15 - Menina veneno.

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Quando parei em frente a porta dos Jauregui's aquela noite, fui recepcionada por mama Drea e seu sorriso enorme. A dei um abraço longo e segui apertando suas dobrinhas para fazê-la gargalhar. Mama Drea ficava ao ponto de enfartar quando eu fazia aquilo com ela, repetindo sem parar a sua frase preferida: "Pare com isso, criança. Pare com isso". Eu só parava quando via que ela estava sem ar e vermelha. Era gratificante fazer aquela mulher sorrir, ela era muito importante pra mim.

Cumprimentei Michael, Clara e busquei com os olhos a CEO americana que havia virado a minha vida de cabeça para baixo desde que a conheci. Lauren não estava presente na sala e imaginei que estivesse descansando no quarto de hospedes. Daria muito na cara se eu fosse até lá?

"Acabei de chegar e queria te olhar antes de ir conversar com Taylor. Por que não vem até a sala?"

Digitei uma mensagem para Lauren no WhatsApp ao me sentar no braço de um dos sofás, observando Clara e Michael em uma de suas partidas de buraco na mesa de jantar. Taylor, com toda a certeza, estava trancada no quarto com a cara emburrada e eu só queria que Oxum me desse muita paciência para ter aquela conversa e não perder a cabeça.

Abri um sorriso quando meu celular vibrou entre as minhas mãos, indicando uma notificação.

"Oi, linda. Acabei de sair do banho, me deixe apenas vestir uma roupa e logo estarei ai ao seu lado."

Mordi o lábio inferior ao imaginar a cena e não resisti em fazer comentários.

"Por que não fica pelada mesmo e me deixa entrar aí? Vou adorar ficar nua com você."

A resposta não demorou mais de vinte segundos e sabia que ela estava fazendo aquela cara de chocada de sempre. Acabei soltando uma risada.

"Camila... Por que me provoca tanto? Meu Deus! Espere um momento, não sai daí."

Não respondi, decidi que esperar era a melhor opção, ou eu acabaria invadindo o quarto em que ela estava sem me importa com a presença de seus pais no mesmo apartamento.

: - Quer beber alguma coisa, minha criança? – A voz de mama Drea se fez presente em minhas costas e eu acabei levanto um pequeno susto. – Tem refrigerante, chocolate quente, suco de melancia, ou eu posso fazer aquela misturinha de vodka com limão e hortelã que você tanto ama.

Ah, mama Drea! Eu abri um sorriso enorme e a beijei na bochecha, vendo-a sorrir de volta.

: - Eu estou sem sede, mama, mas com certeza irei querer aquela vodka depois do jantar.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e vi a mulher a minha frente me olhar com nostalgia, erguendo a mão para acariciar o meu rosto.

: - Vocês cresceram tanto, parece que foi ontem que corriam por esse apartamento quebrando tudo e me deixando de cabelo branco. – Ela sorriu triste e eu peguei sua mão, beijando as costas. – Sua mãe teria muito orgulho de você se ainda estivesse entre nós. Sinto falta dela, Sinu era uma grande amiga e uma mãezona.

Suspirei deixando que meus ombros caíssem um pouco. Nunca falava sobre minha mãe, era estranho e doloroso lembrar que ela não estava mais lá para mim, para cuidar de mim, me dar colo quando eu me sentia perdida o bastante para me levantar da cama e seguir o dia. Mama Drea e mamãe eram grandes amigas. As três, somando tia Clara, passavam bastante tempo juntas, compartilhando a criação de Normani, Taylor e eu. Depois que minha mãe morreu, mama Drea e tia Clara se tornaram o exemplo que eu tinha de maternidade e sempre me mostravam que, independente do que a vida havia me tirado, elas estavam ali para mim como estavam para suas filhas. Eu jamais teria como agradecer o suficiente.

Águas de MarçoWhere stories live. Discover now