Ela soltou um gemido.

– Eu tenho meus motivos pra não contar, Hugo. – Ela argumentou. – Vai por mim, será melhor assim.

Ficaram em silêncio mais um tempo. Foi inevitável para ela se recordar de alguns flashes da infância: ela até poderia ser a irmã mais velha, mas, estranhamente, era Hugo quem sempre tinha uma palavra de apoio para ela quando mais precisou.

– Você vai ir me visitar, lá na França? – Ela soltou, encarando o irmão. Tinha conseguido parar de chorar.

– É claro que eu vou. – Respondeu ele, fingindo ultraje. – Acha mesmo que Lily ou a nossa mãe não vão me obrigar a ver você pelo menos uma vez por semana? É a favorita de todo mundo na família!

Ela recebeu o cafuné nos cabelos com uma careta.

– Quase todo mundo. – Ela salientou, lembrando-se repentinamente de Ron. As coisas que ele tinha lhe dito parecia que tinham sido gravadas a ferro em seu coração. – Acha que um dia ele vai conseguir me perdoar?

Ele demorou alguns instantes pra responder, mas quando as palavras surgiram, ele as disse com um sorriso de canto nos lábios:

– Tudo passa nessa vida, irmãzinha. Até mesmo as birras do papai. Ele não tem nada pra te perdoar, ninguém tem. E um dia, você vai ver, ele vai se dar conta disso.

**

Eram mais de duas horas da tarde quando Scorpius e Albus aparataram no St. Mungus. Rapidamente, Potter se esgueirou pelos corredores, pedindo pra que ele esperasse alguns minutos na recepção. Daquela vez, ele obedeceu.

– Precisa falar com a Dra. Wood, Sr. Malfoy? – A voz da recepcionista chamou sua atenção, o reconhecendo.

Mandy. Droga. Tinha se esquecido completamente dela. Sentiu um frio subir pela espinha e o suor escorrer por trás da nuca quando lembrou-se que, durante a última conversa deles, ele havia sido um grosso com ela. Precisava resolver aquilo também. Por mais que Mandy estivesse passando por um momento difícil, ele não estava sendo justo. Precisava contar a verdade a ela. Toda a verdade. Inclusive aquela que tinha relação com seus próprios sentimentos.

– Não Srta. Sawyer. – Ele respondeu, tentando adquirir uma postura profissional. – Estou aqui a trabalho.

A mulher loira cheia de cachos, então, lhe sorriu e voltou aos seus afazeres. Ele ficou mais um tempo ali, até que, pelo corredor, ele viu Potter passar, escoltando o tio possivelmente para a cafeteria do hospital. Scorpius ficou apreensivo. E sua ansiedade só aumentou quando Albus retornou, daquela vez sozinho, lhe entregando um crachá com a palavra "visitante" escrito em vermelho:

– Posso te dar mais ou menos quarenta minutos. – Potter anunciou rapidamente. – E depois disso, não esqueça, temos a reunião com seu pai. Sobre o castelo. Ela está no quarto 436.

Scorpius apenas assentiu, Albus tinha falado sobre aquela reunião com Draco Malfoy pelo menos três vezes naquele dia. Em seguida, viu a cabeleira indomável do auror, sumir pelos corredores, o deixando mais uma vez sozinho.

Lentamente, ele tomou o caminho que o levaria até o quarto andar, onde estava localizado o departamento de danos causados por magia.

Albus tinha lhe dito que o caso de Rose tinha estabilizado, mas que, mesmo assim requeria cuidados. Ele estava, inegavelmente, muito nervoso. Seu coração parecia prestes a saltar pela boca enquanto andava pelos corredores. Estava ansioso, talvez um pouco neurótico. Tinha um pouco de medo do que encontraria pela frente. O medo do desconhecido.

Secretamente, Scorpius Malfoy estava com medo de si próprio porque ele não sabia como se comportaria com ela agora que tinha entendido o seu lado naquela história toda.

Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)Where stories live. Discover now