Uma decisão pra vida toda

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 - Parecia que o médico nunca ia chegar, meu coração estava acelerado, seu pai não disse uma só palavra.

 - É mãe, você não conhece ele? Quando está nervoso, prefere ficar calado, pensativo. O problema é quando fala.

 - Filha, só sei que quando o médico chegou fui até mal educada, nem dei bom dia, fui logo perguntando onde você estava e se era grave. Ele muito paciente, nos contou tudo que ouviu da equipe do SAMU. Que houve o acidente, vocês caíram e um ônibus havia passado em cima de sua perna, e ele precisava de nossa autorização para amputá-la.

 Nessa hora dona Ilza já não consegue mais mais segurar o choro e Liz chora junto, mas ela muito forte continua o relato.

 - Meu amor...me perdoe...eu não pude te proteger! E as lágrimas aumentam demasiadamente, vira um pranto no quarto de enfermaria.

 - Mãe...mamãezinha...não foi culpa sua, você não podia fazer nada. Eu que te devo desculpas, por fazer vocês passarem por isso!

 Fala no ouvido da mãe, em um abraço fraternal, de amigas, de duas pessoas que se amam, mais que tudo nessa vida, enquanto as lágrimas molham seus rostos, Liz deita-se no peito da mãe, buscando um afago, um carinho. A mãe carinhosamente a aconchega, passa a mão em seu cabelo levemente, lhe beija, enquanto as lágrimas continuam molhando seu rosto.

 Ficam assim por um pouco de tempo.

 - Seu pai, enfim abriu a boca, e questionou o pedido do médico.

 - Como assim doutor? Amputar uma menina de 15 anos? O senhor não tem família?

 - Calma pai, a equipe médica avaliou, não fiz isso sozinho e não temos muito tempo, sua filha ficará sem uma perna, do meio da coxa para baixo, mas vai ficar viva.

 - Mas não tem outro jeito?

 - Infelizmente, não. Com o atropelamento, após o acidente, o osso foi esmagado. Vamos tentar recuperar metade da coxa, que facilita uma prótese no futuro, mas nem isso posso garantir, vai depender do estado desse osso.

 - Isso é um absurdo! Disse seu pai.

 - Se ler a autorização, verá que é para retirar a perna toda, mas fica a critério da família, porém não posso me responsabilizar pela vida de sua filha.

 - Podemos pensar?

 - Claro, mas o tempo é o maior inimigo dela, que já está na UTI.

 - Pela primeira vez desde que nos casamos eu vi seu pai chorando, ele até tentou disfarçar, mas o abracei e choramos juntos.

 - Sério mãe? Ele chorou? Tadinho do meu paizinho!

 - Enfim, não achamos outra saída, e o medo de te perder de vez nos fez assinar aquele maldito papel!

 A mãe abaixa o olhar e a enfermaria é tomada por um silêncio solene, enquanto que os pais são invadidos por um sentimento de incapacidade e culpa.

 - Me perdoe filha, (começa a chorar novamente) mas....não tinha o que fazer! Estou muito feliz que você acordou, e vamos estar ao seu lado pro que der e vier. Agora é a filha que a consola.

 - Calma mãe, vamos sair dessa! Me fala uma coisa, mãe... e o Kevin? Você não falou nada sobre ele. Quando ele vem me ver?

Uma Adolescente DiferenteWhere stories live. Discover now