O Mestre Dos Mitos.

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A chuva se intensificou bastante, junto com fortes sopros de vento e o anúncio de trovões. Era o início de uma tempestade. Vanessa olhou o céu pela janela, das nuvens formavam-se conjuntos de raios volumosos e brilhantes que atingiam a cidade ao longe, literalmente quase no mesmo lugar.

— Vamos ter que ficar por um tempo aqui. Pelo menos até a tempestade passar. — Anunciou ela fechando a janela.

A casa estava vazia. Não havia móveis. Nada indicava que a mesma havia sido visitada nos últimos meses. A área principal estava uma imundície repleta de poeira e contas atrasadas de água e luz; avisos antigos de cortes. Hélio esperou o momento em que todos ficassem juntos para contar uma história. Ele olhou para a ruiva.

— Lembra-se de quando acordou e achou que tudo isso fosse um sonho? Bom, essa era a lógica que também me deixei levar quando despertei num quarto amplo que fedia a enxofre. — Ele olhou para os demais com um sorriso. — Ao olhar em minha volta, eu percebi que enfileirados num círculo estavam doze cães infernais em guarda.

— Vai contar essa história de novo? — Yngrid interrompeu com desdém.

— A história do nosso encontro é incrível! — Eficaz apareceu todo animado. Seu sorriso era igual ao de um moleque ouvindo histórias de piratas.

— De qualquer forma eu vou procurar alguma coisa pra comer. Acho que a cozinha fica no primeiro andar. — Ela olhou para o gesso no teto. — Isso se tiver uma cozinha.

Ela flutuou transpassando o teto. Atravessou ao mesmo tempo o gesso e a fiação elétrica fazendo a lâmpada piscar por um breve momento. Quando a lâmpada voltou a iluminar a sala, Eficaz sentou ali mesmo no chão.

***

"Aqueles 12 cães infernais que estavam a minha volta em guarda eram na verdade 12 Barghests - feras mitológicas que levam a força as almas dos condenados que se recusam a abandonar a Terra após a sua morte.

"No começo eu fiquei com medo deles, mas eles pareciam acostumados com a minha presença. Também estavam anciosos e preocupados com alguma coisa. Alguns pareciam que tinham o dobro do tamanho normal, muitos eram privados de sua genitália. Havia cães sem cabeça, vocês acreditam? Ok, o cheiro deles incomodava, mas eu não tava nem aí. O simples fato deles obedecerem a minha voz era fantástico.

"Foi só questão de tempo para eu pudesse perceber que não estava na minha casa. Eu estava em algum salão de festas abandonado, deitado sobre um colchão velho estirado ali no chão. Um dos Barghests veio em minha direção trazendo um objeto entre os dentes. Era esta arma azul.

"— Pegue. Vamos abrir caminho. — Dizia-me um dos cães.

"— Não se preocupem. Não permitiremos que o leve.

"Eles falavam entre si.

"— Salvaremos a sua vida, Mestre.

"Os cães pareciam ter consciência própria. Em nenhum momento cheguei a ficar cara-a-cara com eles. Eles sempre desviavam o olhar quando eu tentava.

"— Descobriram que estamos aqui. — Disse um dos Barghests que apareceu de repente.

"— Como?! — Perguntou uma cadela.

"— Eles podem sentir nosso calor.

"— Levante-se, Mestre. Fuja conosco por aquela porta. — Pediu-me uma cadela preocupada. — Logo! Não temos tempo de explicar o que se passa.

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