First consultation

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— Minha primeira consulta será com Justin?

— Sim, serão as primeiras do dia, não quero que você vá atormentada demais para casa. A agenda aqui é sempre dessa forma: primeiro os mais agressivos, depois os mais simpáticos, para limpar sua mente. Não é fácil trabalhar aqui, Nora.

— Eu sei disso — suspirei. — Vou dar o meu melhor.

— Tenho certeza que sim — ela sorriu.

Continuamos conversando sobre como seria o expediente, depois nós cuidamos de tudo o que restava para a contratação. Conversar com Cloe me deixava calma e assustada ao mesmo tempo. Ela tinha aquele ar superior que a deixava com classe, era simpática quando preciso, mas tinha certo mistério em seu jeito de ser, como se ela estivesse escondendo algo.

Quando eu cheguei a Flowood após o término da faculdade, meu objetivo era ficar apenas algumas semanas para matar a saudades que estava de Aaron e todos os outros conhecidos. Sendo uma cidade pequena, eu não teria muitas oportunidades de emprego, então pretendia voltar para Washington e continuar minha vida por lá. No entanto apenas uma ligação mudou meus planos. Era Cloe, eu a conhecia apenas de vista, nada de mais, nunca tínhamos trocado muitas palavras. Quando ela ofereceu o emprego, dizendo que ficou sabendo que eu tinha me formado e pretendia sair definitivamente da cidade, eu vi a oportunidade perfeita de continuar perto de meu irmão e alguns antigos amigos. No começo eu fiquei com um pé atrás, pois não fazia ideia do motivo para que ela tivesse feito a proposta, mas tentei ignorar, então aceitei, mesmo sabendo que não seria um emprego fácil.

— Mandou me chamarem? — Emma disse, entrando no escritório de Cloe.

— Mandei sim, Emma. Quero que acompanhe Nora em um tour pela clínica e mostre as salas que ela fará as consultas.

— Claro, será um prazer — ela sorriu para nós duas.

— Tenha um bom primeiro dia, Nora — Cloe desejou enquanto eu saía pela porta.

— Obrigada — dei um último sorriso, fechando a porta e respirando fundo.

Emma também tinha aquele mistério intrigante em seu jeito de ser. Bem, talvez fosse coisa da minha cabeça, ou talvez aquele lugar transformasse as pessoas. Não seria surpresa para mim que eles escondessem vários segredos, pois muitas coisas devem ser ouvidas nos corredores e quartos, coisas que deveriam continuar guardadas, que não poderiam se atrever a sair da boca de alguém que não estivesse envolvido.

— Você trabalha aqui há muito tempo? — perguntei, apenas para puxar assunto e diminuir o clima estranho que aqueles corredores deixavam.

— Uns oito anos — deu de ombros.

— Então você viu quando Justin chegou aqui.

— Não existe uma pessoa nessa cidade que diga que não viu nada. Bem, menos você, é claro.

— Saí da cidade com quatorze anos, mas não me lembro de Justin, nem mesmo o nome me parece familiar.

— Isso é estranho, pois a família Bieber vive aqui há anos — ela entortou o olhar para mim. — Vocês estudaram na mesma escola, só que ele é um ano mais velho.

— Eu realmente não consigo me lembrar dele — dei de ombros. — Bem, talvez não seja uma cidade tão pequena quanto parece.

— É, talvez — ela deu um sorrisinho estranho. — Vamos continuar, temos uma clínica inteira para conhecer.

Emma começou a me mostrar todos os quartos e salas, me apresentou para vários funcionários e pacientes, me explicou sobre algumas coisas necessárias da clínica e, por fim, me mostrou minhas duas salas: a para pacientes calmos e a para pacientes agressivos. Definitivamente, a sala para pacientes calmos era mais aconchegante, eu preferia tratar apenas deles. A outra era muito sombria, mal tinha luz, pois eles disseram que era algo que incomodava os pacientes, parecia uma prisão e era aterrorizante pensar em ficar sozinha com eles ali. Tudo bem que alguns seguranças estariam do lado de fora e eu teria um aparelho para chamá-los caso fosse preciso, porém era assustador de qualquer forma.

Mental DisorderWhere stories live. Discover now