O Guerreiro Negro [RETIRADO dia 4/10] [CONCLUIDO]

Entregue

Kristal sentiu um calafrio percorrer a sua espinha. Ela não soube distinguir o que a fez despertar, mas ao abrir os olhos a imagem de sua irmã chorando lhe veio a mente. Ela se ergueu do chão e caminhou ate a janela, a qual era iluminada pelo fogo da lareira do quarto.

–Mary, por favor esteja bem. – Kristal implorou aos céus ao fechar as suas mãos e começar uma oração.

Brian abriu os olhos ao escutar alguns murmúrios no quarto e não demorou para ver uma silhueta em frente a janela. Ao vê-la tão concentrada não conseguiu pensar em nada que não fosse em tê-la em seus braços. Levantou-se da cama e caminhou silenciosamente ate onde ela estava. Segurou em sua cintura, enquanto beijava-lhe o pescoço. Ele a sentiu ficar rígida, mas não se importou. Apertou a cintura dela forçando-a a aproximar os seus corpos. Kristal fechou os olhos esperando pelo inevitável, mas ele apenas a beijou delicadamente no pescoço, no ombro descendo em direção as suas costas. Em um único gesto a fez se voltar ficando de frente para ele. Brian observou os seus olhos e viu medo neles. Apenas por aquela noite ele prometeu a si mesmo ser gentil com ela.

Ele sorriu levemente antes de beijá-la nos lábios. Um beijo cálido e terno. Ele acariciou o corpo dela e sem que percebesse Kristal gemeu levemente.

Kristal assustou-se com a intensidade das caricias de Brian e com a sua gentileza. Ela não sabia do que mais tinha medo, se era de sua brutalidade ou gentileza. Ao perceber que estava respondendo as caricias de Brian ficou sem reação. Para ela, aquilo não fazia sentido algum. "Como posso sentir isso por alguém que me violentou?" indagou-se em pensamento ao fechar os olhos.

–Apenas se entregue – Brian murmurou próximo em seu ouvido antes de carregá-la em seus braços, fazendo dar um grito de susto. Ele sorriu e a levou em direção à cama. – Esta noite não irei lhe maltratar – disse ao deitar-se por cima dela – o seu pagamento por cuidar de mim será este. Irei lhe mostrar como uma mulher pode ter prazer na cama – antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ele tomou os seus lábios beijando-a de forma apaixonada.

Kristal tentou resistir. Tentou empurrá-lo, mas suas mãos pararam em seu tórax e pela primeira vez o sentiu. Sentiu o quanto os seus músculos ressaltavam quando ele se apoiava na cama, percebeu o quanto o seu olhar estava escuro, mas não com um brilho estava. O seu olhar estava límpido. "Como um mar antes da tempestade" pensou ao sentir as mãos dele subirem pela sua coxa, neste momento todas as cenas de sofrimento vieram a sua mente. O seu corpo enrijeceu-se e a sua vontade era de gritar e empurrá-lo para longe.

–Apenas fique calma... – Brian murmurou em seu ouvido. Ele não sabia por quanto tempo conseguiria controlar o seu desejo de sofrimento, mas por principio decidiu-se por dar uma noite de prazer a ela. "Apenas porque ela me salvou"ele pensou ao acariciar as suas pernas de forma sensual. Mesmo sobre o protesto inicial do corpo dela, Brian percebeu que aos poucos ela estava entregando o seu corpo a ele.

***
Kristal não conseguiu adormecer, pois o remorso e a vergonhava inundavam a sua alma. Ela não conseguia se perdoar por ter se deitado com o homem que tanto desprezava de forma tão inebriante. Desde o momento em que Brian havia a tocado com delicadeza acabou deixando o seu corpo falar. Apesar do prazer que sentiu a dor ainda estava penetrada em sua alma. Kristal estava decidida a encontrar com a sua irmã para em seguida deixar aquele mundo. O que havia acontecido era o sinal mais claro que não era digna de estar de frente para a sua família. A lua já havia deixado o céu, mas para Kristal a escuridão estava apenas começando. Olhou para o lado da cama e viu Brian deitado de bruços. Observou algumas marcas em suas costas, mas deu de ombros em seguida. Com cuidado, saiu da cama pegou o seu vestido do chão e encaminhou-se para a porta. Ela sentia a necessidade de se afastar de Brian. Queria sentir uma falsa liberdade antes de olhar em seus olhos novamente. Inquieta, caminhou pelos corredores prestando atenção a sua volta e foi em direção ao jardim. O único lugar em que sentia-se bem.