Jeysel - Relato Angelical

Como Farei?

Nossa! Que lugar nojento... achei que poderia pousar em um beco tranquilamente, mas esse cheiro que me envolve entupindo minhas vias nasais é horrível. Tudo o que posso ver é um latão de lixo ao meu lado e mais lixo espalhado pelo chão, os ratos que andam pelos cantos escuros sem que ninguém veja deixam um som agonizante e estridente que me torturava a alma, ao lado esquerdo, no alto, uma escada de ferro enferrujada pela água e um cheiro devastador de pixi a circundava.
Não me lembro de a Terra ser tão suja como agora, a humanidade tem machucado o planeta de uma forma tão grande que dá até vergonha de dizer que eu tenho muito deleite em trabalhar nela. Quando a vi do espaço parecia tão bela, tão encantadora que qualquer outro planeta com vida ficaria com inveja dela só de ver, mas isso não aconteceria por que não existe pecado em outros planetas, os habitantes da Terra foram os únicos tolos à cair na armadilha de Sab-han.

Já estou no lugar onde a Srtª Clara passa todos os dias para ir para a escola, preciso apenas pensar como farei para conseguir a amizade dela, geralmente usamos de hipinose para que pensem que já nos conhecemos e somos amigos à tempos, mas do modo que o Senhor superior descreveu a importância dela, creio que Ele não iria gostar nem um pouco se simplesmente usasse a hipinose com ela, então não usarei.

Mas se não usar, como poderei me aproximar dela? Essa incógnita persistia em manter-se na minha mente e eu sem saber o que fazer fiquei, de certo modo, amedrontado com o que poderia acontecer de errado. Enquanto ando pela rua onde deveria espera-la passar fico me forçando à encontrar uma resposta pra este mistério e...

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não acredito! Acabo de vê-la, ali está ela, sentada num banco, seu vestido azul claro que a fazia parecer ainda mais com um verdadeiro anjo, suas pernas cruzadas apoiavam um livro que, pelo que posso lembrar era de suspense, estava tão concentrada na leitura que parecia nem piscar. Uau... está ainda mais deslumbrante do que na foto que o Senhor superior havia me mostrado, agora com movimentos calmos que fazia enquanto foleava as páginas do livro pude admirar seus cabelos que cintilavam com a luz do sol que refletia.

"como irei falar com ela?" pensei. Minhas mãos começaram a suar e minhas pernas bambearam. Comecei a tremer de uma forma inacreditável, como um garoto quando se depara com seu primeiro amor.
De qualquer forma, preciso falar com ela uma hora ou outra, afinal, este é meu trabalho.

Um grupo de quatro garotas da mesma idade que a Srt. Clara se aproximaram dela, uma morena de cabelos lisos com uma maquiagem que, particularmente achei exagerada, outra loira e alta que era incrivelmente magra, o que fazia seu corpo ser desproporcional, a terceira que tinha cabelos cacheados ruivos, tão lindo quanto o da Srt. Clara e a quarta... Como assim? Será que estou vendo duplamente? parece exatamente com ela, com exceção do vestido preto acima do joelho que a outra usava, seria impossível diferenciar as duas, talvez esta seja a irmã gêmea da Srt.
A morena chamava-se Miryan, a loira, Raquel, o nome da ruiva era Celeste e a gêmea se chamava Carmen.

Raquel chamou todas para irem à uma sorveteria, Clara fechou o livro, se levantou e todas entraram num lugar onde a parede verde em volta chamava muita atenção e no centro, vi um slogan bem grande que dizia "Paz, amor e sorvete".

Tive uma ideia! Posso usar a hipinose com uma de suas amigas e fazer ela me apresentar à Clara, esta foi a única maneira que encontrei para me aproximar dela. Ótimo, já arranjei um jeito de chegar perto dela, preciso saber agora como irei conquistar sua amizade, a melhor coisa a fazer agora é improvisar, e é o que vou fazer.

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