VIII - Pais e Filhos

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Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não te entendem
Mas você não entende seus pais

- Mamãe! Mãmãe! – Summer entrou correndo na cozinha onde Rose terminava de arrumar algumas coisas. – Onde está o meu uniforme Weasley?

Rose riu com a palavra empregada pela filha. Molly havia tricotado um agasalho para a sua pequena bisneta, peça obrigatória para todos os membros da família, e Albus comentou com Summer alguma vez que o blusão dourado com uma letra W enorme era o uniforme que todo mundo usava nos almoços em família. E Summer tinha colocado na cabeça que aquela era uma verdade absoluta.

- Eu o lavei querida. – Rose explicou. – Está em cima da sua cama.

Sem pensar duas vezes, Summer desapareceu para dentro do quarto e Rose suspirou.

Era domingo e, por alguma razão, suas tias tinham inventado um almoço de família na casa de sua velha avó. E ela não podia estar mais desanimada.

Não estava querendo olhar nos olhos do pai, e nem ver a pena de seus tios e tias emanando de seus poros cada vez que ela cruzava com um deles. Mas ela não teve muita opção porque Gina soube jogar muito bem ao convidar Summer primeiro. E ela sabia que Rose seria incapaz de negar a filha qualquer coisa que ela quisesse e que fosse lhe fazer bem.

**

Domingo também era dia de almoço na casa dos Malfoy.

Astoria, por alguma razão que Draco ainda não tinha entendido, tinha resolvido chamar Scorpius e Mandy para almoçarem. Era tudo muito estranho porque Draco sabia que, apesar de gostar muito do filho e da quase-nora, a esposa detestava cozinhar ou receber qualquer pessoa para as refeições. Claramente, ela queria arrancar alguma informação de um dos dois.

E Scorpius estava muito esquisito... Parecia que tinha voltado a ser criança.

Draco não poderia ter estranhado mais quando viu o filho chegar na sexta-feira a noite, anunciando que dormiria em seu antigo quarto, que, aliás, era onde ele estava enfurnado até agora, quase perto de o almoço ser servido.

Assim como Astoria estava tendo uma conversa de mulheres com Mandy na cozinha – que ele não ousaria interromper nem em mil anos – talvez estivesse na hora de ele também ter uma conversinha com Scorpius. De pai para filho. Como nos velhos tempos.

**

E lá estava ele, trancado entre as paredes verdes de seu antigo quarto.

Eram milhares os pensamentos que o invadiam, a maior parte deles, saudosista com relação a sua adolescência e à época em que estudou em Hogwarts.

Pouca coisa tinha sido mexida, Scorpius percebeu. Até mesmo o seu exemplar de O Livro Monstruosos dos Monstros se encontrava no mesmo lugar em que ele deixara – debaixo da escrivaninha, depois que ele recebeu um ataque gratuito por ser um idiota.

Estava deitado na cama, com a barriga para cima e sem camisa. Tinha os braços presos atrás da cabeça e encarava o teto encantado do quarto, seus olhos rolando vez ou outra para as antigas tabelas de campeonatos de quadribol que ele tinha pendurados por ali. E teve saudades de quando o seu maior problema foi ver o seu time perder para o Chuddley Cannons.

Naquele momento, ele tentava recordar Hogwarts e de um pouco de tudo aquilo que viver aqueles anos naquele castelo representou.

Teve alguns problemas no primeiro e segundo ano por causa das coisas que o seu sobrenome já tinha feito, é claro. Mas ele era inteligente e, afinal de contas, um bom sonserino. Não demorou muito para que as pessoas começassem a respeitá-lo.

Sweet Child O'Mine (Rose e Scorpius)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora