Um velho papel de parede estava apenas pela metade, ao lado uma mesinha repleta de garrafas de bebidas vazias. O cheiro de cigarro era forte bem como o de alguma outra coisa desagradável que eu não conseguia identificar. Mas que diabos de casa era aquela? O senhor certinho jamais viria morar num lugar assim, é claro que eu devo estar no apartamento errado! Maldito detetive de meia pataca!

- E então vai ficar olhando feito uma idiota ou explicar o que fazia ouvindo atrás da porta? A mamãe não te ensinou que é feio ouvir atrás da porta garotinha? – Disse uma garota de cabelos espetados e maquiagem pesada. Parecia uma daquelas Punk do final dos anos 70. – E então? O gato comeu sua língua menina? – Me contive para não avançar em cima dela. Garota idiota! Quem ela pensa que é? Na verdade, ela tinha azar por não conhecer com quem estava mexendo. Por outro lado, tinha sorte por eu estar em desvantagem.

- Desculpe. Sabe me dizer se Christopher está aqui? – Perguntei tentando parecer o mais educada possível, embora quisesse mesmo era acabar com aquela cara de deboche dela.

- Christopher? Não conheço nenhum Christopher, então.... – Ela abriu a porta. Super simpática ela. – Já pode sair!

Não, não era possível! Eu vim de tão longe pra acabar assim? Tão rápido! Ah, mas não mesmo! Se eu não estava no apartamento certo rodaria o prédio e não sairia de lá até ter alguma informação, mas antes... já que eu não tinha nada a perder mesmo...

- Meredith tá falando com quem? – Um rapaz magrelo perguntou se aproximando da porta.

- Ninguém. Ela já tá de saída. – A megera afirmou me olhando com certo desdém. Eu estava a ponto de voar no pescoço de gralha dele quando ouvi...

- Eu dobro a aposta! – Não era preciso nem vê-lo pra saber que era ele.

Sem ligar a mínima para a ridícula e o bocó parados na porta, passei por eles em direção aos fundos do apartamento. Uma mesa rodeada de homens em pé não me permitia enxerga-lo, mas eu tinha certeza de que ele estava ali.

- Você está perdendo Uckermann, desista! – Perdendo, como assim perdendo?

Empurrei meia dúzia de brutamontes até conseguir chegar na frente da mesa. Todos me olhavam como se eu fosse um extraterrestre e bem, talvez eu fosse mesmo.

Eu estava pronta pra me deparar com uma mesa de jogo de cartas, menos para isso. Christopher estava sentado de frente para um grandalhão, ambos com os braços empunhados sobre a mesa. Aquilo não ia dar certo, o cara era bem mais forte que ele! Não ia dar certo mesmo!

- Dulce!

- Christopher! – Falamos quase ao mesmo tempo.

Ele vestia uma regata deixando a mostra seus braços que agora eram bem mais fortes do que eram há um ano e meio atrás. Usava também um boné com a aba virada para trás. Afinal eu estava diante de quem? Aquele não é o Christopher que eu conhecia!

- Ora ora quem é a belezinha? – O sujeito interferiu. Ele tinha cara de porco.

- Dulce vem comigo! – Christopher agarra minha mão e me leva pra fora.

- Ainda não acabamos Uckermann!

- Dá um tempo Peter! – Christopher grita e me arrasta através de uma cortina. – Tá legal! – Ele me solta e quase caio. Olho em volta. Era um quartinho simples com uma cama no canto. Mas incrivelmente estava bem arrumado. – O que faz aqui Maria?

Ele sabia que eu detestava que me chamassem assim. Ao mesmo tempo, ele sempre me chamava assim quando estava irritado.

- O que você acha? Rodei quase mil quilômetros desde Monterrey pra vim fazer turismo no bairro mais perigoso de Houston! Que pergunta idiota hein... Uckermann! – Fiz questão de usar o mesmo tom que o grandalhão lá de fora!

OrgulhosaWhere stories live. Discover now