8- GREEN!!!

2.9K 235 30
                                    

—Posso te contar uma coisa?— Sussurrei abafado contra seu peito, conforme ela me abraçava. O efeito do calmante havia passado depois de uma longa noite de sono.
—É claro, minha querida.— Seu rosto estava posicionado no topo da minha cabeça, de modo a fazê-la sentir o aroma do meu cabelo.
— No meu primeiro dia na empresa... Sabe o carro que estava na sua vaga? — Gaguejei, com certeza ela me mataria.
—Era seu, eu sei.
—Como?— Sua resposta rápida havia me espantado.
—Bom, era o único carro que nunca tinha aparecido na empresa antes e por algum motivo teria aparecido bem no seu primeiro dia. Nosso porteiro avisou também e eu não estava no telefone, fingi para você escutar que eu estava brava por ter "roubado" minha vaga.— Ela falou com tranquilidade na voz, como se aquilo não lhe importasse e eu acabei rindo por lembrar de como eu quase infartei com toda aquela situação. Regina me acompanhou nas risadas e depois se levantou um pouco e ficou de frente para mim, podendo me olhar nos olhos.
—Emma... Você está bem?— Seus olhos eram lindos, ainda mais quando aparentavam preocupados.
—Estou mais calma, obrigada por ter ficado aqui comigo.— Ela não disse nada, só voltou a me envolver no conforto dos seus braços e eu não recusei, descansando meus olhos cansados outra vez.
Quando acordei já era tarde, olhei para o lado e estava sozinha na cama, limpei meus olhos embaçados e pude ver um bilhete, logo estiquei minha mão para alcançá-lo.

Não! Eu não te deixei sozinha justo hoje, na verdade, vou fazer melhor que isso. Então se arruma e eu volto para te buscar às 17:00.

Me levantei e fui para o banho, fiquei o tempo que foi necessário para meus pensamentos se estabilizarem, saí penteando os cabelos molhados e fui me arrastando até o guarda-roupa, peguei um cropped vermelho de lã e manga longa, minha calça jeans de cintura alta e minhas botas. Fiz tudo o que foi necessário para ficar ao menos apresentável e ainda sim acabei antes de Regina chegar. Sentei-me na beira da cama e fiquei em silêncio, aquele quarto estava um silêncio.
Olhei para o lado e vi que a carta ainda estava ali, um tanto amassada, me mostrando como tudo aquilo era tão injusto. Estiquei a mão até ela e a segurei com força, ainda machucava, me levantei e caminhei em passos lentos até o banheiro, apertando o pedal do lixo e encarando o mesmo com a carta na mão, até que o interfone tocou e eu precisei respirar fundo e seguir até a sala para atender.

—Sim?
—Regina mills, senhorita.— Disse archie, era tão estranho ter que ouvi a voz dele.
—Estou descendo.— Desliguei.

Peguei a bolsa e sai batendo a porta, cada passo que eu dava na escada percebia os olhares de dó que depositavam em mim, alguns até me davam pêsames como se apenas eu convivesse com ela naquele lugar inteiro. Eu amava Granny, mas não podia viver com culpa. Assim que cheguei, avistei Regina como sempre encostada no seu carro, completamente maravilhosa com os óculos de sol na cabeça e suas roupas caras, sorri e ela retribuiu quando me viu. Me aproximei e ela apertou suas mãos que eu tanto apreciava em minha cintura, me olhando nos olhos.
Aproximou seus lábios avermelhados da minha bochecha e selou um beijo ali e eu apenas revirei os olhos sorrindo, logo abriu a porta para que eu entrasse e assim o fiz, deu a volta e eu a acompanhei com o olhar até que ela entrou no carro. Ficou tudo em silêncio por um tempo até que..

—Oizinho, Emma.— Uma voz animada, parecendo o Alvin do desenho animado falou do banco de trás e eu me virei para ver.
Um pequeno menino branquelo dos cabelos castanhos e dos olhos imensos, era lindo e com certeza era Henry. Ele estava preso na cadeirinha do banco de trás e sorria de ponta a ponta, um sorriso contagiante. Estiquei minha mão para trás e baguncei seus cabelos corretamente arrumados.
—Olá, garoto.— Regina nos olhava pelo retrovisor e pude sentir seu sorriso sem ao menos olhar.
—Sabia que mamãe vai nos levar para assistir um filme sobre Heróis?— Ele falou animado. —Eu amo heróis.— Continuou.
—É mesmo? Que bom. Me preocuparia bastante se gostasse mais dos vilões.
– Mas a mamãe gosta dos vilões.
– Sempre existe um motivo muito justo para os vilões serem vilões.
– Regina?
– O quê? – Ela riu quando recebeu meu tapa em sua coxa.
– Pois eu perfiro o Hulk.
– Eu também perfiro, garoto. — Preservei seu entusiasmo, a energia de Henry contagiava e era o tipo de coisa que eu estava precisando mesmo.
– Se diz PREfiro, meu filho.– Ela o corrigiu e eu acabei rindo daquela cena.

M̶Y̶ ̶M̶Y̶̶S̶T̶E̶R̶Y̶̶.Onde histórias criam vida. Descubra agora