, Alice estava morrendo em meus braços. O que eu faria?

Alice estava acordada, mas não dizia uma única palavra, parecia estar sonolenta. Continuei pressionando o ferimento com uma das mãos, aguardando desesperadamente a chegada da ambulância.

Ela virou seus olhos na minha direção e  passou a me observar atenta.

- Rick... - dizia, com a voz fraca - você precisa ir atrás de...

- Shh! - a interrompi - Não se esforce, vai ficar tudo bem, Alice. - Falei, acalmando-a.

Ela começou a fechar os olhos lentamente e tive medo de que estivesse indo embora para sempre.

- Não durma, Alice. Fique aqui, por favor!

- Eu... Eu estou com muito sono...  

Então, ela desmaiou. Continuei pressionando o local e aproximei meu ouvido do seu coração, estava batendo. Senti um profundo alívio. Permaneci naquela posição, sentindo um desespero que nunca havia sentido antes. Eu não podia perdê-la , ela era muito importante para mim. A ambulância chegou poucos minutos depois, levando Alice e Dona Mariana ao hospital. Logo em seguida, fui até a delegacia e denunciei o sequestro de Lana.

ARCANO    (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora