Capítulo 6

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 — Nicolas, você já pode me colocar no chão.

— E se você ameaçar desmaiar novamente? Não, vou te colocar no sofá enquanto pego algo pra você comer.

E assim ele fez. Acomodou-me no seu sofá preto com formato em L e foi para a parte onde ficava uma bonita e moderna cozinha.

Era um grande espaço que integrava uma sala de estar, a luxuosa cozinha americana e o que parecia ser a sala de jantar. Em frente ao sofá onde ele me colocara, havia uma imensa televisão fixada na parede. O assoalho era de madeira de cor clara, bem como a parede do ambiente. Na posição em que eu estava, podia observar um sofisticado micro-ondas e uma geladeira duplex, ambos em inox e embutidos num armário escuro.

Logo ao lado da geladeira, uma adega de vinhos climatizada. Uma decoração discreta, masculina e de muito bom gosto. Eu aprovava.

— Catarina, desculpa por ter sido muito impulsivo e ter te beijado assim que te vi, mas eu não aguentei.

Olhei para Nicolas preocupada pela declaração. Será que ele se arrependia?

— Você não precisa se desculpar por nada. O beijo foi devidamente correspondido... Você se arrependeu? — perguntei, insegura.

Ele deu o sorriso mais aberto até agora, onde me mostrava uma linha de dentes brancos e lindos. Anos em consultórios dentários, com certeza.

— Eu não disse que me arrependia — falou, me olhando como se quisesse me despir a qualquer momento — eu apenas achei que deveria pedir desculpas pelo arroubo que tive. Eu sempre soube que você não lembraria tanto quanto eu.

— Eu não entendo você... Como assim? O que acontece entre a gente, Nicolas? Lembro de você ter me falado uma vez sobre meus sonhos e me deu a entender que sonhava também. Como você sabia sobre os meus sonhos? Por que eu sonho aquilo? E o que você tanto afirma que sabe mais do que eu? Deus, que dor de cabeça!

Nicolas me olhou preocupado, mas nada disse. Pegou na geladeira um daqueles sanduíches naturais que já vêm prontos, retirou a embalagem e colocou em cima de um prato quadrado. Ainda com o eletrodoméstico aberto, pegou duas garrafas, levantou-as para mim e perguntou:

— Leite ou suco de laranja?

Que tal a verdade sobre essa loucura toda? Que tal me dizer porque parece que a minha vida toda apenas começou a fazer sentido quando você me abraçou?

— Prefiro o suco de laranja.

— Certo!

Ele encheu um copo longo e redondo com a substância alaranjada e virou para guardar os dois vasilhames. Senhor, o homem devia fazer natação, que costas eram aquelas? Depois que uma parte da minha euforia passara foi que pude perceber como ele estava vestido. Uma calça social preta, com uma camisa cinza de mangas longas e um blazer grafite por cima. Lindo!

Nicolas rodeou a bancada e me trouxe o lanche, colocando o prato, o copo e guardanapos em cima de uma mesinha de vidro, que ficava bem próxima ao sofá. Ele sentou-se no estofado, porém um pouco mais afastado de mim, como se quisesse me deixar mais confortável.

— Coma. Depois que você comer a gente conversa.

— Tudo bem. — Peguei um dos guardanapos e segurei o sanduíche. Dei uma pequena mordida e mastiguei bem antes de engolir. Esperei para ver se o meu estômago reclamaria. Como não ouvi nem uma resposta negativa por parte dele, abocanhei com uma mordida bem maior da segunda vez.

A fome fora despertada e eu comi tudo em questão de poucos minutos. O suco — delicioso diga-se de passagem — também foi consumido rapidamente. Tão rápido, que uma gota escapou pelo canto da minha boca e quando eu pus a minha língua para não permitir que o líquido escorresse, senti os olhos de Nicolas me queimando.

Então eu te vi -  Duologia À primeira vista - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora