Capítulo 13 - Confissões de um bardo

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– Primo El, você melhorou?

Ela era a criaturinha mais adorável que Eladar já vira. Tudo bem que Lily havia sido uma criança linda, mas Clahel, com aquelas bochechas enormes, duas tranças e uma boca de morango, era ainda mais. O garoto sorriu, olhando para os olhos grandes e doces de sua prima. Eu teria tirado minhas próprias entranhas com um garfo se isso fosse salvar essa pequenininha.

– Se eu melhorei? Claro que sim, Cla-linda! Eu até vim para casa! Você não está preocupada, está?

Elora e Laucian, de pé, observavam o sobrinho. El estava sentado em sua cama e Clahel o abraçava com as mãozinhas pequenas. Ele já estava há três dias em casa, e Laureana o proibira terminantemente de dar as caras no templo por pelo menos duas semanas. Estava "suspenso por ter desobedecido às ordens dela".

– Cla-céu queria muito te ver, El – Laucian disse, suspirando – Pedimos para ela esperar, mas hoje não teve jeito. Encontramos Valenia e Lily na feira e elas insistiram para que viéssemos ver você.

– Que bom, tio! – Eladar apertava as bochechas de Clahel – Tinham que vir mesmo! Eu já estou bem melhor, mocinha.

– Mas você ficou doente por minha causa.

Elora e Laucian se entreolharam, surpresos. Não haviam dito nada a Clahel sobre aquilo. Eladar inclinou a cabeça para o lado e encarou a prima com um sorriso terno.

– Não é verdade, Cla-linda – ele negou – Por que está falando isso?

A menina baixou os olhos.

– Porque... eu vi você lá, El. Você colocou luz aqui – ela apontou o próprio peito – e fez eu sarar.

El encarou os tios com os olhos levemente arregalados. Eles sacudiram os ombros, dando a entender que era a primeira vez que Clahel dizia aquilo. O rapaz se voltou para a prima, sorrindo.

– Eu estive lá, é claro! Sou clérigo no templo. Mas quem te curou foi a Deusa, tortinha, e mestra Laureana, que ficou com você o tempo todo. Eu só ajudei um pouquinho. Beeeem pouquinho.

Eladar juntou o polegar e o indicador, fazendo mímica com suas palavras. A careta dele fez Clahel rir, mas ela ainda não estava convencida.

– Mas... por que você ficou doente, primo El?

Ele deu de ombros.

– Ah, porque fiquei com inveja de você, oras! Quis fazer graça. Assim, oh...

El começou a brincar, imitando as próprias convulsões e fazendo cócegas em Clahel. A garotinha riu, contente, e Laucian e Elora agradeceram a Deusa por não terem perdido nenhum de seus tesouros. O meio-elfo não aguentou; pulou no colchão e foi participar da farra com "suas crianças". Depois de alguns momentos, Elora se aproximou, rindo.

– Venha, tortinha – ela disse – El precisa descansar. Papai e ele vão conversar um pouquinho, ok?

A garotinha aceitou o colo da mãe, mas antes, deu um beijo na bochecha do primo.

– Tchau, El-El – ela disse, fazendo um aceno com a mãozinha – Fica bom, por favor.

– Eu já estou bom, Cla-céu!

– Até breve, querido – Elora disse, dando outro beijo na testa do sobrinho – Por favor, cuide-se, está bem? Amo você.

– Eu também amo vocês, tia.

Laucian e Eladar observaram as duas saírem do quarto. O garoto continuou sentado, mas voltou a se encostar ao travesseiro.

– Que coisa, El – Laucian começou a falar, passando a mão na cabeça – A tortinha te viu.

Sombra e Sol (EM HIATO - autora teve bebê)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora