Capítulo 5.

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Naquele momento eu não sei se preferia desaparecer ou gritar com o Harry até ficar sem voz. Como é que a minha mãe ficava grávida e não me contava nada? Eu sou filha dela, era em mim que ela devia contar em primeiro lugar. Ou talvez não, tendo em conta o que lhe tenho feito ultimamente mesmo sem o conhecimento dela. Mas porra, se eu estivesse grávida ela ia ser a primeira pessoa a saber é a pessoa em quem mais confio.

-Porque que ela não me contou? - sentei-me na cama e acendi a luz do candeeiro do quarto.

-Eu também só soube hoje Kat, tenho a certeza que não o fez por mal! - o Harry sentou-se ao meu lado e olhou-me pensativo.

-E daí? Eu sou filha dela, acho que devia estar informada sobre o facto de vir a ter um irmão ou uma irmã.. Ah meu Deu sinto-me tão mal agora por ter-me envolvido contigo!- coloquei a cabeça nas mãos e suspirei.

-Nós não sabíamos que a tua mãe estava grávida!- respondeu enquanto passava os dedos pelo meu cabelo.

-Isso não muda nada Harry. Não percebes que é errado eu ter ido contigo para a cama? Isto tem que acabar. Não, isto entre nós acaba agora mesmo!- levantei-me irritada, com vontade de dar um estalo em mim própria pelas minha atitudes.

-Katherina, tem calma.. - ele pôs-se em pé e encarou-me com uma certa expressão de medo misturado com confusão. 

Dei alguns passados para ir embora dali mas estanquei na porta do quarto antes de a abrir. Por mais maluco que descabido que parecesse, eu sentia algo dentro de mim em relação a ele. Seria amor? Curiosidade de me envolver com o namorado da minha mãe ou pura atracão? Não sei dizer precisamente o que era, mas sei que quis voltar ao pé dele e beija-lo intensamente até ficarmos sem ar. Os beijos dele eram a coisa mais viciante que eu já tinha provado até então, os lábios dedicavam-se de corpo e alma ao simples acto de beijar e eu desejava muito dar-lhe um ultimo beijo.

-Kat se saíres agora por essa porta ..- ouvi-o a falar e já sabia como ele ia terminar aquela frase.

Eu não precisava nem queria ouvir o resto. Apenas sai dali e corri para o meu quarto. Fechei a porta e sem saber bem porquê ou quando começou, mas lágrimas escorriam pelo meu rosto. 

-Hey que se passa? Porque que estás a chorar? -perguntou o Niall assim que me enfiei na cama.

-Abraça-me só Niall..- encostei-me ao peito do meu amigo e afoguei as minhas lágrima no peito dele. 

Ouvi um estrondo enorme, provavelmente vindo da porta de casa a bater porque depois ouviu-se o ruído de pneus a derreterem na rua. O Harry saiu de casa e isso mostrou-me muita coisa.  

** 

 Acordei com o barulho do meu telemóvel a tocar mas virei a cara para o lado, ignorando por completo quem me estava a ligar. Devia ser a minha mãe e neste momento a ultima coisa que me apetecia era ouvir logo de manha que ela vai ter outro filho ainda por cima do homem com quem me envolvera nestes últimos dias. Por muito que tentasse, era quase impossível não imagina-lo na cama com a minha mãe. Seria ele assim tão intenso com ela também? 

Afastei esses pensamento desagradáveis da minha cabeça e levantei-me da cama. Deixei o Niall dormir mais um pouco porque tenho noção de que ele ficou acordado até eu adormecer embalada pelo meu choro.

 Fui até à cozinha e peguei em laranjas para fazer um sumo natural, vitaminas eram essências para recuperar do meu estado lastimável. Algum tempo depois a porta de casa abriu e entrou o Harry com o seu cabelo todo despenteado, óculos de sol e uma grande ressaca escondida por eles. Eu virei costas e continuei a ignorar o facto de que ele estava tão zangado quanto eu. Ele andou lentamente até à cozinha e encostou-se ao ombro da porta. 

-O quê que estás a beber?- a sua voz era ainda mais pausada do que habitualmente costumava ser.

-Sumo .. - respondi mas ele continuou imóvel a olhar para mim - De laranja natural!- acrescentei.

-Preciso de algo mais forte do que isso!- desencostou-se e cambaleou ao passar por mim no seu percurso até ao frigorífico.

-O quê que procuras- questionei-o quando o vi feito burro a olhar para dentro do frigorífico.

-Algo forte.. Tipo isto!- pegou uma garrafa de cerveja, mas eu impedi-o de a tirar de lá.

-Não vais beber mais nada com álcool, senta-te que eu vou fazer-te um chá!- empurrei-o devagar até uma cadeira e fiz-lo sentar-se.

-Porque que te preocupas?- disse irritado.

-Porque tu és um idiota, e pior do que isso és um idiota bebado.

A minha resposta não tinha lógica, mas foi sincera e acho que isso foi suficiente para ele. Aqueci água e fiz-lhe o chá. Pousei-o em cima da mesa e sentei-me à frente dele com o meu copo de sumo. 

-Já tive melhores dias nesta cozinha!- murmurou depois de dar um gole na bebida. 

-Pois.. - respondi simplesmente.

-A tua mãe já te contou?- ele segurou a chávena nas mãos como se não lhe estivesse a queima-las.

-Já tentou, mas eu não atendi o telefone. 

-Eu não sei como é que isto foi acontecer, nós usamos sempre protecção..Eu não entendo Kat..- desabafou e pousou os óculos no cimo da cabeça revelando umas grandes olheiras.   

-Os preservativo não são 100% seguros acho que tanto tu como ela sabem disso, podem acontecer acidentes!- respondi depois de pensar um pouco sobre a minha resposta. 

-A minha vida está uma merda, mas eu vou ter que assumir as minhas responsabilidades.. - ele cruzou os braços na mesa e deitou a cabeça sobre eles.

Eu levantei-me da mesa e pousei o meu copo na bancada. A ideia da minha mãe ter um filho com Harry magoava-me muito mais do que aquilo que eu achava que ia magoar. Sempre achei que o odiava, que ele era insuportável e convencido, que jamais teria alguma coisa com ele, nem que ele fosse o ultimo homem à face da terra. Nunca percebi o que a minha mãe tinha visto nele, e agora que eu o via de outra forma, tinha que o esquecer.

-Algum dia me vais perdoar Kat?- virei-me e já lá estava ele , a meros centímetros de mim.

-Eu não tenho que te perdoar nada. Eu é que nunca me vou perdoar a mim própria de ter traído a minha mãe desta forma, eu nem sei como é que vou ter coragem para olhar para ela..

-Nós podíamos tentar resolver as coisas e eu tenho a certeza que ela ia entender se lhe explicássemos- ele apresssou-se a responder-me.

-Nem penses em lhe contar.. -olhei-o assustada.

-Tudo bem, eu só quero que saibas que tu não foste apenas.. uma aventura para mim.. eu.. - coloquei o dedo nos lábios dele e estiquei-me até ficar relativamente ao seu nível .

Encostei pela ultima vez os nossos lábios que se encaixavam na perfeição e guardei o sabor dos seus lábios na minha memoria. De certo seriam os lábios mais doces que alguma vez iria provar.

-Tenho que ligar à minha mãe.

Sai da cozinha sem olha-lo uma ultima vez. Aquela seria a ultima vez que estaríamos tão próximos um do outro.

Bad Boy with good lipsWhere stories live. Discover now