Quem Sou Eu? (conclusão)

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Vitórias de um lado
e perdas do outro.

Ela estava ali de pé tentando conter o próprio flagelo que as suas mãos descontroladas lhe obrigavam a fazer. Era forte, resistente, durona, mas uma hora tudo aquilo caíria em ruínas. Tinha perfurações não só nos pés, mas havia o líquido quente e rubro escorrendo de uma perfuração no ombro, seu rosto sangrava num ferimento abaixo do olho roxo e inchado. Suas vestes estavam rasgadas, escoriações espalhadas por todo o corpo. E uma coisa martelava em sua mente, se isso tudo que ela fazia por seu amado cumplice fazia sentido, se era isso mesmo o que ela queria...

- Eu não queria fazer isso Mical. Mas você está determinada. A dor foi o único meio que eu encontrei para ainda estar acima do seu auto-controle.

Sua voz e a da sua intrusa, as duas em sua cabeça. Agindo em uníssono. A sua em contraste e a outra em sua mente.

- Sai do MEU cérebro!

- NÃO - e com a voz alterada continuou -, vou ficar até descobrir porque você está fazendo isso.

- Isso nunca...

- Quem está por trás disto?

- NÃO. Saia das minhas lembranças!

- Não tem o outro jeito mesmo! Porque você não me dá escolhas?

A mente de Mical era um enigma. Os pensamentos eram turvos, algumas lembranças mais recentes eram encobertas por uma sombra. Era como se ela estivesse num transe, agindo como num estado hipnótico. Sem o domínio sobre si mesma. A única lembrança clara era distante, bem no fundo do inconciente. Uma luz no fim do túnel, era como Elkandra via.

O túnel logo se desfez quando ela passou, Elkandra ouviu sussurros, numa língua incomprensível. Uma mulher de estrutura alta, careca, com uma cicatriz no canto direito do rosto, cuspiu num canto perto de seu pé. Estava armada com uma lâmina e a sua cicatriz sangrava.

"Esse é o teste final, Mical. Somos quinze e você será a primeira a cair. O que Mandrael precisa é de uma gerreira, e você é óbvio que não entende isso. Não passa de uma piada. Uma dominadora de mentes fracas que não sabe manejar uma espada."

"Viemos aqui para provar qual de nós é a mais forte ou para bater um papo? Menos palavras e mais ação."

Elkandra arqueou a sobrancelha quando a careca em instantes ergueu uma segunda lâmina que flutuava no ar. E as emanações de sua dominação psíquica se ligavam a lâmina numa áurea cinzenta. Quando desceu para decepar, uma terceira lâmina a atravessou-lhe pelo ventre erguida por duas mãos femininas demais para uma guerreira. Elkandra era apenas um fantasma em meio a uma arena de sangue, no meio de um ringue entre duas adversárias que falavam línguas estranhas. Uma das guerreiras ela conheceria mais tarde. Era Mical em sua juventude. Provando o sabor do sangue da adversária pela sua terceira vez. Nesse tempo seus cabelos loiros estavam mais curtos, cortados igualmente a de um homem. Sua lâmina de ouro fazia par com o peitoral dourado, as botas eram de um couro grosso, o cinturão encrustado de pedras de rubi e a calça legue escura de malha elástica. O rosto das gladiadoras era coberto por uma máscara de platina. Mical ainda tinha a face escondida. Foi um de seus golpes traiçoeiros que partiu ao meio a máscara da mulher careca. A luta que estaria para ser a mais árdua terminou em instantes, com a dor que fez a sua adversária sentir, Mical rapidamente entrou em sua mente, fez ela achar que as suas tripas caíam para fora pelo corte na barriga. Era uma ilusão. Antes que a sua oponente recobra-se a visão ela golpeou com a lâmina por um lado traiçoeiro - pelas costas - e em instantes separou o pescoço dela da cabeça.

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