Música do capítulo: Slipped Away, Avril Lavigne
I've had my wake up
Won't you wake up
I keep asking why
And I can't take it
It wasn't a fake it
It happened you passed byO sol não se ergueu naquela manhã, talvez porque ele também estivesse se escondendo, tal como Hermione Weasley fazia.
Não estava com o menor sono, mas não queria levantar da cama. Não havia pregado os olhos a noite inteira, e mesmo não o estando com vontade de fazer naquele momento, não queria levantar e encarar a realidade.
Não queria recepcionar as pessoas que certamente viriam a sua casa. Não queria ver o marido com os olhos vermelhos pelo choro, ou a neta, com os olhos perdidos pela sala, sem entender nada do que acontecia. Não queria intermediar a relação perigosa entre Rose e Ron. Não queria supervisionar como o café estava sendo servido ou ouvir os lamentos e os muitos "eu sinto muito" que certamente ouviria.
Sobretudo, Hermione Weasley não queria encarar o que a esperava no centro da sua sala de estar. Ela não queria encarar o corpo morto do filho. Não queria ver os seus olhos fechados, tendo a certeza de que eles não mais iriam se abrir.
A única coisa que ela queria naquele momento era saber o porquê.
Lutou boa parte da sua vida para que seus filhos e netos pudessem ter uma vida e uma juventude tranquila da qual ela não conseguiu usufruir. Lutou ao lado de Harry Potter e Ronald Weasley – e mais uma porção de outros bruxos tão bons quanto – para que o mal fosse derrotado e a paz pudesse ser devolvida o mundo, no entanto, ali estava ela agora: se sentindo inútil, como se todos aqueles esforços tivessem sido em vão. Eles não impediram o seu mundo de ruir.
Seu filho havia sido assassinado. Morto em praça pública como um cordeiro para o sacrifício. O assassino? Era desconhecido. Ninguém parecia ter visto o bruxo que disparou aquele feitiço certeiro no meio do Beco Diagonal.
Ela estava destroçada e com o coração tão esmigalhado como apenas uma mãe conseguia ficar. Não fazia nem ideia de porque ainda respirava ou como ainda estava viva. A dor que sentia era insuportável. Como podia ainda estar de pé?
Ela não sabia, talvez nunca encontrasse a resposta.
Ela continuou ali, deitada com a barriga para cima e com os olhos esbugalhados. Talvez esperando uma explicação, ou, ainda, apenas que a morte viesse e a levasse também. Seus olhos apenas se fecharam quando ouviu outra vez algumas batidas incessantes na porta.
Naquele dia, ninguém convenceria Hermione Weasley a descer para velar o corpo do filho tão amado.
**
- Não adianta, ela não vai descer. – Sentenciou Gina Potter, ao entrar na cozinha abarrotada de mulheres, todas elas da família.
Alguns murmúrios foram ouvidos, principalmente de Fleur, mas a maioria deles foram discretos. Embora elas não concordassem com atitude de Hermione, não seriam elas a discordarem.
- Eu fiz um chá. – Victoire ofereceu, enquanto carregava com dificuldade uma jarra cheia de líquido fumegante. A barriga estava pontuda, quase estourando. – Acham que eu deveria subir lá e ver se tia Hermione quer?
A pergunta foi feita para quem quisesse responder, mas foi a senhora grande e velha, sentada na parte mais escura do recinto, quem respondeu.
- Parem de importunar Hermione. – Molly falou, denotando de melancolia as suas últimas palavras. – Tudo o que uma mãe quer nessas horas é ouvir o silêncio do seu próprio coração. Leve esse chá para suas primas, elas devem estar no quarto de Rose com ela e a minha bisnetinha.
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Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)
FanfictionRose Weasley e Scorpius Malfoy seguiam por caminhos separados desde o final do sétimo ano, quando Malfoy terminou o curto romance que tiveram porque precisava viajar para a Alemanha. Anos mais tarde, os dois voltam a se encontrar, mas dessa vez a We...