Lembranças dolorosas

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 - Quando você disse que sairia com o Kevin, seu pai e eu, não gostamos da ideia. Principalmente pela diferença de idade, ele já é um homem e você é nossa menininha, mas principalmente por que a gente não conhecia ele ainda, sem saber de onde esse garoto veio, o que fazia da vida, quem eram seus pais. Isso tudo deixa a gente inseguros, mas você não se importou com nossa opinião e aproveitou que seu pai estava de plantão e saiu com ele.

 Liz nada responde à mãe. Fica pensativa, relembrando o trágico dia do acidente. Ela se recorda que era um dia para comemorar um mês de namoro e ela nunca imaginaria que terminaria ele em um hospital. 

 A mãe continua.

 - Naquela noite eu não consegui dormir, e eram dois os motivos. O primeiro era o medo de acontecer alguma coisa com você, o segundo era de seu pai chegar em casa e você não estar e ele brigar comigo. Bem esse eu até conseguiria contornar, mas o de acontecer algo com você não. E foi justamente isso que pensei quando o meu celular tocou e vi sua foto na chamada.

 - Poxa mãe, me desculpe, mas eu não pensava que isso poderia acontecer, a gente só queria sair, se divertir. Diz Liz expressando profundo arrependimento e os olhos lacrimejando.

 A mãe abraça-a forte.

 - Não foi culpa sua, nem de ninguém, foi um acidente, um trágico acidente, e continua:

 - Filha, meu coração disparou, fui tomada de ansiedade e medo de atender aquele celular e você dizer que o garoto havia te machucado, te agredido, sei lá o que eu pensei naquele momento, fiquei muito apreensiva. Então atendi, e uma voz de homem, muito simpático por sinal, tentava me acalmar.

- Boa noite! Falo com a mãe de Liz Pessanha?

- Sim. Por que está usando o celular dela? Você é o Kevin? Quem é você?

-Olha senhora, não é para ficar preocupada, eu sou João Mendes, enfermeiro do SAMU, estamos atendendo à um acidente, e este celular foi encontrado com ela. Não se assuste, mas sua filha sofreu um acidente...

 - Naquele momento não ouvi mais nada do que ele falava, coloquei o celular no viva voz e saí correndo para vestir uma roupa, só me lembro que no final ele disse que o atendimento não poderia ser feito na nossa cidade e que você estava sendo transferida para o Hospital Ferreira Machado na cidade de Campos dos Goytacazes, que tem uma reconhecida equipe especializada em traumatologia, mas a pior parte mesmo, foi ter que ligar para o seu pai, que estava de plantão na usina devido a safra de cana, e falar pra ele que deixei você sair, que na verdade não deixei, você saiu sem me pedir. Como sempre ele logo atendeu o telefone com uma de suas brincadeiras.

-Eta cabrunco! O que deu em você mulher pra me ligar uma hora dessas? Sonhou comigo?

- Amaro, preciso que você venha pra casa, imediatamente, nossa filha sofreu um acidente e precisa de nós.

- Foi o que? Caiu da cama?

- Amaro meu filho, vem logo, não temos tempo para brincadeira.

- Vou falar com o chefe e "tô" saindo.

Uma Adolescente DiferenteWhere stories live. Discover now