Capítulo 41 - "Medo"

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Peço que não deixe spoilers nos comentários. Contudo, não deixe de comentar sua reação com essa grande revelação.

As fases de injeções haviam acabado. Lucy dormia um sono escuro, sem trevas e sem vida.

Assim que acordou, meio perdida, percebeu que seu corpo estava livre das amaras da mesa de tortura. As pessoas a observando também já tinham sumindo. Sobretudo, assim que se moveu pela primeira vez, sentiu uma dor aguda perfurar seu pescoço. Levando as mãos até o mesmo, constatou que estava normal, sem ferimentos ou objetos o perfurando. Apenas aquela dor estranha que se manifestava pouco acima dos ombros até o queixo.

Levando as mãos ao pescoço para ver o que causava a dor, Lucy abriu os olhos e viu que estava de volta a uma cela. Não a sua antiga cela, uma nova.

Um portão de ferro maciço, com uma portinhola fechada, era a única saída do lugar lacrado por paredes de pedra. E embaixo do portão uma fenda de luz era o único meio de claridade que existia dentro da cela.

Percebendo que não tinha nenhum ferimento, ou objeto causando a dor em seu pescoço, Lucy levou as mãos aos olhos e depois na boca.

O escuro da cela não a assustava, na verdade, gostou de estar no escuro. Sentia seu corpo mudado. Nada visível. Algo interno que só Lucy podia sentir. Tudo ao redor tinha se tornando diferente e teve medo dessa diferença. Mas o escuro a protegia naquele momento.

...

Fernanda a incentivava na luta contra o medo.  Derrota-lo. Angelina queria muito seguir o concelho. No entanto não sabia por onde começar.

– Eu... eu não sei por onde começar – disse com uma voz embragada. – Eu não sei. – Levando as mãos no rosto, uma sensação de abandono com desespero a tomou.

Sentia-se fraca para lutar.

– Estamos aqui para te ajudar, meu amor. – Foi quando em meio ao escuro de fraqueza, Angelina ouviu a voz e o toque de Gabriel em seus ombros. Sem hesitar ela retirou as mãos dos olhos e o viu. – Não precisa enfrentar tudo sozinha – concluiu ele, parado em sua frente, a olhando com ternura.

Os olhos violetas de Gabriel a observavam com intensidade. Olha-los trazia uma paz e uma força paranormal. Mais paranormal do que ela própria.

– Comece falando – disse Fernanda logo atrás de Gabriel. – Pôr para fora sempre é bom.

Com as palavras da amiga, sua mente viajou. Viajou para o dia em que começou a descobrir o inferno.

...

Passou o que pareceram dias trancada naquele lugar. Não sentiu fome, somente uma sede absurda. Sede essa que sabia plenamente não ser de água.

Quando já não suportava mais a situação, o portão de metal que a mantinha trancada, se abriu.

O rangido que o portão fazia ensurdecia seus tímpanos de tal maneira que Lucy não teve escolha senão apertar os ouvidos com toda sua força. Para piorar, a claridade que se mostrou com a abertura do portão começou a cegar seus olhos. Lucy sentiu vontade de correr daquela porta, mas para onde? Não havia lugar para fugir.

Sendo assim, Lucy fez o impensável. Se jogou em meio a claridade e encarou seus perigos. Porque de qualquer forma ela sabia que atrás daquela porta era o mundo real, onde encontraria ajuda. O que não aconteceu.

Lucy foi novamente pega e testes começaram. Testes que a fizeram descobrir o monstro que havia se transformado. O monstro que saciava a sede com sangue.

...

– Não consigo – disse Angelina. – Não consigo. – Suas pernas se tornaram fracas e seu corpo cedeu.

PROMETIDOS (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora