11. Nem toda brincadeira acaba bem

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24 de dezembro, domingo.

A festa de Catarina estava digna de uma verdadeira Almeida. A decoração por dentro estava magnífica. Vindo de Catarina e Kátia, as maiores madames que já conheci, não poderia esperar por menos. Vários filetes felpudos de decoração de teto pendiam de canto a canto. Bolas de cristal pequenas e pintadas em cores alegres. Um Papai Noel de pano e algodão estava posto em uma das cadeiras, aparentando uma tenebrosa imagem de homem real.

Sua árvore de Natal era toda branca, e decorada por inteiro com uma coleção de enfeites natalinos. Os pais delas estavam sentados no sofá, apreciando suas bebidas vermelhas e geladas, enquanto se aproveitavam de leves petiscos.

- Natalie! - A senhora Almeida me abraçou, como sempre, receptiva. - Você está uma bela moça.

E após me cumprimentar, foi falar com Octavius e Anna, meus falsos avós.

A música agitada no fundo, alguns mais animadinhos, no meio faziam uma pista de dança, e se jogavam como se não tivesse ninguém vendo. Bem, tecnicamente, eu era a única que estava sentada observando os outros, que deveria ser primos distantes de ambas, ou amigos da faculdade.

Catarina fazia Publicidade e Propaganda. E Kátia seguia em Engenharia de Produção. Eram bem populares, como você pode imaginar.

- Você não vai dançar?! - Kátia surgiu esticando para mim seu sorriso mais falso, com a voz mais fingida possível, como se desse a mínima se eu estava me divertindo ou não.

- Talvez mais tarde. - respondi, dando de ombros, mas sorrindo de volta para não ser rude.

- Ah, venha! - ela me puxou pelo braço direito, e me fez levantar, me arrastando para onde os outros estavam.

- Natalie, querida! - Catarina gritou para mim, parando de se esfregar em seu namorado, João, e formando uma roda em minha volta.

- Vamos festejar! - ela levantou um brinde, e todos seguiram seu movimento. - Um brinde! À vida! Enquanto podemos. - e deu uma piscadela para Kátia, e todos riram.

***

A festa estava bem agitada, mas vou poupar o seu tempo, e ir para a parte dela que realmente interessava: quando estava chegando ao fim.

Algumas pessoas mais velhas já haviam saído quando passara da meia noite.

Dei um jeito de convencer minha amiga de que Octavius e Anna deveriam ficar para dormir em algum quarto da casa. Seria suspeito eles ficarem acordados até tarde sendo meus avós, e não poderiam simplesmente nos deixar ali, desamparados para o caso de algum infortúnio vir a acontecer.

- Opa! Agora vamos pra surpresa da noite. - anunciou Cat, assim que ficamos apenas eu, ela, Kátia, seus namorados e Marcos na sala.

- Já ouvi esse papo antes. - disse eu, lançando um olhar irritado na direção de Marcos, ainda o culpando por não ter me defendido aquela noite na Delegacia. Bunda mole! Isso é o que ele era.

- Dessa vez, é diferente. - ela atraiu minha atenção para si, e continuou. - Eu e Kátia, como boas anfitriãs, preparamos uma brincadeira pra vocês.

- Já passou da meia-noite e estamos em número par. Coincidência? - João soltou um riso de um jeito forçosamente divertido, embora ainda soando arrogante aos meus ouvidos. Os irmãos Lancastre não estavam em muita estima comigo.

Os meninos deram risos maliciosos, e nós reviramos os olhos.

- Essa brincadeira eu reservo pra mais tarde. - Cat deu uma piscadela, entrando na brincadeira, como sempre. Ela era a pessoa mais alto astral que eu conhecia.

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