Bom vizinho...

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James

Meus olhos veem mas decidem não acreditar que estou frente a frente com meu Anjo novamente, ela é ainda mais bonita do que lembrava.

Há um mês venho tentando encontrá-la, voltei por diversas vezes aos arredores do mercado onde a encontrei naquele fim de tarde, esperei, perguntei aos funcionários por ela e nada, nenhum sinal da bela Angelina. Fiquei me perguntando como poderia alguém com tamanha beleza quanto a dela, passar despercebida aos olhares dos outros, ou apenas eu consegui enxergá-la de verdade?

Tudo bem que aquele é um supermercado onde várias pessoas devem passar por lá ao longo do dia, mas ela é única, aqueles olhos azuis não podem entrar e sair sem que ninguém os note.

Para o meu total desespero é a mais pura verdade, como consegue? É um mistério, ou ela entrou naquele portão e lá ficou, nunca estando no jardim com as demais, mas essa parte eu já sabia, afinal, a ela mesma havia me dito, na nossa breve conversa, que preferia ficar dentro do internato lendo.

Estive ao longo dos últimos dias, observando as várias garotas que por ali passavam, de longe, sem chamar atenção, elas riam e se divertiam como todas as adolescentes costumam fazer, não sei há quanto tempo estive parado olhando, até que vejo meu Anjo de olhos azuis sair pela porta da frente e seguir para a parte mais vazia do jardim. Espero por mais ou menos uns dez minutos pensando em como devo abordá-la, nada me vem à cabeça, só a insistente vontade de ouvir sua voz doce novamente e ver seus olhos se arregalarem como se tivesse um grande segredo escondido, como fez depois que acordou, após o acidente.

Caminho em sua direção e paro junto a grade. Ela está bem ali, quase escondida do mundo, está lendo, parece bem concentrada na história do livro que tem nas mãos, por alguns minutos a observo sem que ela perceba, então como se sentisse a minha presença, olha por cima do ombro e novamente sou atingido pela profundeza do seu olhar.

— Veja só quem finalmente encontrei, Angelina, que prazer voltar a vê-la! — Tento ser o mais naturalmente possível. Como esperado, seus olhos se arregalam e o prazer que sinto ao perceber que a afeto é indescritível.

—Ja ... James? — Ela gagueja meu nome, o que a deixa ainda mais linda, sinto uma vontade terrível de acabar com seu nervosismo.

"James, James, ela é só uma menina, está maluco?"

Repreendo-me por ter tais pensamentos.

— Desculpe-me por interromper sua leitura. — Ela rapidamente fecha o livro, levanta e se coloca de frente para mim e sou atingindo pelo seu aroma floral.

Sei que se não fossem as grades que nos separam, a tocaria para sentir a maciez da sua pele novamente.

— Tudo bem! Como vai?

— Bem, nunca mais a vi, não tem saído muito para além desses muros, não é mesmo? — Sorrio tentando parecer desinteressado.

— Só quando preciso, mas geralmente não saio mesmo.

Ficamos apenas nos olhando por alguns instantes, eu com um debate interno comigo mesmo sem saber se devo tomar uma atitude ou se me despeço dela, deixando com que siga seu caminho sem a minha interferência. Não quero ser o motivo de mais dor ou tristeza.

Seu jeito ingênuo me faz inferir que ela não tem nenhuma experiência no quesito romance ou outras coisas, o certo seria guardar minhas vontades e deixar para lá, porém, antes de tomar a decisão certa, meus lábios estão em movimento fazendo a proposta.

— Você quer sair comigo, podemos andar de moto novamente, fiquei com a impressão de que se divertiu no outro dia. Ou podemos apenas tomar um sorvete. — Que conversa mais sem graça essa minha, pareço um adolescente bobo que nunca convidou uma garota bonita para sair.

— Não acho que seja uma boa ideia. — Ela retorce o nariz de uma forma adorável. — Nem é permitido, na verdade! — Morde o lábio indecisa e meu desejo por ter os meus dentes ali só aumenta.

— Não me diga que você sempre segue as regras? — Provoco-a um pouco e logo me repreendo por ser um cretino impulsionado pelos hormônios enlouquecidos, quando ela abaixa a cabeça e cora levemente.

— Eu tento segui-las, mas nem sempre! — Seu sorriso sapeca me faz chegar à conclusão que, se ela tenta, quer dizer que ainda assim quebra algumas.

— Não mereço que quebre uma delas por ao menos uma vez? — Pergunto e a vejo engolir em seco e umedecer os lábios, isso faz meu desejo por senti-los nos meus aumentar ainda mais.

"Vamos Angelina, jogo comigo Anjo."

Darla

Não consigo acreditar que essa pessoa, a mesma que tem estado cada vez mais presente nos meus sonhos e fantasias acaba de me pedir para quebrar as regras do internato e sair com ele. Se bem que eu poderia conseguir uma autorização facilmente, mas quero fazê-lo acreditar que sou a super correta, de alguma forma a conversa com Eve me deu uma nova perspectiva de futuro, com isso também a coragem que até então desconhecida.

— Vamos Angelina, só um passeio, Anjo. — Adoro quando me chama de Anjo, durante todo o mês que passou fiquei fantasiando como seus lábios apetitosos se movimentariam para pronunciar essa palavra.

— Só um passeio e apenas uma vez, nada mais que isso, ok? —Digo para tentar disfarçar o quanto estou ansiosa para sair com ele.

— Apenas o que você quiser, palavra de escoteiro! — Ele levanta a mão e sorri, minhas pernas ficam bambas só de imaginar ter a oportunidade de sentir seus músculos bem definidos novamente ao toque das minhas mãos.

— Você alguma vez já foi escoteiro? — Estreito os olhos.

— Eu... bem... não! — Coça a cabeça e finge estar constrangido o descarado.

Penso por alguns segundos, dando a entender que estou em dúvida, sei que ele deve ter a sua disposição a mulher que quiser, é bonito e sabe conversar sem aqueles papos cretinos que sei que a maioria dos caras tem. Sei disso pelas centenas de livros que já li, não por ter vivido.

— Tudo bem, James, uma vez e ponto. Esteja me esperando as nove em frente a lanchonete que fica dois quarteirões daqui.

— Certo, Anjo!

Ele estica a mão atravessando as grades e toca no meu rosto, fazendo um carinho na minha bochecha, inclino a cabeça um pouco para sentir mais o toque de sua mão suave em mim.

Faço que sim com a cabeça, ele sorri antes de se afastar das grades, eu continuo ali ainda o vendo seguir caminhando, até que ele desaparece do meu campo de visão. Não acredito que acabei de concordar em sair com ele à noite.

Suspiro e vou me preparar para enfrentar Eveline pela segunda vez em um dia, rezo para que Daia não decida voltar de viagem logo hoje, ela é mais difícil de convencer a me deixar sair, ainda mais se eu contar que é para um encontro.

Como previsto não foi fácil convencer Eve, mas no fim, ela acabou cedendo, eu entendo o seu lado, enquanto estiver morando no internato, sou responsabilidade deles, mas o fato de estar nos meus últimos como interna ajudou bastante, pediu apenas para que eu saísse pelos fundos, assim não chamaria a atenção das demais.

Fiz exatamente como me pediu, após o jantar esperei que todas se dispersassem para fazer algo, fui para à cozinha e saí pelo portão por onde os funcionários entram e saem, o mesmo que dá acesso ao beco ao lado.

Nove em ponto chego em frente à lanchonete do Barney, o irmão de Joana, nossa cozinheira. Antes mesmo de atravessar a rua o vejo encostado na sua Harley preta, meu coração dá uma guinada, apego-me a todos os santos para que essa noite não acabe onde minha mente nada santa imagina.

O  Vizinho...  Desgustacao (Na Amazon)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora