Capítulo XIV

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              – Ana, tome isso aqui. Vai lhe fazer bem. – aconselhou Tina ao entrar no quarto e encontrar sua amiga ainda em estado deplorável, recostada na cabeceira da cama, sendo confortada por Crow. – É um chá de camomila.

– Tina, por favor, cuide dela.

– Aonde vai? – perguntou Ana ansiosa.

– Vou tomar algumas providências para nossa partida para a Inglaterra o mais depressa possível.

– O quê? Vocês mal acabaram de chegar e já querem partir? – surpreendeu-se Tina.

– Ana estará mais protegida das garras daqueles dois se for para a casa do tio que mora na Inglaterra. Não imaginava ter que partir tão cedo, mas as circunstâncias não me deixam escolha.

– Mas o Highlander ainda não está pronto. – argumentou Ana.

– Essa é uma das providências que tenho que tomar.

– Nós podemos protegê-la aqui, Crow. – disse Tina.

– Talvez, mas não sei por quanto tempo. Quem me garante que esse Cristóbal não tem uma esquadra pronta para nos atacar e fazer de Ana sua prisioneira. Castilhos não está trabalhando para ele apenas por um punhado de moedas de ouro.

– Se ele continua a ser o jogador de antes, não deve ter uma fortuna tão grande assim. E quem garante que vamos encontrar meu tio Boyle e que ele nos dará abrigo? Além disso, você pode ser preso ao voltar à Inglaterra.

– Nós já tínhamos conversado a esse respeito, Ana.

– Não, eu disse que voltaríamos a conversar depois.

– Mesmo que não o encontremos ou que ele não queira saber de você, em terras inglesas você estará protegida, pois nenhum navio espanhol civil se atreverá a invadir águas inimigas. Quanto a mim, darei um jeito. – insistiu.

Enquanto ela pensava em contra argumentar, ele lhe deu um beijo rápido e despediu-se, dando ordens expressas para que Tina não a perdesse de vista.

– Nigel... – Chamou seu nome recebendo apenas um olhar carinhoso, mas decidido, antes de desaparecer pela porta do quarto.

– Acho que ele tem razão, Ana. – consolou-a Tina, assim que Crow fechou a porta. – O Highlander é veloz, e conta com oito canhões e uma tripulação de mais de vinte piratas, acostumados a lutar, para defendê-la. Logo você estará em segurança na Inglaterra.

– Eu gostaria tanto de ficar aqui em Eleuthera e esquecer todo esse passado...

– Nada impede que vocês voltem para cá depois que passar o perigo. É só uma questão de tempo até esse duque ver que você não é um risco para o poder e a riqueza que ele tanto preza. Se é que é apenas isso que ele deseja...

– Não entendi.

– Nada. Bobagem minha. Melhor tomar o chá que eu trouxe e que está ficando frio. Acho intragável chá de camomila frio... argh!

A careta feita por Tina foi tão engraçada que Ana não resistiu e acabou por rir, esquecendo da insinuação feita. Em seu íntimo, Tina lembrava o olhar do tal Cristóbal quando ele colocou os olhos sobre Ana. Não era exatamente o olhar de um tio ou de alguém que desejava simplesmente desfazer-se dela. Ela conhecia muito bem aquele olhar de cobiça de um homem por uma mulher. Entretanto, achou melhor não colocar mais uma preocupação na pobre cabeça torturada de sua amiga.

O Corsário ApaixonadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora