Nós rimos juntas, trocando um beijo rápido.

: - Está ficando frio aqui fora. – Ela comentou com um tom de preocupação, esfregando minhas coxas com a mão direita de forma rápida. – Quer entrar?

: - Não, está bom aqui. – Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. – Você pode começar me esquentando.

: - Olha...

Ela estreitou os olhos, abrindo um sorriso tímido. Eu joguei a cabeça para trás, gargalhando.

: - Você é hilária, Lauren. – Neguei com a cabeça, saindo de seu colo. – Fica maldando o que eu digo. – Me fiz de desentendida, a empurrando para trás na espreguiçadeira, até que suas costas deitassem no encosto. – Eu só ia dizer que podemos ficar abraçadinhas aqui, o que tem de mal nisso?

Fiz beicinho e me coloquei de quatro sobre a espreguiçadeira, me arrastando para o meio das pernas dela, que abertas, esperavam para que eu me acomodasse entre elas.

: - Ainda me impressiono com a sua capacidade de ser cínica, sabia? – Sua voz estava um pouco mais agitada, e ela me envolveu em seus braços com ternura quando deitei minhas costas em seu peito. – Parece que quanto mais me mostra sobre você, mais há para se ver.

: - Há muita coisa em mim para ver. – As pontas de seus dedos acariciavam meus braços, me arrepiando. Lauren depositou um beijo perto da minha têmpora direita, e eu fechei os olhos para me concentrar melhor naquele calor. – E eu quero te mostrar tudo.

: - Tudo?

Mordi o lábio quando seu hálito quente tocou minha orelha através de seu sussurro. Me acomodei melhor em seu corpo, começando uma carícia em seus braços, que me rodeavam. Ela se arrepiou.

: - E mais um pouco.

Abri os olhos, fitando o mar ao fundo e o céu negro, que parecia tocá-lo no horizonte. Tentei lembrar a última vez que me senti tão em paz comigo mesma e não consegui. Tinha tantas coisas que eu não sabia dizer.

Nosso jantar havia sido recheado de flertes e beijos, e depois de muitos amassos no sofá da sala, sentamos na varanda para admirar Copacabana e beber mais vinho. Não conseguia manter minhas mãos longe dela, vez ou outra eu fazia carícia mais íntimas, recebendo olhares de advertência da mulher mais velha que me enlouquecia, e só me fazia querê-la mais ainda. Ela recuava, eu avançava, tirava sua mão das minhas coxas, eu colocava, cheguei a pedir para que ela me deixasse ficar de joelhos ali mesmo na varanda, entre suas pernas, devorando-a como a minha vontade exigia no momento. Lauren me respondeu com uma risada excitada, o rosto vermelho por conta do desejo e do álcool, e me prometeu que eu poderia fazer o que quisesse mais tarde, no quarto. Informei a ela, depois de beijá-la intensamente, que mais cedo ou mais tarde ela iria implorar por mim em qualquer lugar, na varanda ou no quarto, na rua ou em casa. Iria parar de se privar, se conter. Eu disse, com todas as letras, que eu seria aquela que a faria enlouquecer e viver.

: - Quando vai voltar a faculdade? – Ela perguntou depois de permanecermos um tempo em silêncio, apenas nos acariciando e olhando o mar. – Ainda falta muito?

: - Era pra voltar em Fevereiro, mas como estamos em greve, como sempre... – Rolei meus olhos. – Deve voltar no meio de Março.

: - Isso te atrasa, não? Ou eles possuem um plano de estudo para não prejudicar os alunos?

: - Plano de estudo? – A olhei rapidamente, a fazendo erguer as sobrancelhas. – Você tá brincando. – Soltei uma risada e deitei minha cabeça em seu peito de novo. – Isso aqui é Brasil, Rio de Janeiro. Depois da greve começamos normalmente, estudamos até Janeiro e se ficamos de férias um mês é muito. Vai atrasar tanto a minha formatura que já me dá preguiça só de imaginar.

Águas de MarçoDär berättelser lever. Upptäck nu