1| Passagem de Morte

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Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil


O coração de Rafael efetuou uma luta contra os ossos de seu tórax, o sangue do rapaz esquentou, trazendo doses de euforia, e sua respiração descompassou quase que de maneira incontrolável. Efeitos que sempre ocorriam perante suas insanas experimentações de quase morte. Uma enorme contradição considerando que, milagrosamente, o jovem não havia se envolvido em nenhuma situação de risco durante o dia inteiro.

De duas, uma: Em breve a morte o convidaria a dançar ou ele mesmo se lançaria de encontro a ela.

Algo mudaria antes que o sol encontrasse seu auge, no entanto, quanto mais fundo o rapaz mergulhava em seus pensamentos, mais turvas suas reflexões se tornavam. Era apenas um truque, pensou, balançando a cabeça em negativa. Sua mente vagava como as ondas do mar, que eram levadas de uma à outra parte da areia.

— A vida é um hábil jogador que espera o momento certo para tirar as cartas da manga — disse o garoto, sem despregar os olhos do Oceano Atlântico, notando tarde demais que pensara alto.

— De onde você tira essas metáforas? — indagou Liam, que estava quieto até então. Tirou o cabelo ruivo da testa e esticou o braço em direção a fogueira, acesa no centro de um grupo grande de jovens, para aquecer uma salsicha espetada no palito que segurava. Era possível ver em seus olhos que admirava o fato de como Rafael se posicionava, apesar de ter certa implicância com seu sotaque americano.

— Do oceano profundo que minha consciência é. — Rafael respondeu, apoiando os braços cruzados sobre os joelhos.

A música alta, de eletrônica, se propagava por boa parte da praia de Copacabana. O Pão de Açúcar era visto ao longe, dois morros de frente para o mar — um mais alto que o outro — que enfeitavam a parte rica daquela cidade estonteante. Alguns adolescentes comiam em volta da fogueira improvisada, outros dançavam ao redor do quiosque requintado, executando movimentos ousados, salientes e até insanos, esbarrando uns nos outros com os corpos suados.

Todo o barulho era propagado por caixas de sons maiores que pessoas, contagiando a todos, deixando os jovens presentes como pipocas pulando em uma panela. Garrafas de bebidas alcoólicas e cartelas de droga eram frequentemente comercializadas, eles saciavam-se daquilo como se estivessem passando fome. Entre eles, Liz, uma adolescente que completara dezesseis anos a poucas horas atrás, tentava se divertir apesar da dor intensa na nuca, balançando a cabeça de um lado para o outro, acompanhando os passos de Matheus, seu amigo de infância, que dançava como se sua vida dependesse de tal ato, provocando risadas da garota.

— Não vai querer? — disse o garoto estendendo sua garrafa de bebida. O verde de seus olhos parecia opaco.

Liz negou com a cabeça. Odiava bebidas alcoólicas e talvez sempre odiaria devido ao acidente que matara seu pai.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora