A origem da questão

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Durante muitos anos, pais e cuidadores (muitas vezes toda a família) de uma pessoa com autismo foram bombardeados


com informações inadequadas sobre as causas do transtorno, que geraram culpa e sofrimento sem propósitos. Entender as


causas do autismo desmistifica uma série de teorias que relacionam a sintomatologia com padrões de cuidados dos pais.


Mesmo após décadas, algumas teorias ainda são usadas por profissionais desavisados, e não é incomum recebermos


mães desoladas por se sentirem responsáveis pelo autismo do filho. Os estudos genéticos nos dão uma boa base para


entendermos a origem do problema.


CAUSAS GENÉTICAS


Cada dia mais ouvimos a palavra genética em nosso cotidiano; os genes estão na ordem do dia, nas capas de revistas,


nas reportagens na televisão e nos diversos meios de comunicação. Provavelmente, nas últimas três décadas a genética


teve um avanço tão grande que podemos dizer que os genes se tornaram algo palpável e rotineiro em nossas vidas.


A história da genética começa com Gregor Mendel (1822- -1884), monge agostiniano, botânico, formado pela


Universidade de Viena, que utilizou modelos matemáticos para falar de hereditariedade. Ele percebeu que características


dos pais eram transmitidas para os descendentes. Seus trabalhos foram desenvolvidos principalmente com ervilhas, que


apresentavam um tipo simples de herança, isto é, um gene transmitia determinada característica; por exemplo, ervilhas


verdes teriam descendentes verdes. Assim, o gene da cor da ervilha seria único. Em 1902, os estudos de Mendel foram


associados aos cromossomos, por Walter Sutton (1877-1916), geneticista e médico americano da Universidade Columbia.


Este percebeu que metade da bagagem genética estava no óvulo da mãe e metade no espermatozoide do pai, os quais


unidos formavam o zigoto, que daria origem ao indivíduo. Assim, uma pessoa teria metade dos genes herdada da mãe e


metade herdada do pai. Hoje sabemos que a combinação dos genes, que recebemos dos nossos pais no momento da


fecundação, vai determinar as nossas características físicas e mentais, tais como a estatura, a cor dos cabelos e dos


olhos, a inteligência e o risco para certas doenças.


Para que o leitor entenda o autismo, é importante explicarmos, mesmo que de forma simples, alguns termos genéticos:


1. Hereditariedade (herança biológica): transmissão de informações genéticas de pais para filhos


na reprodução.


2. Mutação: alteração no material genético, isto é, no DNA. Ela pode ocorrer espontaneamente ou


ser induzida por um agente, por exemplo, medicação ou radiação.


3. Cariótipo: conjunto de cromossomos de cada célula do organismo.


4. Gene: segmento de molécula de DNA que contém uma instrução gênica codificada para a


síntese de uma proteína, ou seja, é a informação que dará origem a uma característica do


indivíduo.

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