- Acontece que Mr. Wallace não tem possibilidade de a ir buscar e incubio-nos de vir até aqui.

- Quem é que são vocês, miúdos? O que é que aconteceu à pessoa que fez a encomenda?- a palidez de Tom continuava a aumentar.

Ava engoliu em seco e sussurrou:

- Faleceu.

- Saiam daqui imediatamente. Está na hora do fecho.

- Mas estamos a meio da tarde.- protestou Daniel.

O homem ignorou-o e pediu aos outros clientes que saíssem da loja. Pegou no casaco e no chapéu de chuva e apressou-se a sair para a rua.

- Espere!- gritou a ruiva.

Os jovens começaram a andar atrás dele.

- O senhor sabe algo, não sabe? E de certeza que também sabe que o nome dele não era Henry mas Isaac.- continuou ela.

- Shiuu, rapariga! Não interessa se ele morreu, ainda há uns de nós que estão por cá e querem continuar aqui.

- De quem é que tem medo? Não está aqui ninguém, não há ninguém a seguir-nos.- constatou Daniel.

- Se realmente estão metidos nisto não podem ser tão ingénuos. Eu mudei-me para aqui a pensar que me poderia afastar e começar de novo, todavia eles estão por todo o lado. Também não percebi ao início contudo eles nunca me largaram.

- Quem é que nunca o largou? Se também estamos em perigo ajude-nos a ser mais cuidadosos.

- Querem estar seguros? Voltem para casa, esqueçam isto tudo e vivam as vossas vidas.

- Isso não vai acontecer.- vociferou Ava.- Nem pense que eu fiz este caminho todo até aqui para receber um não como resposta.

O senhor parou por uns segundos e olhou para a rapariga com os seus intensos olhos cor de caramelo como se tivesse acabado de resolver uma equação complicada.

- Venham por aqui. Sigam-me, depressa antes que eles nos vejam.

O trio seguiu-o até um café não muito longe da loja. Nele sentaram-se numa mesa um pouco escondida num canto e fizeram os respetivos pedidos.

- Digam-me porque é aqui estão e de onde vêm.- pediu Tom.

Assim, Ava relatou tudo o que acontecera desde a morte de Isaac, passando pela descoberta da encomenda feita pelo mesmo até ao momento presente.

- A verdade é que pouco ou nada sabem, contudo são jovens inteligentes mais tarde ou mais cedo vão acabar por descobrir uma boa parte disto tudo.- os jovens aproximaram-se do homem com os olhos a brilhar à espera do que ele diria.- Não posso dizer que eu e Isaac fôssemos amigos ou sequer chegados, simplesmente as nossas vidas cruzaram-se devido a uma série de eventos. Os homens que o mataram e que foram atrás de vocês fazem parte de uma seita ou organização oculta e bastante poderosa que tem influência na política, economia, tecnologia entre outros. Claro que esta organização é bastante exclusiva e os seus membros fazem parte das mais altas camadas da sociedade. A identidade dos seus membros é totalmente secreta, todavia com os anos passei a conseguir detetá-los a quilómetros.

- Se essa tal seita ou organização é tão secreta como que é a conhem? E o que é que fizeram para eles quererem vir atrás de vocês?- interrogou David.

O livreiro fez uma expressão que mostrava que aquela era uma pergunta difícil e demorou algum a tempo a bebericar o café até responder:

- Como devem perceber eu não vos posso contar tudo, este pouco que vos disse já me põe a mim e a vocês em grande perigo. Aquilo que é fundamental que retenham é que eles são bastante poderosos e perigosos. Farão de tudo para tirar do caminho quem quer lhes tente fazer frente. Podem reparar no meu exemplo e de Isaac, ambos tivemos de desistir dad nossas vidas. Eu pelo menos consegui abrir um negócio em Edimburgo no entanto o vosso conhecido teve de começar a viver na rua e mesmo assim mandaram alguns dos seus para tratar dele.

- Está a dizer que Isaac se tornou sem-abrigo para fugir deles? E como tem tanta certeza que não foi apenas uma pessoa apenas que o assassinou?- questionou a ruiva.

- Ao tornar-se sem-abrigo ele não tinha quaisquer contas ou contratos que deixassem um rasto ou uma pista sobre onde se encontrava. Quanto à segunda pergunta, nunca vi nenhum deles sozinho, no mínimo andam aos pares.

- Na noite anterior a Isaac morrer atendi um cliente estranho que estava a usar este anel.- disse Ava pondo o anel na mesa.- No dia seguinte David encontrou-o em minha casa.

- Guarda isso e não deixes que ninguém o veja, Ava. Tomem muito cuidado e não me voltem a contactar.- Tom começou logo a levantar-se para ir embora.

- Espere! Como é que sabe o meu nome se eu não lho disso?

O livreiro olhou para ela com ternura e alguma nostalgia e disse:

- Lembras-me alguém que conheci numa vida anterior. Apreciem o vosso lanche.- o senhor pagou a conta e desapareceu.

- Ava, Ava!- Daniel chamou-a.

Os rapazes já tinham quase acabado de comer mas a fatia de tarte da amiga continuava intacta. A rapariga tinha o cotovelo na mesa e a cabeça apoiada na mão com um ar pensativo.

- Como é que ele conhece a minha mãe?- pensava ela.

A DemandaWhere stories live. Discover now