Capítulo 39

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Música sugerida para leitura: Stateless - Bloodstream

– Sebastian?

– Sim, querida. Consegui me infiltrar no seu sonho.

– Eu já disse que você é incrível?

Eu estava em um lugar paradisíaco com um vestido longo e o cabelo preso. Sebastian usava uma roupa branca e eu fiquei me perguntando quanto tempo ele tinha levado para pensar naquele cenário.

– Você consegue dizer aonde você está?

– Não. Quando cheguei estava inconsciente e ele me mantém presa.

– Certo. Querida, eu não tenho boas notícias.

– As Parcas.

– Exato. Esse homem vai te matar no minuto que nossos filhos nascerem e ele não está disposto a esperar o fim natural da gravidez.

– Oi?

– Ele não vai esperar o tempo certo. Martha deu instruções claras para ele conseguir essas crianças o mais rápido possível. Nós precisamos pensar em um jeito de te tirar daí.

– Certo? Zeus não consegue me encontrar?

– Baco, Hades, meu pai e eu estamos pensando em todas as possíveis alternativas.

– Estou sozinha por enquanto. Esse é o resumo.

– Sim, meu amor. Mas estamos todos aqui pensando em uma forma de te resgatar.

O sonho acabou e eu acordei novamente presa na cama. O homem já tinha trazido meu café da manhã e, para minha surpresa, ele tinha trazido a minha melhor esperança: um pequeno arame prendendo o guardanapo. Imediatamente peguei o arame e comecei a trabalhar nas minhas algemas. Levei aproximadamente duas horas pra soltar um braço. Meu corpo já estava exausto e dolorido pelo esforço então coloquei a algema de uma forma que parecesse ainda estar presa e fechei os olhos pra descansar um pouco. Pouco depois o homem voltou a entrar no quarto.

– Eu realmente espero que você não tente nada idiota.

– Eu não fiz nada.

– E nem vai fazer.

Ele disse, se aproximou de mim e fechou novamente a algema que eu tinha levado horas pra abrir. Câmeras. A merda do quarto tinha câmeras!

– Me entregue o arame.

Eu entreguei com uma expressão fechada mas ele parecia se divertir. Eu estava realmente cada vez com menos opções.

– Preciso ir ao banheiro.

– Claro. Vou te levar. Como eu disse antes: nada de tentar coisas idiotas.

Acenei com a cabeça e esperei ele me soltar de vez. No segundo que me com os braços e pernas livres sabia que era hora de agir. Levantei rapidamente da cama e pulei no pescoço dele. Meu objetivo era claro: asfixia. Felizmente descobri uma alternativa ainda mais fantástica quando percebi que ele tinha uma arma na cintura. Ele soube o que eu tinha em mente alguns segundos depois. E foi um erro. A arma estava na cintura dele então simplesmente me contorci, apoiei meu corpo, peguei a arma e atirei. Se você nunca atirou em alguém fica uma dica: o barulho do disparo é ensurdecedor mas o silêncio após o disparo é ainda pior. Consegui me soltar e ver o corpo inerte cair na minha frente. Eu sabia que deveria simplesmente virar as costas e sair daquele lugar mas um desejo de vingança se apoderou do meu corpo. Martha, o Enviado, o destino por ter sido tão injusto e cruel nos últimos meses. Cada disparo no corpo inerte era uma libertação. Quando acabei estava exausta, completamente suja de sangue e com os sentimentos confusos. Ajoelhei na outra extremidade do corpo e vomitei por algum tempo. Levei minutos (ou horas?) para reunir forças e sair do quarto. Encontrei o celular do homem em cima da única mesa dentro do apartamento vazio. Liguei para Sebastian e torci para ele conseguir rastrear a ligação de alguma forma. No segundo toque ele atendeu.

– Alô.

– Sou eu. O enviado está morto. Eu preciso que alguém venha me buscar.

– Eu estou indo, querida. Eu te amo.

Então eu sentei no chão e comecei a tremer violentamente. Eu finalmente estava livre. Só restava saber se aquilo tinha sido o suficiente para garantir a minha imortalidade e meu passaporte para o Olimpo.

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