Um recomeço

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                   Isabelle Cold

Quando finalmente a névoa passou e deixou visível aos meus olhos os homens, vi um alto com cabelos que iam até os ombros e seus olhos com cor de mel e ao seu lado estava outro homem, um pouco mais baixo que ele de olhos pretos e calvo. Ambos tinham os corpos bem definidos.
Era possível ver no olhar dos dois que havia uma profunda tristeza .

O mais alto estende a mão na direção de Mary e diz:
- Mary?
- Quem é você? Ou melhor quem são vocês?-Digo autoritária.
- Meu nome é Rafael, vim buscar Mary. Venha Mary seus pais estão a sua espera.
- Tudo bem. -Diz Mary se aproximando
- Mary não! Você nem os conhece. Seus pais nunca disse que não devemos confiar em estranhos?
- Izzy se acalme, está tudo bem. Olhando bem eles se parecem com os moços que pegaram meus pais.
- Bem lembrado Mary. - Diz Rafael dando uma piscadela para ela.
- Não importa. Não é confiável.
- Vamos Mary. Não temos tempo à perder aqui. - Agora quem diz é o homem mais baixo, ele segue em direção da Mary e pega com cuidado suas mãozinhas.

A névoa volta novamente engolido Mary e os dois homens, que somem em segundos.

Me sinto meia zonza, deve ser por causa da névoa e acabo cambaleando. De repente sinto uma mão me segurando pela cintura, rapidamente.

- Izzyyyyyyyyyy!
- João. . .
- O que aconteceu? O que está acontecendo? Que cheiro é esse?
- Está vendo uma garotinha? -digo com minha voz falha nos braços de João.
- Não, não tem ninguém aqui além de você e eu. Você tá estranha, tem certeza que está bem?
- Meio tonta, mas estou bem...
- Tonta é? O que Sara colocou em seu café da manhã?
- João por favor, está tudo bem. Olha esquece. -digo revirando os olhos.
- Ta bom então, mas o que veio fazer aqui?
- Eu até me esqueci acredita? -digo com certa ironia.

Caminhamos para a praça. E ele se calou, pois sabia que eu não diria nada.
Ao chegarmos, João logo abre a boca.

- Izzy eu vou pegar um suco, você quer qual? Bom, não é querer escolher por você mas acho que um de maracujá iria ajudar.
- Odeio suco de maracujá. Quero laranja.
- Você sempre tão oposta. - Ele bufa essas palavras saindo da praça pra ir encomendar os sucos.

Fico ali sentada, espantada.
Fiquei pensando em tudo que aconteceu e preferi esquecer e não contar a ninguém .

Minutos depois lá estava João com os sucos.

- E seu aniversário o que vai fazer hoje de diferente, além de colocar um cordão?
- Bom, pretendo me encontrar com a Júlia e sair para comer alguma coisa.
- Nem me chamou.
- João você sabe que eu sempre te chamo, mas você me disse que teria de ir com seu pai hoje ao acampamento.
- Caraca! Eu esqueci.
- Promete falar comigo sempre João? Você sabe a gente nunca ficou tanto tempo separados assim. -digo com a voz rouca, logo meus olhos se enxem de lágrimas.
- Claro que vamos Izzy! -Ele diz segurando minhas mãos e o celular toca.

-Oi mãe? Mãe estou com Izzy. Lembra hoje e aniversário dela e... Ok mãe, já estou indo. -disse João desligando o celular.
- Izzy, me desculpe. Você sabe que é sempre bom estar com você, mas tenho que ir..
- Não se desculpe João, quando voltar comemoramos meu aniversário ok?!
- Tá bom. -disse João se levantando, ele da um beijo na minha testa de despedida anda alguns passos e acena com uma das mãos.
Ele começa a caminhar e ao longe ele grita
- Parabéns Isabelle  !
- Obrigada João! -grito de volta

João se afasta e logo já está longe das minhas vistas, termino meu suco e vou embora. No caminho o meu celular toca:
- Alô?
-Izzy? Olha chego ai às nove horas da noite ta bom? Beijos até mais. Aaaahhh  feliz aniversário! - Diz Júlia desligando o celular.

Passando pelo parque perto da minha casa notei algo diferente, tinha algo diferente eu podia sentir. Sempre gostei de passar ali e ver às pessoas conversando ou apenas ali sentadas observando às coisas ao redor.

Deixando o parque para trás e atrevesando a rua logo vejo minha tia sentada como sempre na varanda.

- Voltou cedo Izzy, o que aconteceu ?
- João vai ir em um acampamento.
Meu tio ao longe grita :
- Quando esse João vai vim aqui, você sabe, pra me conhecer?
- Ele e só meu amigo. Meu melhor amigo.
- Acho estranho ele vim só quando eu não estou.
- Pare Fernando! Larga de implicar.
- O papo está ótimo, mas vou entar.
- Já fiz almoço Izzy.
- Viu tia.

Entro na casa e sigo em direção do meu quarto onde me deparo com uma caixa velha em cima da cama.
Pensei ser um presente da minha tia, mas abrindo a caixa vejo uma foto de uma mulher, uma criança, e um homem. Eles estão com um sorriso maravilhoso no rosto. Deixo a foto de lado que já está bem gasta por causa do tempo. Em baixo da foto tem uma espécie de adaga.
Aqueles eram meus pais, que tinham sido mortos misteriosamente, sabia que jamais minha tia iria colocar aquilo ali pois sabia que eu odiava falar sobre as mortes, mas então quem? Como isso foi parar aqui? Porque uma adaga? O que tinha haver?

Eu sabia que aquela não era uma boa hora, então fechei a caixa e a guardei.

Fui pro guarda roupa achar uma roupa, afinal iria sair com Júlia e não poderia ir de qualquer jeito, como ando por ai com o João.
Peguei um vestido, uma jaqueta e um par de salto alto. Coloquei atrás da porta numa espécie de cabideiro e fui tomar meu banho.
Após o banho deitei e acabei pegando no sono.

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