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Por incrível que pareça. Estar dentro de um ambiente conhecido, meu escritório, me faz me sentir melhor e menos impura, e um pouco menos usada.

Depois de longos minutos chorando e pensando no que irá acontecer quando aquele cara sair daquela sala, ouço batidas na porta.

Não pretendia abrir, já que estou deplorável, mas pode ser a Mery... Então decido me deslocar da cadeira até a porta abrindo-a, em seguida percebendo que o pior ato que poderia ter executado foi esse.

Aquele homem de beleza intimidadora me olha de cima abaixo e eu, mesmo nesse estado de pânico, ainda me senti afetada por seu olhar intenso.

"Você está péssima." diz entrando e fechando a porta do recinto.

Olha se não podia piorar, agora piorou. Obrigada, campeão!

"Péssima escolha de palavras." murmuro e reviro os olhos.

"Foi mal. Eu só não sei bem o que dizer.."

"Então apenas diga porque veio aqui e não diga mais merdas sobre mim." retruco e ele sorri.

O sorriso mais lindo que eu já vi na vida.
E te digo, que se meus hormônios já estavam à flor da pele, agora então.

"O que disse?" pergunta e eu percebo que sou uma anta.

Devo ter falado isso alto demais.

"Nada, nada." digo já vermelha.

"Eu gostaria de saber porque alguém como você deixaria meu pai usá-la como um objeto." diz e eu suspiro umas mil vezes antes de começar a formular uma resposta não tão patética.

"Minha mãe... Ela tem câncer... E bem, esse foi o único emprego que consegui arranjar... Os remédios são caros, o tratamento exaustivo. E eu preciso do emprego para ajudar ela... Mas acho que não tenho mais um emprego, não é?" murmuro sentindo algumas lágrimas queimarem meu rosto

"Eu... Desculpe... Não queria... O emprego continua. Mas por favor, me diga, ele já havia feito aquilo antes? Te tocar, ou te forçar a algo.... pior?" pergunta e coloca sua mão quente em meu rosto, secando as lágrimas com seus dedos.

"Tudo bem. Você não tem culpa... E não me olhe com pena, por favor. E não, ele tentou apenas hoje, na reunião da qual eu saí correndo e esbarrei em você, e depois no escritório dele." murmuro baixinho e retiro sua mão do meu rosto.

Confesso que gostei de seu gesto empático, porém eu mal o conheço.

"Não é pena. É admiração. E obrigado por me contar. Isso não irá mais acontecer." diz ele.

A palavra que ele usou mexeu comigo, eu acho que ninguém nunca me admirou por nada, sabe? E quando isso acontece a gente se sente bem. Ao menos é como estou me sentindo.
E tomara que esteja certo e isso realmente não aconteça mais, eu não suportaria... Ainda não sei como vou olhar para o rosto daquele homem todos os dias.

Quanto a admiração, eu nunca fui a mais inteligente, a mais bonita, a mais aplicada, ou a mais simpática, não tive nenhum título que me rendesse a admiração de alguém. Ou se tive, deve ter me rendido apenas admiradores secretos, dos quais eu nunca soube.

Sua voz me tira de meus devaneios

"Você passou por aquilo à pouco pela sua mãe.... Isso é verdadeiramente uma coisa de se admirar. Você é forte o suficiente para abdicar de algo para que os seus possam ter. "

ele coloca uma mecha de cabelo teimosa atrás da minha orelha.

"Qual seu nome?" pergunta e se aproxima mais de mim. A quase menos que um passo de distância.

Meu Chefe (LIVRO PAUSADO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora