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Quando abro meus olhos a sensação é de que eles permanecem fechados. Olho as horas no relógio, 6h10. O amanhecer tarde a chegar, a luminosidade que requeiro é artificial.
Olho na mesinha de centro, dois potes de sorvete derretido. Olhar para o sorvete me traz os acontecimentos anteriores à mente. Enrubesço no escuro do cômodo enquanto penso que adormeci nos braços de Taehyung, chorando em sua camiseta... Sinto vontade de desaparecer.
Não sei que horas ele foi embora, não ouvi a porta sendo aberta, nem senti o travesseiro sendo colocado sob minha cabeça ou a coberta sob meu corpo.
Penso em tudo e ao mesmo tempo em nada, deito a cabeça sob o travesseiro, olho para o teto e conto os segundos, fecho os olhos e então adormeço.

5 horas depois.

Makino me ligou novamente e dessa vez eu atendi o telefone.
Sei que algumas pessoas simplesmente não entendem, acham exagerado, eu não consigo explicar e não consigo compreender o porque de algumas pessoas acharem que a perda de um animal não deve ser lamentada. Annabeth foi minha melhor amiga, nunca tive amizades duradouras, mas quando meu pai trouxe para casa o pequeno filhote amarelado com um laço vermelho na cabeça eu instantaneamente senti que havia encontrado o ser vivo que viria a ter tanta importância em minha vida.
Eu digo a Makino que estou me sentindo melhor, ainda sinto a dor, a perda, mas compreendo, acredito que ela está em um lugar melhor, eu preciso acreditar.

7 horas depois.

Eu não tenho o número de Taehyung, sinto vontade de agradecer pelo o que fez por mim, de pedir desculpas pela minha reação ao conforto que ele me proporcionou.
Taehyung disse: "não há nada que eu possa dizer ou fazer que a faça sentir melhor", mas ele estava errado, como ele estava errado...

8 horas depois.

Olho para as mesmas paredes, repenso os mesmos pensamentos, as musicas começam a se repetir e eu a me sentir ansiosa, preciso sair daqui.

V+ictoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora