Meu Chefe (LIVRO PAUSADO)

0.2

"Entre Mila" diz a pior voz do mundo quando eu bato na porta da sala do tirano, vulgo meu chefe.

Adentro pela porta e me deparo com uma visão maravilhosa. Claro que não estou falando da pessoa que estava dentro. Mas do escritório em si, ele é realmente perfeito e, por um momento eu fiquei com inveja, mas no segundo seguinte fiquei com raiva pelo Matusalém ter errado meu nome.

"Mia,Senhor... Mia" digo e ele continua sentado em sua mesa enquanto me olha de cima abaixo.

"Isso,Lia. Enfim... Vou ir à uma reunião e a Natasha, que normalmente me acompanha não está disponível para isso, então você mesmo serve." diz e eu me sinto quase na obrigação de soletrar meu nome para ele.

"Mas ao vir para cá eu vi a Natasha conversando com a Leila do financeiro, posso chamar ela para o sen..." começo a dizer mas ele me interrompe.

"Eu a mandei fazer outra coisa, então.... " diz e olha no relógio. " Vamos" e então se levanta de sua poltrona, que me parece muito cara e confortável.

Sigo atrás dele levando comigo alguns dados e papéis que minha amiga Meredith me disse que eu precisaria. Na verdade ela me avisou que ele iria me chamar para ir com ele à reunião, não sei como ela soube, mas ela sempre descobre as coisas antes de todos.

"Ah Bia." se pronuncia meu chefe, antes de abrir a porta da sala de reuniões. "Deveria usar roupas que te favoreçam mais." diz e após isso adentra calmamente no local, sendo seguido por mim, que nesse momento só desejo me matar por ter ouvido algo desse tipo vindo dele.

Ele não tem respeito? Óbvio que não!! Pessoas com dinheiro e hierarquicamente superiores acham que não necessitam disso.

Sua mãe precisa. Sua mãe precisa. Sua mãe precisa.

Repito a frase e mentalizo coisas boas umas quinhentas vezes antes de me sentar na cadeira ao lado do meu chefe, que então sorri.

Acho que vou vomitar.

"Apenas anote o que os favelados disserem e pronto."

O que ele quis dizer com favelados?

Meu raciocínio é interrompido por pessoas que então adentram a sala com pressa. Bom, não são funcionários muito menos acionistas, são, pelo que suponho, pessoas da comunidade mais próxima... Bom o nome não me vem a mente agora. Mas o que elas estariam fazendo aqui?

...

Bom,depois de uma hora de exigências e mais exigências, algumas bem absurdas, os cidadãos da comunidade parecem estar cansados e sem ideias.
A empresa os chamou para um projeto social. Só que pelo que percebi, os respectivos representantes da comunidade que vieram aqui não têm lá muito senso crítico do que pode ou não ser executado.

Ao menos acabaram as exigências "fora da casinha". Glorias.

Mas então um ser sai e adentra novamente na sala com mais três pessoas que por acaso haviam guardado mais algumas idéias absurdas.

Infelizmente, em meio a anotações e mais anotações a minha caneta cai no chão, especificamente para baixo da mesa mas longe o suficiente do meu pé, para que eu alcance.

"Eu pego." diz o monstro... ops,chefe e se abaixa para pegar a caneta.

Então quando ele está voltando para cima ele simplesmente passa a mão por minha coxa e aperta a mesma, subindo mais e mais com sua mão asquerosa.

Eu gelo já que não sei se realmente existe uma reação correta pré-programada para situações abusivas no trabalho, e então simplesmente faço a melhor (ou a pior) coisa que posso para fugir desse momento humilhante...