Filadélfia.

231 23 31
                                    

Finalmente! Depois de horas de puro tédio e sono naquele jatinho, nós finalmente chegamos na Filadélfia!

Sim. Nós. Eu vivo com o meu pai. Acho que podemos falar um pouquinho sobre ele.

James Del Rey, um velhinho bem afeiçoado de 65 anos de idade. As mulheres dizem que pra essa idade, até que ele está bem na fita. Ele é bonito mesmo, se não fosse meu pai eu casaria com ele.

Eu sou órfã de mãe, e também nunca tive uma babá ou empregada que me tratasse como filha. Eu praticamente me criei sozinha.

Meu pai não me dá a mínima atenção. Ele só vive focado no trabalho e nas mulheres que ele trás pra casa. Cada semana é uma diferente, praticamente.

Eu tinha até um caderninho, onde eu anotava as características que cada uma. Mas eu o perdi em algum lugar do meu quarto.

O sonho dele é que eu faça faculdade de administração, por conta das empresas dele e tudo mais. Mas eu decidi entrar pra universidade, cursar música e teatro

No começo ele implicou bastante comigo, mas como eu não sou dessas que faz de tudo para dar orgulho ao papai, eu vou entrar pra universidade sim!

Nós também não temos uma boa convivência. A gente se vê na hora das refeições, quando ele resolve aparecer. Não conversamos como pai e filha, na verdade é raro trocarmos uma palavra se quer.

Toda vez que a gente se fala, ou ele quer algum favor, ou quer brigar comigo. E nessas duas ocasiões eu o respondo com meu sarcasmo de sempre.

Bom. Agora chega de falar sobre o meu pai e vamos ao o que me interessa.

Assim que o avião pousa eu me levanto do meu acento e começo a dar pequenos pulinhos de ansiedade.

- Se acalme Lana! Você já vai descer, e aí poderá ir para o seu "lugarzinho perfeito".- ele diz as duas últimas palavras com uma voz nojentinha.

Como eu queria pular no pescoço desse cara que eu chamo de pai.

- É perfeito, porque é o único lugar que eu tenho certeza que não vou encontrar com o senhor e essa sua carinha cebosa. - forço um sorriso e lhe mostro o dedo do meio.

- Eu não posso nem reclamar desse seu jeito babaca de ser. Você puxou a mim. - solta um suspiro e sorri de lado.

- Pelo menos alguma coisa eu tinha que puxar de você, só assim pra saberem que eu sou sua filha - solto um riso sarcástico e olho para a tela do meu celular acesa vendo a hora.

Ainda da tempo para eu ir no D'espresso. Esse é o nome de meu "lugar preferido". É uma cafeteira simples e aconchegante, parece besteira minha, mas aquele é o único lugar que eu consigo pensar com calma. É bem afastando da cidade e quase ninguém vai lá.

São os mesmos clientes de sempre, é raro aparecer alguém diferente por lá. Alguns turistas perdidos e ninguém mais.

- Os senhores já podem descer - anuncia a aeromoça. Ela parecia ser novinha, e com certeza meu pai pediria outros tipos de serviços para ela.

Assim que desço do jatinho eu vou correndo até o motorista, dando - lhe um abraço apertado. Sim. Um abraço.

O nome dele é Astolfo, ele tem 81 anos e sempre trabalhou pro meu pai. Astolfo é um bom amigo, desde pequena ele sempre me protegia das broncas do meu pai, me ajudava a sair de casa escondido, e aprontava com meu pai também.

Blue JeansWhere stories live. Discover now