Estava sentada encostada na mesma árvore que me refugiei no primeiro dia, a luz do lampião fazia sombras fantasmagóricas a minha volta, riscava alguns desenhos aleatórios na Folha de caderno que tinha encontrado entre minhas coisas e olhei de soslaio para o pequeno diário ao meu lado, depois de insistir muito e ter que pedir para o Chuck me ajudar, conseguimos convencer Minho de pegar escondido o Diário das coisas do Alby, o que foi bastante engraçado de assistir quando ele saiu resmungando em direção a casa de mapas como se estivesse cometendo um crime.
Já estava mais conformada de não me tornar corredora e estava tentando distrair-me dos meus próprios pensamentos quando ouvi alguns galhos sendo quebrados a medida que alguém se aproximava, olhei para cima e vi Newt.
- O que faz aqui? - Perguntou e observei com os olhos atentos um dos bezeouros robôs subir por uma árvore um pouco mais a frente.
- Estou dormindo, não vê? - Perguntei um pouco mais rude do que pretendia.
- Ainda está brava? - Perguntou com um suspiro.
- Não, eu estou? - Perguntei e o observei sentar ao meu lado.
- Você é uma garota complicada, alguém já te disse isso?. - Ele Resmungou, dei de ombros.
- Ao contrário eu me acho bem simples. - Falei fazendo um homem de varetinha em uma Folha avulsa do caderno.
- Lembrou-se de algo? - Perguntou, neguei frustrada.
- Não li o Diário ainda, meus pensamentos estão uma bagunça. - Falei franzido o cenho e um silencio constrangedor se instalou.
- Você parece bem distraído nos últimos dias. - As palavras escaparam da minha boca, e corei ao imagina-lo achando que eu prestava atenção nele durante o dia. O que não era totalmente mentira. Ele piscou.
- Andei pensando em algumas coisas que aconteceram... Mais não te preocupe estou bem. - Respondeu olhando para as estrelas além das copas das árvores.
- Entendi. - Murmurei um pouco aliviada, ele abriu um sorriso de lado.
- O que você está desenhando? - Perguntou, conclui meu desenho que nada mais era que uma péssima versão dos clareanos em "palito" com o Alby tendo um par de chifres no meio e o mostrei.
- Aprecie minha obra de arte. - Falei um sorriso surgindo em meu rosto ao ver a careta que ele fez.
- Uou, você é pessima. - Falou rindo, tentei continuar seria mais acabei por rir.
- Não sou boa em desenhos, mais distrai um pouco. - Comentei com um suspiro, ele se deitou e me surpreendendo colocou a cabeça sobre meu colo.
- N-Newt? - Indaguei envergonhada. Ele abriu os olhos olhando meu rosto.
-Posso ficar assim? - Perguntou gentilmente apesar de seus olhos estarem tristes, não respondi e ao invés disso comecei a fazer cafune em seu cabelo loiro.
- Isso são coisas que as mães costumam fazer. - Comentei e ele concordou com um aceno leve de cabeça.
- Você não esta bem, não é? - Perguntei e ele desviou os olhos do céu para o meu rosto.
- Vou ficar. - Respondeu e corei ao me ver olhando demais para o seu rosto.
- Depois eu que sou complicada. - Resmunguei de forma gentil. ele sorriu minimamente.
- O que queres dizer? - Indagou.
- "Andei pensando em algumas coisas que acinteceram..." - Repeti o que ele tinha dito antes falhando horrivelmente em imitar seu sotaque, ele deu risada.
- Agora, neste momento, ainda está brava comigo? - Perguntou.
- Não, não estou. - Respondi me distraíndo com seus fios macios.
- Se quiser conversar, estou aqui. - Falei em um sussurro, ficamos alguns minutos em silêncio algumas vezes me pegava olhando seu rosto me perguntando o que passava por seus pensamentos.
-Sabe antes eu não me importava de morrer, já estava cansado de estar neste raio de lugar, mais ultimamente. - Ele engoliu em seco e abriu os olhos me olhando.
- Acho que estou com medo. - Falou corando um pouco.
- Talvez você tenha encontrado algum motivo para querer continuar vivo. - Sugeri ouvindo o barulho do labirinto mudando. Ele ficou em silencio como se considera-se minhas palavras.
-Acho que tens razão.
- Eu sempre tenho. -Falei sarcástica e ele riu.
Ficamos conversando por mais alguns minutos e acho que peguei no sono sem perceber.
Acordei sentindo alguém me pegar no colo e abri os olhos lentamente.
_ Mais o que...? - Murmurei sonolenta.
_ Shh sou eu. - Ouvi a voz de Newt em meu ouvido e me permiti encostar a cabeça em seu ombro, ele andou por alguns minutos e o senti me por na minha rede.
_ Boa noite. - Ele sussurrou beijando minha testa.
_ Boa noite. - Sussurrei adormecendo.
(...)
Clarice, esse era o nome da garotinha que tinha morrido, já tinha lido boa parte do seu diário e confesso ter me decepcionado em certas coisas, achei que ali haveria toda uma conspiração contra o cruel mais ela parecia fanática pelo "trabalho" que ali eles faziam, ela descrevia com detalhes todos os desenhos e tecnologias que usaram na construção dos labirintos. Tinha sido uma grande surpresa quando li "Dos labirintos" havia mais de um então? Ela não falou mais nada sobre a existencia de outros labirintos mais o simples plural colocado na frase já me era suficiente.
