Capítulo 5

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-O-o quê... -V olhava por todos os lados, confuso. Ele olhava para mim, deitado na cama, parecia revigorado -o que não era novidade-.

-Você está bem? -Perguntei, agachada ao seu lado segurando uma xícara de chá.

-O que é isso? -Ele rapidamente se sentou, colocando a a mão em meu rosto passando levemente por cima de meus machucados. O garoto pegou meu braço fazendo com que eu gemesse de dor, o preocupando ainda mais. -E-eu fiz isso? -Ele olhava assustado.

-Ahm... -Antes que eu pudesse responder algo, ele me interrompeu.

-Sim, eu fiz, eu posso ler sua mente. -Ele se levantou da cama, indo rapidamente em direção a sala.

-V! -Fui correndo atrás dele, o vendo paralisado olhando para a sala destruída. O garoto não se movia. -Ei, está tudo bem, você está bem agora, não se preocupe.

Não adiantava o quanto eu implorasse para que ele ficasse, a escolha não era minha. V saiu correndo de casa, não pude alcançá-lo pois assim que fui segui-lo, ele moveu uns móveis para que fechassem a porta antes que eu pudesse passar. A magia durou tempo o suficiente para que eu o perdesse de vista. Droga.

Três meses se passaram desde aquele dia. Eu não conseguia encontrar o paradeiro de V -claro que ficar em casa não ajudava- mas o que eu poderia fazer? Eu morava no meio do nada, não tinha muita grana para sair pelo mundo afora procurando por um garoto metade humano e metade alien. V tinha seus poderes e já estava adaptado o suficiente para viver sozinho, ele não precisava de mim, talvez nem se importasse de verdade, apenas estava procurando uma maneira de se estabilizar e em seguida dar no pé. Eu fui a otária que achou que por algum momento, nem que fosse apenas um segundo, ele quisesse ficar.

As noites eram solitárias e frias, eu sentia falta de algo, de alguém. Eu havia me prendido tanto a V que não conseguia mais me acostumar a ficar sem ele, era doloroso. É burrice dizer que eu sinto falta dele, logo dele que tem o mesmo gene das criaturas que mataram meus pais, essas criaturas cruéis e sem coração. Eu sentia sua presença por toda a casa, por todos os cantos em todos os momentos, achei que poderia superar porém estava enganada. Meu quarto lembrava o dia em que nossos lábios se tocaram, a cozinha e a sala os lugares em que mais nos divertimos e demos risadas, o banheiro... Ah! Possuía o perfume que ele adorava usar sempre que saía do banho.

Era hora de sair dali.


Um Garoto de Outro Mundo [HIATUS]Where stories live. Discover now