-Ele está tentando. Você por acaso tem alguma noticia ruim sobre ele? Ele fez algo de ruim na Inglaterra? Não. Ele está mudando. Esse tempo que ele está passando fora pode fazê-lo mudar, talvez, arranjar uma pessoa para ele e formar uma família por lá.

-Gastamos dinheiro e mais dinheiro com terapeutas, psicólogos etc e tudo pra quê? Eu só tive desgosto...

-Ele vai mudar.

-Você fala dessa mudança há anos. Eu acho que ele não vai mudar, querida.

-Não fala isso. Você me machuca.

-Querida...

-Eu estou sofrendo muito mais do que qualquer um. Eu não queria ter que ver a minha filha numa cama de hospital se recuperando de um aborto. Você acha que eu queria isso para ela ou para ele? Por favor, não me faça perder as esperanças. Eu sei que ele vai mudar e que... -A voz de mamãe estava falha por causa do choro.

-Miranda.

-Por favor, Raul. Eu tenho fé e esperança de que tudo que possa mudar. E que nosso querido filho também vai mudar. Confie em mim.

-Eu confio.

-Então, não faça nada contra o nosso filho ou qualquer outra coisa... Deixa as coisas como estão. Eu já cuidei de tudo.

-Miranda. -Papai retrucou.

-Por favor. É o nosso filho. Chega de brigas nessa casa, estou cansada. Eu só quero dormir e fingir que nada disso aconteceu, tudo bem?

Não consegui mais ouvir as vozes dele, e nem oque papai disse.

Encostei-me a parede e respirei fundo. Deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto e depois de uns minutos parada naquele corredor escuro, decidi entrar para o meu quarto e me isolar de todos, inclusive da mamãe.

Eu não sentia ódio dela, muito pelo contrário, eu a amo, mas esse jeito protetor dela com o Miguel é triste. Justo depois de tudo oque ele fez.

***

Notei um par de mãos tocando no meu ombro, dando leves sacudidas. Pausei a música e retirei a coberta do meu rosto e logo notei a imagem de Eduardo. Seus olhos azuis cintilantes expressava preocupação.

-Oi Emily. -Cumprimentou, e logo estendeu um sorriso curto em seus lábios.

Sentei-me na cama e apoiei as minhas costas na cabeceira, tirei os fones e acenei com a cabeça para o Eduardo, sem muita vontade de conversar com ele.

-Como você está?

-Bem. -Digo sem olha-lo.

Ele abriu a boca para falar algo, mas logo a fechou e ficou em silêncio por alguns minutos.

-Tia Miranda me contou sobre... você sabe?

Voltei a olha-lo e pude ver o seu olhar de pena sobre mim.

-Eu vim dizer que, não importa oque tenha acontecido, eu sempre vou te apoiar e que você é a minha prima que eu mais amo.

-Ok. -Só consigo dizer isso.

Mordo o lábio inferior e abraço meus braços.

-Você quer me contar oque aconteceu?

Nego com a cabeça e viro o rosto.

-Sério Emily, você precisa conversar comigo. A última vez que nos vimos você estava chorando e eu sei que devo ter machucado você de alguma forma, eu sinto muito mesmo. Eu não queria fazer você chorar e agora você teve que passar por tudo isso e provavelmente está desolada, triste... na verdade você está triste, mas... Droga. -Ele colocou sua mão em cima do meu braço e no mesmo instante, me afastei dele apavorada. -Desculpa. Desculpa Emily. E-eu... estou piorando a situação, não é?

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now