Parecia ter algumas folhas arrancadas no meio do pequeno livro mais uma parte de uma folha ficou e o que estava escrito me deu voltas no estomago.
"Hoje a Melissa e o Thomas fazem um mês de namoro, pensei em parabeniza-los mais a vi correr para alá do fulgor.."
Quase engasguei nessa parte.
Eu e THOMAS. Virei a pagina.
O resto contava sobre seus sentimentos e a falta de seus pais que foram mortos por uma doença chamada.
- Fulgor... - Ouvi uma voz atrás de mim dizer e em um pulo fechei o Diário, meu coração faltou sair do peito.
- Newt! - Resmunguei o olhando feio, escondi o diário no bolso do jeans ele deu um sorriso e depois franziu o cenho.
- O que é isso? - Perguntou e levei alguns segundos para entender que ele estava se referindo ao "fulgor".
- Não sei, uma doença eu acho, os pais de Clarice morreram com isso. - Expliquei o acompanhando até onde o almoço estava sendo servido e continuei explicando o que havia lido, pensei em dizer sobre a parte em que... Bem, seria embaraçoso, optei por não contar aquilo.
- Ela parecia uma grande devota do Cruel. - Falei pegando um prato nervosamente.
- Estranho porque a matariam se ela era tão fiel assim? - Indagou e dei de ombros.
- Sinceramente? Não sei, acho que tudo isso está se formando como um grande quebra-cabeças. - Respondi e o vi suspirar. Olhei para seu rosto e decidi não contar a ninguém sobre aquilo entre Thomas e eu, era passado afinal, e uma informação desnecessária.
- Tens razão de qualquer modo me deixe a par de tudo está bem? - Perguntou, concordei surpresa ao vê-lo sentar em nossa mesa, fazia alguns bons dias que ele não fazia isso.
- Hey Tommy, o que foi? - Newt perguntou encarando o moreno.
- Alby e Minho ainda não voltaram, já era para estarem aqui. - Respondeu e pude ver aflição em seu olhar comemos em um silêncio tenso, Minho era o melhor, conhecia o labirinto como a Palma de sua mão, não podia estar perdido.
- Eles vão conseguir voltar. - Concluiu Newt engolindo em seco e desviando o olhar.
- E se não voltarem? - Perguntei o fitando.
- Eles vão conseguir. - Repetiu com mais convicção e me encarou, seus olhos tinham dúvidas mais resolvi concordar.
- Acreditem aqueles dois conhecem o labirinto mais que todos nós aqui. - Murmurou, e se levantou saindo da mesa, ficamos longas horas sem notícia de Minho e Alby, estava com a cabeça nas nuvens enquanto fazia meu trabalho e acho que todos estavam do mesmo modo, o sol estava para se pôr quando todos nós nos reunimos na entrada do labirinto.
- Vou atrás deles. - Anúnciou Thomas que estava ao meu lado em silêncio até então. - Eu posso acha-los devem estar precisando de ajuda e...
- Sabe que é contra as regras ou eles voltam ou não voltam. - Resmungou Gally.
Podia sentir a tensão fluir de Newt que não tirava os olhos do labirinto.
- Quantos minutos faltam? - Perguntei em um sussurro a Chuck, o pobre menino também parecia nervoso.
- Alguns minutos, 5 talvez. - Respondeu e senti como se tudo ao redor girasse.
- Vamos Minho... Por favor. - Sussurrei sentindo um certo desespero tomar conta de mim.
Os olhos de Newt encontram com os meus por alguns segundos e desviei o olhar novamente para o labirinto, desta vez vi algo, bem a frente.
- Olha lá! - Gritou Jack, forcei minha vista vendo Minho todo vermelho carregando Alby nos ombros, as portas começaram a ranger e marchar lentamente ao fechamento.
- Minho vamos! - Gritei, ao coro de vozes que faziam o mesmo.
- Não vão conseguir. - ouvi Newt murmurar ao meu lado.
Vi no rosto de Thomas o que ele estava prestes a fazer.
Ele me olhou e senti que tínhamos entrado em um impasse.
Antes que eu mesma pudesse ver tinha corrido atrás de Thomas adentrando entre as paredes que cada vez ficavam mais apertadas e tive a impressão de que Newt tentará me puxar de volta.
- Melissa, Thomas! - Ouvi-lo gritar e mordi o lábio, não dava mais para voltar.
Cai ao lado de Tom quando as portas se fecharam ofeguei processando tudo que tinha acontecido e lentamente me levantei.
- Bom trabalho. - Falou Minho escorando-se no muro e pondo a cabeça entre as mãos.
- Agora será uma morte coletiva, quem quer ser o primeiro? - Murmurou e nos olhou, olhei para Thomas que engoliu em seco.
- Minho mais não...
- Não, Thomas. - O coreano o cortou. - Não tem "mais", ninguém nunca sobreviveu a uma noite aqui. - Explicou.
- Não seremos a exceção.
ESTÁ A LER
The Maze Runner --- Is It Love? --- [Interrompida]
Science Fiction"Amor, uma palavra pequena mais tão cheia de significados, uma simples palavra que, quase esta extinta nos dias de hoje, mais não para mim, ali tinha encontrado um novo lar, uma razão pela qual lutar, alguém por quem lutar, uma família mesmo que c...